Somos todos caminhoneiros
A paralisação dos caminhoneiros está causando transtornos, mas é causada por transtornos muito maiores, que começaram há muito tempo. Os caminhoneiros representam a população brasileira honesta, que trabalha e paga impostos escorchantes para sustentar mordomias e ladroagens sem fim. O fato é que a situação se tornou insustentável, e os caminhoneiros, parando o país, fazem o que todos gostaríamos de fazer. Por isso o apoio maciço a eles em todas as regiões, com a população caminhando até os bloqueios em sinal de apoio, com bandeiras verde-amarelas e Hino Nacional. Estamos todos saturados não apenas da roubalheira, mas também dessa ideologia comunista que tomou conta da cultura, transformou a Educação num lixo e vem desmantelando o Estado.
Outro fato que está cada vez mais patente é a absoluta incapacidade dessa classe política, carcomida até o osso, para representar o poder da República. A menos que abra mão de suas mordomias sem fim, da pá de assessores que cada político tem, das fabulosas verbas de gabinete, “auxílios” de todo tipo, como se fossem indigentes, passagens e mimos mil.
As medidas anunciadas na noite de domingo pelo presidente Temer, e que ainda não sabemos que efeitos terá na paralisação, é um paliativo. Resolve problemas pontuais dos caminhoneiros, mas joga o custo do acordo para a população toda, pois o custo da redução virá do orçamento público, e não da política de preços da Petrobrás. Além do fato de que nossa autonomia na produção não nos coloca, necessariamente, dentro das variações do preço internacional do petróleo, eles precisam explicar a desnecessária entrega dos derivados de petróleo a distribuidoras, que são apenas atravessadoras, e que quase aumentam consideravelmente o preço. Os governos Lula e Dilma dilapidaram a Petrobrás, numa gestão criminosa. O governo Temer resolveu recuperar a empresa, mas quem está pagando a conta somos todos nós. Mesmo que os caminhoneiros voltem a rodar, o que todos nós faremos depois? Continuaremos pagando o pato no preço da gasolina, dos alimentos e nos serviços públicos precários?
Por fim, é voz comum entre os caminhoneiros o pedido de intervenção militar no país.
Estou de pleno acordo. De minha parte, penso que, se a intervenção tivesse acontecido antes, a Petrobrás não teria sido dilapidada. Ao contrário do que diz o Sr. Leandro Karnal, numa aulinha fajuta de história que circula pelas mídias sociais, a intervenção de 1964 nos livrou da venezuelização precoce. Mas uma intervenção dessa magnitude precisa de planejamento e apoio, pois, do contrário, estará fadada ao fracasso. A efetivação do governo militar, no momento atual, sem o apoio que tinha em 1964, sofreria tantas resistências, internas e externas, que dificilmente se sustentaria.
Estamos numa encruzilhada histórica. Espero que a história avance pelo caminho da moralização, da decência, do verdadeiro patriotismo. Mas esse movimento precisa se fortalecer na formação de uma nova mentalidade. Isso leva tempo, e é um trabalho intelectual que precisa nadar contra uma corrente absurdamente forte, já que toda a cultura das últimas décadas se fez no desmantelamento desses valores. Já nos despertamos para essa discussão, o que é um grande primeiro passo.