CSKA Sófia/Divulgação
Técnico do time de Garcez na Bulgária se demite após atos racistas dos próprios torcedores
Maurício Garcez tem contrato de empréstimo até junho de 2023 com o CSKA Sófia
O técnico do CSKA Sófia, Alan Pardew, se demitiu nesta quarta-feira, 1, por conta de manifestações racistas de torcedores do clube contra os próprios jogadores. O CSKA Sófia é o time ao qual está emprestado o atacante Maurício Garcez, que ainda tem contrato com o Brusque até 2026, e com o clube búlgaro até o final da temporada 2022-23.
Os atos ocorreram antes de CSKA Sófia 0x0 Botev Plovdiv, em 19 de maio, pelo Campeonato Búlgaro. Garcez, de 25 anos, começou a partida no banco, mas entrou no intervalo.
Conforme relata a imprensa búlgara, torcedores organizados fizeram protestos racistas antes da partida contra os jogadores negros e estrangeiros da equipe, atirando bananas e garrafas de água contra o ônibus. Os portais Bulgaria On Air e Gol.bg também relatam que torcedores imitaram sons de macaco. Houve intervenção policial para conter as manifestações. Alguns dos estrangeiros se recusaram a entrar em campo, inclusive Garcez, mas uma parte deles cedeu e jogou. Havia apenas seis jogadores no banco do CSKA Sófia, contando com o goleiro reserva.
Em contato com O Município, o diretor de futebol do Brusque, André Rezini, afirma que não tinha conhecimento do episódio. Como não houve nenhum comunicado ou aviso direto ao quadricolor por meio do CSKA Sófia, do jogador ou de seus representantes, o dirigente acredita que a tendência é que Maurício Garcez permaneça no clube. O Município tentou contato também com o jogador, que está de férias, mas não teve resposta até a publicação desta matéria.
Junto com o inglês Pardew, saiu também o auxiliar-técnico Alex Dyer. No site oficial do CSKA, o treinador explica sua decisão.
“Os acontecimentos antes e depois do jogo com o Botev Plovdiv não eram aceitáveis para mim, nem para meu assistente Alex Dyer, nem para nossos jogadores. (…) Nossos jogadores tomaram a decisão de jogar apenas por lealdade e para proteger o clube. O pequeno grupo de torcedores racistas organizados que tentaram sabotar esta partida não sao as pessoas por quem quero quero liderar e representar o time. Definitivamente, este não é o verdadeiro caminho para o bem do CSKA, porque este clube merece muito mais”, afirma, em um dos trechos do depoimento. Pardew havia assumido um cargo de diretor no clube ainda em 2020, e era o técnico desde 28 de abril.
Na temporada 2021-22, o CSKA Sófia foi vice-campeão búlgaro. Na final da Copa da Bulgária, disputada no último dia 15, o time foi derrotado por 1 a 0 no clássico contra o Levski Sófia.
Além de Garcez, há outros dois brasileiros no elenco: o goleiro Gustavo Busatto, revelado no Grêmio, e o lateral-esquerdo e volante Geferson (ex-Internacional e Vitória).
O empréstimo
O acordo de empréstimo envolveu o pagamento, por parte, do CSKA Sófia, de 200 mil dólares à vista por um contrato com Garcez até o final da temporada 2022-23. O grupo de empresários que intermediou a negociação tem direito a 15% do valor. O agente do jogador tem direito a mais uma porcentagem, e a maior parte será destinada ao Chapadinha-MA, que mantém 60% dos direitos econômicos de Garcez. Ao Brusque, restaram cerca de R$ 500 mil, conforme relatou André Rezini em janeiro de 2022.
Se o CSKA Sófia quiser adquirir Garcez em definitivo na janela de transferências no meio de 2022, terá que desembolsar 550 mil dólares por 80% dos direitos do jogador. Os outros 20% ficariam com o Brusque em caso de uma transferência futura de Garcez ao sair do CSKA a outra equipe. Contudo, ainda não houve movimentações neste sentido.
Na janela de janeiro de 2023, o valor aumenta para 600 mil dólares, e para 650 mil se a decisão pela compra ocorrer ao fim do empréstimo, na metade de 2023.
Garcez chegou ao Brusque em agosto de 2020. Tem 41 jogos e oito gols marcados pelo clube. Seu contrato atual com o quadricolor é vigente até 2026.
Pelo CSKA Sófia, Garcez jogou 13 partidas oficiais e anotou um gol.
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