O outubro já se despede. Novembro bate à porta e, logo no início do mês temos um feriado: o Dia de Finados, também conhecido como “Dia dos Mortos”. No Brasil, o dia 2 de novembro é feriado nacional, e muitos cumprem o ritual de ir até os cemitérios levar flores para depositar nas “casas dos corpos” dos que já se foram. Missas e cultos são celebrados e, independentemente da crença ou da religião, a prece proferida pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança e conforta. Afinal, estaremos eternamente vivos na mente das pessoas que nos amam.

A palavra “cemitério” foi dada aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos pelos primeiros cristãos. No princípio, geralmente os cemitérios ficavam longe das igrejas e da área central das cidades. Depois passamos pela prática do sepultamento dentro das igrejas e, com o passar do tempo, essa prática foi sendo deixada de lado – seja por falta de espaço e/ou pela poluição, seja pelas doenças que causavam, que tornava insalubres as áreas próximas aos templos. Recentemente, a prática da cremação, cada vez mais frequente, permitiu dar destino aos corpos de maneira mais compatível com as normas sanitárias.

Os cemitérios – além de se destinar à sepultura dos mortos, também tem papel histórico-cultural importante. Existem muitos que, inclusive, são destinos turísticos.  Um dos mais famosos cemitérios do mundo é o Pére-Lachaise em Paris. Na Inglaterra, destacam-se os cemitérios de Kensal Green e Highgate, em Londres. Na Itália são destaque – pela sua beleza -, os cemitérios de Gênova e Milão. No Brasil o Cemitério da Consolação, em São Paulo, é considerado uma das principais referências brasileiras no campo da arte tumular – termo usado para designar obras que foram feitas para permanecer em cima de sepulturas, consideradas uma representação do contexto histórico, ideológico, social e econômico, interpretando a vida e a morte.

Em Santa Catarina alguns cemitérios também são destaque, como, por exemplo, o Cemitério do Imigrante em Joinville, tombado como patrimônio histórico nacional em 1962. E, ainda, o cemitério de Treze Tílias, peculiar pelas obras de arte que ornamentam os túmulos. Mas nem precisamos ir longe, pois em Brusque também encontramos, em nossos cemitérios, lindas obras de arte e escritos de saudade deixados em forma de epitáfio que, com certeza, contam muito da nossa história. Patriarcas de famílias imigrantes, pessoas que foram importantes e pessoas comuns, histórias já esquecidas e outras ainda relatadas.

Nossa vida é transitória e tudo passa rápido, embora o mundo moderno procure mascarar isso. Muitos vivem como se aqui fossem eternos. Desperdiçam a vida, e o tempo escorrega pelas mãos como areia fina. Cedo ou tarde, cada um de nós se encontrará com a morte. Desde menininha, gosto muito de um poema de Francisco Otaviano, que diz: “Quem passou pela vida em branca nuvem, e em plácido repouso adormeceu, quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, só passou pela vida, não viveu”.

Agora te pergunto, leitor: você está “passando” pela vida ou está vivendo? Que exemplo você está sendo, qual vai ser a interpretação da tua vida, que contribuição você está deixando para a humanidade? Reflita sobre nisso…e não tenha medo. Se tua missão for bem cumprida, não há o que temer. Você terá o sono dos justos.