Técnicos de Brusque explicam dificuldades no esporte em audiência pública
Dirigentes, atletas e técnicos de diversas modalidades se fizeram presentes no evento na Câmara de Vereadores
Dirigentes, atletas e técnicos de diversas modalidades se fizeram presentes no evento na Câmara de Vereadores
As cadeiras da Câmara de Vereadores de Brusque foram tomadas por dirigentes, atletas e técnicos de diversas modalidades esportivas do município. Eles ouviram e opinaram sobre a situação do esporte em Brusque em uma audiência pública realizada na noite desta quinta-feira, 15.
De maneira unânime, quem usou o plenário da Câmara criticou a forma como o esporte vem sendo administrado nos últimos anos em Brusque. O excesso de troca de superintendentes, os poucos recursos da Fundação Municipal de Esportes (FME) e a negligência dos espaços públicos voltados à prática esportiva foram temas lembrados.
A audiência foi solicitada pelo vereador Paulinho Sestrem (PRP). Segundo ele, o objetivo foi dar voz às associações esportivas. “É uma situação que já vem de anos, o esporte de Brusque está perdendo força e também recursos. Nossa intenção é ouvir apelos e reivindicações de todos os representantes de modalidades”.
Sestrem falou ainda que, para se desenvolver, a FME precisa de autonomia. “A fundação tem que andar com as próprias pernas, e não depender de recursos da Secretaria da Educação, que já é uma pasta bastante exigida”.
O vereador explicou ainda os próximos passos após a audiência. “Nós ouvimos todos os apelos e a partir disso queremos formalizar exigências para a prefeitura, no sentido de melhorar as condições de trabalho das modalidades”.
Confira o que comentaram alguns representantes de projetos esportivos da cidade:
Flávio Luiz – Projeto Além das Quatro Linhas (futebol)
“Trago para vocês um dado importante. Vocês sabiam que em Brusque a verba do esporte vem caindo de 2011? Caiu mais de 50%. O esporte vem perdendo essa verba. Pergunto a vocês: os problemas sociais aumentaram ou diminuíram? Aumentaram, não é? O esporte não pode mais ser uma área levada de qualquer maneira”.
José Armando Vasquez Soto, o Bay – Técnico Abain (natação)
“Nosso objetivo é criar crianças perfeitas. O que são crianças perfeitas? Dentro dessas décadas de trabalho com natação nós conseguimos fazer crianças virarem adolescentes, adolescentes virarem adultos com responsabilidade, chefes de família, empresários importantes da cidade. Estamos hoje é precisando de um olhar de pessoas que saibam que o esporte vai trazer coisas boas para Brusque”.
Ronaldo Teixeira – técnico da Associação Brusquense de Judô
“Me envolvi em um projeto paralelo com um grupo de dança, que ofertava a atividade gratuita para mais de mil mulheres em sete bairros de Brusque. Fomos enganados pelo prefeito e pelo vice-prefeito. Eles nos atenderam, mas antes não tivessem atendido. Foi simplesmente para enganar, humilhar. O projeto encerrou sem maiores explicações. Os atletas brusquenses estão sofrendo descaso por causa desta administração”.
Marcelo Tomazoni – Projeto Arte Mais Suave (jiu-jitsu)
“Eu fiquei preocupado ao ouvir que está havendo aumento na criminalidade por parte de crianças e adolescentes de Brusque. Nós, do esporte, temos a possibilidade de ofertar um novo futuro para esses jovens, mas precisamos de apoio do poder público. Carência social é o que acompanhamos no nosso projeto, com crianças que chegam lá e dizem que o pai não dá um abraço, e afirmam que o momento mais feliz do dia é quando estão no tatame, com pessoas que mal conhecem. Temos caso até mesmo de uma criança que teve a língua cortada pelo padrasto porque, segundo ele, falava demais. É esses futuros que temos que moldar, que lapidar”.