Sociedade Beneficente marcou época com grandes eventos
No seu auge, instituição chegou a ter 1,2 mil sócios, a maioria ligado à fábrica Renaux
A Sociedade Beneficente, uma das mais tradicionais de Brusque, chegou a ter 1,2 mil sócios em seu período mais movimentado. Muitos deles eram trabalhadores da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux e foram responsáveis pela criação da entidade do bairro Primeiro de Maio, segundo o atual presidente Francisco de Souza.
Ainda antes da organização em torno da Sociedade Beneficente, em 1929, o presidente destaca a mobilização de trabalhadores por um espaço de lazer e práticas esportivas próximo das fábricas. A movimentação, ressalta, levou à formação da antiga Sociedade de Ginástica Pomerânia, já extinta.
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O nome era uma homenagem à região de origem dos trabalhadores alemães da indústria local. Eles utilizavam o salão que seria da Sociedade Beneficente para jogar vôlei. De acordo com Souza, a história da entidade, do bairro e da fábrica de Carlos Renaux estão muito ligadas. Com o crescimento gerado, os eventos de Natal e Páscoa ganharam o reconhecimento que a faz se manter em atividade até hoje.
Passado glamouroso
Antes de se chamar “Beneficente”, o nome oficial era “Beneficiente”. A correção do estatuto antigo foi realizada em 2009. Ainda com o nome antigo, os eventos de gala eram esperados por sócios e personalidades da época. Apesar de ter a maior parte de seu quadro social composto por operários, as atividades organizadas eram atrativos para visitantes de diferentes bairros da cidade.
As maiores edições ocorreram na década de 1960. Na época, o Baile de Gala de Natal era um dos principais eventos da região. “Só se entrava de terno e gravata”, lembra o presidente. O protocolo era rígido e era preciso manter os adereços, pelo menos até a meia-noite.
A infraestrutura era diferente da atual. Sem ar-condicionado ou sistema de áudio interno, as apresentações eram feitas com instrumentos acústicos e de sopro. Os vocalistas também não tinham como recorrer aos microfones durante as exibições.
Talvez centenária
Não há um consenso sobre a idade precisa de início da entidade. Mesmo com os documentos indicando abril de 1929 como surgimento, há indícios de que a instituição possa ser mais antiga.
Segundo o secretário Ademir Vinotti, não há registros oficiais que indiquem a formação de outra entidade antes de 1929. No entanto, a dúvida existe, já que uma pintura em madeira existente no prédio atual indica a existência de uma antiga sede em 1918.
A origem da área onde foi construído o prédio reforça a ligação com a data. O espaço pertencia à Sociedade de Ginástica Pomerânia, formada pelos trabalhadores do entorno. Nos documentos de formação da “Beneficiente” também há referências à área.
Na lembrança
Vinotti começou a frequentar os salões da sociedade ainda na juventude. Em pastas identificadas, ele mantém boa parte dos parte dos documentos oficiais da entidade. Ele começou a frequentar o local quando ainda namorava a atual esposa.
De acordo com ele, os bailes eram uma opção de entretenimento bastante disputada na época. Além dos eventos sociais, aproveitava a estrutura para as disputas de bocha e diferentes modalidades de bolão.
Mesmo com a história tradicional, ele é cético quanto a uma recuperação do número de sócios. “A sociedade foi fundada em função da fábrica, mas era algo que mobilizou muitas lideranças. Todo clube vive em função do que ele faz, realiza e arrecada”.
Vinotti estima a existência de pouco mais de 300 sócios, entre contribuintes e beneméritos. Do total, cerca de 190 são pagantes das mensalidades. Com número reduzido, a entidade mantém a estrutura com a locação para eventos e para uma empresa de buffet.
Atenção comunitária
Entre os sócios, um dos mais antigos é Pedrinho Rosa, 75 anos, dos quais 57 esteve integrado à entidade. Morador do bairro desde o nascimento, ele se orgulha de ter participado da diretoria como presidente entre 1981 e 1984.
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As mudanças no perfil da cidade e a limitação de espaço, indica, são fatores que dificultam a criação de atrativos. Outra dificuldade enfrentada é a redução de interesse e o afastamento dos jovens da entidade.
Para ele, a decisão de abrir o Beneficente para eventos foi uma medida acertada para manter o local em operação. Com os altos custos para organização de eventos, acredita que o modelo foi a melhor forma de aproveitar a infraestrutura do salão, considerada uma das maiores disponíveis.
Em uma época onde os trabalhadores não tinham acesso a muitos benefícios públicos, a entidade cumpria um papel de assistência a seus sócios. Até cerca de 20 anos atrás, os estatutos internos permitiam o pagamento de um auxílio funerário aos integrantes.
Quando um deles morria, esposa e filhos menores eram beneficiados com parte dos recursos das mensalidades. “Naquela época, a Sociedade comprava o caixão e ajudava com valores para os filhos até os 18 anos. Se ele fosse estudante, ia até os 21 anos. Não que isso fosse sustentar uma família, mas ajudava”, lembra.