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“Sou prejudicado por falar a verdade”, afirma Luciano Hang

Empresário, investigado pela PGR, diz que jamais incitou à intervenção militar

O dono da Havan, Luciano Hang, negou que tenha incitado à intervenção militar e defendeu o seu direito de livre expressão em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 5, no Centro Administrativo da rede de lojas. O empresário afirmou que está sendo um “bode expiatório do governo” porque se posiciona politicamente.

A coletiva de Hang ocorreu depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu investigá-lo por incitação à intervenção militar e rompimento do Estado democrático de direito.

A PGR cita na notícia de fato que a Havan teria autorizado o uso do pátio da loja de Três Lagoas (MS) como ponto de apoio à greve dos caminhoneiros.

De acordo com Hang, tal fato não procede. Ele apresentou uma foto aérea da loja que, segundo ele, ocupa apenas uma quadra. Não há espaço para que o pátio abrigue caminhoneiros.

Hang sustentou, por meio de slides com várias fotos e tópicos, que a Procuradoria foi induzida ao erro por uma sucessão de “fake news” (notícias falsas). A rádio CBN, de São Paulo, informou primeiro a suposta incitação à greve.

Depois, segundo Hang, o mesmo veículo noticiou que o pátio de Três Lagoas poderia ser um ponto de apoio à greve. O empresário disse que tratam-se de informações falsas.

Fora do país
Hang disse que nunca incentivou a greve, somente apoiou-a. Além disso, ele contou que viajou para Europa no dia 18 de maio. A manifestação começou dia 21, portanto, três dias depois.

A primeira manifestação dele nas redes sociais aconteceu no dia 22. Ele apoiou a greve e citou a alta carga tributário do país.

Ainda no dia 22, o governo anunciou que teria fechado acordo com os caminhoneiros. “Eu pensei que a greve acabaria ali”, disse na coletiva.

Mas o governo federal voltou atrás no discurso e, na avaliação de Hang, foi a partir dali que a greve ganhou mais corpo. Nos dias 23 e 24, o dono da Havan fez novos posts.

Em um deles, ele postou a foto da loja de Indaial tomada por caminhões. Segundo Hang, os caminhoneiros adentraram o pátio por iniciativa própria.

O empresário resolveu deixá-los no local para que a rodovia ficasse liberada. Hang disse que não houve apoio logístico ao movimento grevista.

“Jamais incentivei para que a greve ficasse cada vez maior”, afirmou. “Essa greve não começou pelos empresários, mas pelos caminhoneiros autônomos”, disse.

O proprietário da rede de lojas afirma que teve prejuízo milionário devido à greve. Ele afirmou que a frota da Havan, que é terceirizada, ficou com 250 caminhões parados em bloqueios, e outros 100 ficaram no Centro de Distribuição em Barra Velha.

“Estavam parados como todos os demais. Não tem nada a ver com a Havan”, afirmou.

Bode expiatório
Hang também apresentou uma pesquisa do Datafolha que indicou apoio de 87% da população ao movimento, no dia 29 de maio.

“Oitenta e sete por cento deu apoio moral à manifestação que começou sem partido e sindicatos, pedindo redução de impostos para os caminhoneiros poderem trabalhar”, disse.

“Consciente de tudo o que falei, não sou culpado. Se sou culpado, então [quase] 100% da população também é, 200 milhões são culpados”, afirmou Hang.

Segundo o empresário, ele está sendo usado como bode expiatório por parte do governo, que se sente ameaçado devido ao seu posicionamento em relação à política nacional.

Ele disse que tem sido alvo de perseguição desde que começou a se pronunciar mais fortemente sobre a corrupção e a política. Segundo Hang, o reflexo das suas críticas aos políticos foi uma enxurrada de questionamentos por parte de diferentes órgãos, como o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Hang revelou que quando pintou as lojas de verde e amarelo a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi questionado pelo MPT. Segundo ele, a burocracia e as exigências no porto também ficaram mais rígidas após as críticas aos governantes.

Hang afirmou que o direito à liberdade de expressão, está previsto na Constituição Federal. “Sou prejudicado por falar a verdade. A máquina pública se rebela contra você”, e emendou: “somos vítimas de um patrulhamento sem igual”.

Hang pôs uma frase num slide para tratar da situação: “Nos filmes o culpado é sempre o mordomo. No Brasil, o culpado é sempre o empresário”.

Sem interesses
O empresário também rechaçou qualquer afirmação de que tenha buscado benefícios políticos ou econômicos com a greve. Ele destacou que, por exemplo, teve de cancelar a inauguração de uma loja, em Videira, o que lhe causou prejuízo.

“Não vou, nem posso ser candidato. Não tenho partido político”, disse. Hang lembrou que o prazo para filiações para as eleições já acabou.

“Não tenho interesse nenhum, nem político e nem econômico”, declarou. No entanto, ele destacou que tem alertado ao povo que o foco “é votar nas pessoas certas em outubro”.

Para o empresário, o candidato correto é que optar por privatizar as estatais e diminuir a máquina pública. Hang disse que uma ruptura de governo a quatro meses do pleito não é prudente.

Hang disse que seria mais fácil vender a rede de lojas e ir embora do Brasil, mas ele não quer fazer isso. “Mas sempre falo que o que me move não é o dinheiro, são os meus objetivos”. Ele espera que o país mude após as eleições deste ano.