Tempo do Advento
Para a Igreja Católica, o Natal não é a maior festa da Cristandade como, com frequência se ouve, por aí. Sobretudo, como apelo para o comércio. Na verdade, a maior Festa para a Igreja Católica é a Páscoa do Senhor. Portanto, o evento maior foi e é a Ressurreição do Senhor Jesus. Foi com esse evento extraordinário que surgiu uma nova vida, uma nova Humanidade, uma nova História. É a festa, por excelência, da liberdade, da libertação de toda a pessoa e da pessoa toda.
A Festa do Natal foi o início da efetivação das promessas feitas por Deus Pai, ao longo de todos os tempos da Antiga Aliança ou Antigo Testamento, feitas ao Povo Eleito de Deus, pelos Patriarcas e Profetas. A Páscoa ou Ressurreição do Senhor é justamente a concretização plena dessas promessas, com a realização da plena libertação, em Cristo Jesus, Rei da História e eleição do Novo Povo de Deus.
O Advento é o tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus. É o tempo para nos preparar pessoal e comunitariamente para celebrar o Memorial do Nascimento de Jesus. Memorial significa, para nós cristãos católicos, que o Natal não é, apenas, recordação, lembrança, aniversário de um acontecimento passado, como fazemos com o nosso aniversário. Natal é a acolhida de Jesus, aquele que vem, hoje, para nos libertar de nossa condição de escravos de nossa situação humana, envolta pela miséria de nossas irresponsabilidades. Um evento tão significativo para a nossa história pessoal e coletiva tem que ser celebrado e vivido com grande alegria. Daí, a importância e mais ainda a necessidade de uma autêntica e esmerada preparação, que recebe o nome de Advento.
O Tempo do Advento é composto das quatro semanas que antecedem o Natal. Nesse tempo litúrgico, somos convidados a estar atentos e vigilantes, esperando o Senhor que vem. Aquele que vem no Natal e que vem no final dos tempos. Certamente, se soubermos todos os anos viver intensamente esse encontro pessoal com Jesus, estaremos preparando muito bem nosso encontro pessoal, com Ele, que está marcado para logo após a morte.
Nas duas últimas semanas, a liturgia nos apresenta as profecias mais diretamente relacionadas ao nascimento do Messias Prometido e a pessoa acolhedora de Maria de Nazaré, Mãe de Jesus. Os Profetas apresentam as qualidades da pessoa e da missão daquele que foi prometido para libertar o Povo de Deus, depois de ter caído no pecado e nos pecados pessoais e sociais. Nenhum homem ou mulher seria capaz de realizar tal missão, por suas próprias forças ou iniciativa. Por isso, a salvação é dom, presente gratuito de Deus, graças ao dom da vida, oferecido por Cristo, ao entrar na nossa História (Natal) e na Cruz (Páscoa). Dois momentos fundamentais da vida de Jesus, como expressão de seu amor, devotado a cada uma e cada uma de nós.
O Advento também é rico em símbolos. Alguns são usados inclusive nas liturgias das celebrações comunitárias, tanto as semanais como nas dominicais. São as “coroas ou guirlandas do Advento”, as quatro “velas coloridas”, acesas uma cada domingo, a armação do presépio, a “árvore do Natal”, a cor roxo dos paramentos litúrgicos, os grupos de reflexão e orações… A simbologia popular é bem mais variada, muitas vezes muito criativa e inventiva. Embora para muitos perdeu, um pouco ou quase tudo, a sua referência à celebração autêntica do Natal do Senhor. São esses símbolos, apenas, uma forma de ornamentar o ambiente familiar ou social, para os outros verem e apreciarem e, possivelmente, elogiarem. São, portanto, incluídos no âmbito comercial e da ostentação.
Sem dúvida, tudo isso é válido. É muito melhor do que nada ou só termos a presença do “Papai Noel”, símbolo principal da descaracterização do Natal de seu verdadeiro sentido libertador da pessoa, para voltá-lo, preferencialmente, para o comércio (consumismo). Por isso é oportuno rever a nossa maneira cristã e católica de celebrar o Natal. Uma boa revisão de vida cairia bem no tempo de preparação do Natal, o Advento. Pense nisso e experimente!