Temporada de premiações: o Grammy vem aí
O Grammy já divulgou seus indicados, colocando a música à frente do cinema, no quesito notícias. E, por incrível que pareça, em um prêmio tão engessado pela indústria, traz uma novidade. Pela primeira vez desde 1999, não entrou um músico homem e branco entre os indicados a melhor álbum do ano. Não é pouca coisa.
Quem são os indicados ao principal prêmio da noite de 28 de janeiro? Bruno Mars (24K Magic), Childish Gambino (Awaken, My Love!), JAY-Z (4:44), Kendrick Lamar (DAMN.)e a única representante feminina (e branca), Lorde.
Abaixo, uma playlist com indicados variados ao Grammy. Sirva-se!
As apostas se dividem, mas mesmo que Lorde ganhe com seu Melodrama, a ausência de moços brancos pode ir além da coincidência momentânea. Talvez a face dos ídolos esteja mudando. Talvez estilos um pouco mais afastados do núcleo do pop estejam ganhando mais força. Talvez o molde do “cantor branco com jeito de galã em formação” esteja em momento de desgaste. Ou talvez volte tudo ao normal e a gente tenha um álbum de Justin Bieber ou assemelhado concorrendo no próximo ano. Vai saber.
Talvez, inclusive, nada disso tenha nenhuma relevância, já que os prêmios musicais, cada vez mais, aferem só popularidade. O que a gente sabe que tem uma importância bem específica. É crucial em termos de mercado… mas nem sempre (ou dá para dizer quase nunca?) se justifica em termos de qualidade.
Ou será que essa questão nem se justifica mais e a indústria musical, com seus ídolos e divas, ganhou o prêmio principal e varreu para uma área lateral, sem muitos holofotes, a música que tem mais chance de se sustentar pela qualidade?
Complicou? Esta semana, mudando para nosso cenário nacional, houve uma pequena começão pela chegada do Rouge nos serviços de streaming. Rouge. Aquele grupo feminino criado pelas ferramentas de marketing, mas que se fixou, com sua Ragatanga, bem agarrada na memória emocial de uma geração. Que, agora, nesta volta, tem idade suficiente para um movimento coletivo nostálgico, provavelmente movido a verba suficiente para comprar novos lançamentos e ingressos para show. Tem coisa mais inteligente do que se aproveitar dessa infância/adolescência perdidas para dar mais uma lucradinha básica?
Reciclagem, baby! Mesmo na área do pop (e do rap… e do country… e tantas outras) tudo o que a indústria aposta é na reciclagem e na repetição.
Ah, sim, antes que você pergunte: o que o Bob Dylan está fazendo na imagem de divulgação do Grammy aí acima? Ele concorre na categoria Álbum Pop Vocal Tradicional – junto com Michael Bublé, Seth MacFarlane, Sarah McLachlan e um tributo a Tony Bennet. Tomara que ganhe. E que repita o Nobel e não compareça.