Taxa Selic: financiamentos de imóveis e automóveis ficarão mais caros, aponta economista
Aumento da taxa básica afeta nos juros dos empréstimos entre bancos
No mês de dezembro, a taxa básica de juros, a Selic, foi elevada de 7,75% para 9,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O objetivo do ajuste dos juros básicos, segundo o BC, é tentar segurar a alta dos preços após o aumento da inflação. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.
Esse foi o sétimo reajuste consecutivo na taxa Selic, depois de passar seis anos sem elevação. De março a junho, o Copom elevou a taxa em 0,75 ponto porcentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Em outra reunião, em outubro, o reajuste chegou a 1,5 ponto porcentual.
O economista Johnny William Monteiro explica que a Selic é uma taxa de juros utilizada como referência no empréstimo entre bancos. Além disso, ela é considerada a taxa básica de juros do país, pois tem o poder de influenciar todas as demais.
Então, segundo ele, o aumento da Selic gera, na prática, um aumento nos juros dos empréstimos entre bancos. Então, o aumento é repassado aos empréstimos, financiamentos e taxas de cartão de crédito utilizados pela população.
“Com isso, as pessoas utilizam menos os recursos financeiros oferecidos pelos bancos e acabam consumindo menos produtos e serviços”, explica. Ou seja, deixam de reformar a casa ou postergam a troca do automóvel. “Com menos consumo/demanda a economia desaquece e a inflação tende a cair”, conta.
Johnny detalha que, como todas as taxas de juros acabam sendo baseadas na Selic, o aumento também implica na subida das taxas de juros para financiamentos de imóveis. O resultado, conforme ele, é o encarecimento no acesso à casa própria.
“Outros impactos esperados são o encarecimento do financiamento de automóveis e até o parcelamento de eletrodomésticos em lojas de varejo”, explica.
O economista complementa que, além das consequências em empréstimos, o aumento da Selic pode gerar impactos negativos para o Produto Interno Bruto (PIB), que ainda está em recuperação. “Consequentemente, pode dificultar a redução ou até aumentar o desemprego no Brasil, que ainda atinge 12,6% da população (13,5 milhões de pessoas), segundo os dados do IBGE para o 3º trimestre de 2021”, completa.
Aumento esperado em 2022
A Selic deve subir novamente em fevereiro de 2022, quando acontecerá a próxima reunião do Copom. A previsão está presente na ata da última reunião do comitê. “Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude [1,5 ponto percentual]”, aponta.
Segundo o Copom, em um cenário com projeções para a Selic feitas pelo mercado financeiro e taxa de câmbio em 5,65 dólares, a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fica em torno de 10,2% em 2021; 4,7% em 2022 e 3,2% em 2023.
Esse cenário supõe uma trajetória de juros que se eleva para 11,75% ao ano durante 2022. Então, que terminará o próximo ano em 11,25% ao ano e reduz-se para 8% ao ano em 2023.
O que fazer?
O economista orienta que, com a Selic alta, é preciso avaliar as tomadas de decisões. Johnny explica que aqueles que tiverem uma reserva financeira, o momento de aplicar é esse. Segundo ele, o rendimento das aplicações, ou seja, poupança, CDB, RDB, títulos do tesouro, etc., também se elevam, pois acompanham o movimento da Selic.
“Por outro lado, o cidadão que estiver em situação financeira vulnerável deve tomar cuidado para não entrar em dívidas e parcelamentos sujeitos à cobrança de juros. Sobretudo reparcelamento de cartão de crédito e cheque especial, que cobram taxas de juros elevadíssimas”, finaliza.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município. Clique na opção preferida:
• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube