X
X

Buscar

Suplente que denunciou Jocimar conta tudo o que aconteceu antes, durante e depois da prisão do vereador

“O Gaeco 'caiu de paraquedas' em cima de nós e disse: ‘mão na cabeça, é a polícia’”, conta Eder

Em entrevista ao jornal O Município, o vereador suplente Eder Leite (DC), que denunciou esquema de rachadinha praticado pelo vereador Jocimar dos Santos (DC), revelou o que aconteceu antes, durante e depois da prisão de Jocimar nesta quinta-feira, 30.

Eder assumiu a cadeira que Jocimar no Legislativo no dia 21 de novembro. Atualmente, Eder é vereador provisoriamente e Jocimar está licenciado. Para melhor entendimento, O Município passa a se referir abaixo a Eder somente como “suplente” e a Jocimar como “vereador”.

Jocimar foi preso em flagrante pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em razão da prática da rachadinha. A prisão aconteceu em frente ao Banco do Brasil, após o vereador receber parte do salário de Eder em um acordo pré-estabelecido.

Antes da prisão

Conforme o relato de Eder, Jocimar entrou em contato com o suplente no dia 16 de novembro, para marcar um encontro no estacionamento do Angeloni. Lá, Jocimar questionou se Eder gostaria de ocupar um mês de mandato na Câmara de Brusque.

A contrapartida, conforme o suplente, seria o repasse de 50% do salário de parlamentar a Jocimar. Eder questionou a oferta, mas, em um primeiro momento, aceitou e assumiu a cadeira de Jocimar no Legislativo.

Ele passava por dificuldades financeiras e entendeu na ocasião que o salário de parlamentar iria ajudá-lo. Porém, com o tempo, o suplente diz que se arrependeu por acreditar que estaria fazendo algo de errado.

Na terça-feira, 28, houve uma reunião na Câmara, antes da sessão ordinária, marcada para as 17h. Neste encontro, que contou com a presença de Jocimar, o vereador questionou se Eder poderia encontrá-lo para fazer o repasse da primeira parte do salário. O suplente receberia, inicialmente, R$ 3,5 mil, pois estava no fim do mês.

Jocimar sugeriu que o encontro fosse na quinta ao meio-dia. Eder, porém, justificou que não poderia neste horário e o encontro foi marcado para o final da tarde, ao lado do Banco do Brasil. Após a conversa ser marcada, Eder, arrependido do acordo, foi ao Ministério Público denunciar o esquema.

Lá, foi informado que ele deveria ir até outro local no fórum realizar a denúncia. Como precisava registrar presença na sessão da Câmara que estava prestes a começar, Eder foi correndo, mas não conseguiu contato com o promotor. Então, o suplente deixou um telefone para contato.

No dia seguinte, quarta-feira, 29, o MP procurou Eder e o suplente informou data, horário e local do encontro em que o salário seria repassado. Entretanto, em nenhum momento foi informado ao suplente que os agentes realizariam a abordagem logo após a entrega do dinheiro a Jocimar.

Momento da prisão

Os dois estavam na calçada do Banco do Brasil, na parte lateral, quando o valor de R$ 1,7 mil foi entregue por Eder ao Jocimar. O vereador não chegou a contar o dinheiro. Eles conversaram por cerca de dez minutos.

Eder gravou a conversa em vídeo com o celular na mão, mas disfarçando o aparelho para Jocimar não notar a filmagem. Quando o breve contato se encerrou, eles se dirigiram para sair do local caminhando sentido à avenida das Comunidades, parte da frente do Banco do Brasil, momento da abordagem.

“O Gaeco ‘caiu de paraquedas’ em cima de nós e disse: ‘mão na cabeça, é a polícia’. Me fiz de vítima ao Jocimar e perguntei o que estava acontecendo. O agente disse no meu ouvido: ‘pode ficar tranquilo’. Me levaram no carro e fomos conversando”, conta. Eles foram levados em veículos diferentes.

Jocimar foi preso em flagrante e os dois foram levados à delegacia. Lá, eles permaneceram juntos, mas sempre com um agente por perto. Os dois prestaram depoimento e Eder foi liberado. O suplente relata que, enquanto estiveram juntos na delegacia, Jocimar não teve conhecimento de que foi Eder que o denunciou.

Depois da prisão

Quando deixou a delegacia, Eder saiu caminhando. Ele questionou a própria atitude enquanto descia o morro da delegacia, mas depois relata que se sentiu bem por avaliar que tomou uma medida correta. O suplente procurou um lugar para carregar celular, chamou um carro de aplicativo e foi embora.

Eder diz que Jocimar era discreto e sempre queria tratar de assuntos pessoalmente. O suplente afirma que é a primeira vez que teve conhecimento de uma prática criminosa cometida por Jocimar.

O suplente relata ainda que, ano passado, quando assumiu uma cadeira da Câmara durante licença do então vereador André Vechi, hoje prefeito de Brusque, não foi procurado por Jocimar em nenhum momento para repassar valores do salário.

*Colaborou Otávio Timm


Assista agora mesmo!

BRIGADEIRO FIT: SOBREMESA DELICIOSA SEM LACTOSE: