Sobreviventes do passado: saiba quantos orelhões existem em Brusque e quais ainda estão ativos
Dados de Botuverá e Guabiruba também foram divulgados pela Anatel
Na era da tecnologia avançada e comunicações móveis instantâneas, os orelhões, telefones públicos do passado ainda encontram espaço em Brusque. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ainda há 46 deles em Brusque, dos quais oito estão ativos e funcionando.
Os orelhões, icônicos dispositivos de comunicação pública que dominaram as ruas nas últimas décadas, agora são raridade. Em 2010, eram mais de 500 existentes, número que foi diminuindo gradativamente ao longo dos anos. Entretanto, em Brusque, ainda é possível encontrar alguns desses sobreviventes resilientes em diferentes pontos estratégicos da cidade.
Vale lembrar que a maioria deles já está desativado. Dos 46 que ainda existem em Brusque, a Anatel informa que apenas oito estão ativos. Porém, embora possam ser classificados como ativos, é possível que não estejam mais na mesma localização ou que não funcionem mais.
Dos que foram testados pelo jornal O Município, apenas os orelhões da rua América (frente da Escola Oscar Maluche), no bairro Steffen, e um que fica no interior do Stop Shop funcionaram.
Cidades vizinhas
Segundo uma tabela divulgada pela Anatel, é possível acompanhar os números de orelhões existentes nos municípios de Brusque, Guabiruba e Botuverá desde dezembro de 2010.
Guabiruba, que já chegou a ter 107 orelhões (2012), hoje possui apenas 9. Desses, apenas dois ainda estão ativos. Já Botuverá já chegou a ter 29 (2010 até 2018). Atualmente, existem apenas 8. Desses, somente um é considerado ativo.
Brusque chegou a ter o maior número entre as cidades (554), porém, ao longo dos anos, também foi diminuindo. Hoje conta com 46 orelhões e apenas 8 ativos. A queda maior foi registrada no ano de 2019, quando saiu de 477 orelhões para 72. No mesmo ano Guabiruba foi de 105 para 13 e Botuverá de 29 para 7.
História
Desde a sua introdução na cidade no final dos anos 80, os orelhões se tornaram parte integrante da história local. Testemunharam a evolução da sociedade e presenciaram momentos marcantes, como o auge das chamadas telefônicas de longa distância e a transição para o mundo digital. Eles eram a salvação para quem precisava fazer uma ligação urgente enquanto estava fora de casa.
“Me lembro de ficar sem bateria e ter que ligar ‘a cobrar’ para minha casa. Era minha salvação. Cada esquina tinha um orelhão e os cartões eram vendidos em todos os lugares. Não sinto saudade pois hoje tudo é mais prático, mas foi uma época divertida”, conta Fabiola Saija, moradora do Santa Terezinha.
Ao longo dos anos, o avanço dos telefones celulares gradualmente tornou os orelhões obsoletos. Muitas dessas estruturas metálicas foram removidas de Brusque, deixando apenas lembranças e espaços vazios nas calçadas.
A permanência dos orelhões pode ser atribuída a um misto de saudosismo e utilidade. Para algumas pessoas, esses dispositivos são como relíquias do passado, símbolos de uma época em que a comunicação era mais “física” e menos virtual. Há quem os admire como peças de museu, gerando até mesmo fotografias nas redes sociais.
“Eu me lembro de colecionar cartões telefônicos para utilizar no orelhão. Foi uma época marcante na história da comunicação. Hoje não uso mais, porém, quando vejo um na rua, é nostálgico”, diz Cristian D’ávila, morador do bairro Santa Rita.
Além disso, os orelhões ainda oferecem uma função prática para alguns moradores e visitantes de Brusque. Embora existam pouquíssimos na cidade, em situações de emergência, quando a bateria do celular está descarregada ou quando a cobertura da rede móvel é fraca, essas estruturas ainda podem ser úteis.
Assista agora mesmo!
“Não tem lugar parecido”: como Botuverá tornou-se caso raro de preservação do dialeto bergamasco no mundo: