[1970] A surpresa das filhas gêmeas
Morando no interior, dona Margarida foi surpreendida quando o médico disse que "vinha mais uma"
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Na época, dona Margarida vivia na Serra do Moura, próximo à SC-409, que dá acesso a Brusque pelo município de Canelinha. Morando no interior, sem acesso às tecnologias que se tem hoje para o parto e o acompanhamento pré-natal, foi uma surpresa para ela quando, em sua segunda gravidez, deparou-se com duas filhas gêmeas.
“Nem o médico sabia que eu ia ter duas. Quando nasceu a primeira, ele olhou e disse ‘Tem outra!'”, conta aos risos. Para ela, que gostava de crianças, a surpresa foi muito positiva. Anteriormente, ela já tinha engravidado e realizado um parto normal, porém, um acidente no hospital causou o falecimento de sua primeira filha logo após nascimento. Mas, depois de dar à luz às gêmeas, ela teve ainda outra filha.
Com as meninas ainda pequenas, Dona Margarida saía cedinho para trabalhar na roça e as deixava em casa, sentadinhas no sofá, conta. Por volta das 11 horas, todas as manhãs, ela voltava para dar banho e almoço para as filhas e, à tarde, já retornava ao trabalho no campo. “Nos dias em que ficava em casa, levava a caminha delas pra cozinha e ia fazendo o serviço enquanto olhava elas.”
“Hoje em dia dizem que é difícil criar filhos gêmeos, mas eu não entendo, por que pra mim foi muito fácil”, ri. Margarida conta que, para ela, era muito simples: quando precisava fazer mamadeira para uma, era preciso só ferver um pouco mais de leite e dar de mamar para as duas ao mesmo tempo. “Eu fiz até um travesseirinho que apoiava no meu peito, então não precisava nem ficar segurando muito elas”, conta.
Após o nascimento de sua filha mais nova, dona Margarida conta que começou a tomar anticoncepcionais para não ter mais filhos. “Fui eu mesma que quis parar, não queria mais ter.” Mas, hoje, com três filhas e quatro netos, ela diz que se arrepende um pouco de não ter tido mais filhos, para talvez ter uma família maior.
Já avó, nos anos 2000, Margarida assumiu a criação do neto. “Minha filha trabalhava muito e voltou a morar comigo quando meu neto tinha uns três, quatro anos. Então fui eu que criei ele, já que minha filha saía cedo, voltava pra almoçar e logo saía trabalhar de novo.”
Foi aí que ela quase se viu mãe novamente, e conta que era diferente de quando tinha as próprias filhas. Mas o que ela garante é que o amor é sempre o mesmo.
Você está lendo: 1970: Margarida de Espíndula
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