Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Tentativa de uma reflexão

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Tentativa de uma reflexão

Pe. Adilson José Colombi

Caro leitor e estimada leitora, a partir da próxima semana, convido-o (a) a seguir, se for de seu agrado, uma série de pequenos artigos com um tema especial: o dinheiro. A reflexão, porém, estará escudada na Antropologia Personalista de Emmanuel Mounier, filósofo francês (1905-1950). É uma tentativa de socializar ou partilhar uma reflexão minha feita quando redigi a tese de doutorado, pela Università Pontificia Gregoriana, de Roma (setembro de 1978 e janeiro de 1981).

Já vai algum tempo. Mas, creio que a reflexão não perdeu seu valor com o passar dos anos, justamente, porque trata do ser humano enquanto pessoa. Além do mais, o pensador e filósofo Emmanuel Mounier, embora tenha vivido em tempos outros e com uma Sociedade e uma Cultura com outra realidade sociocultural diversa da atual, sua noção e visão da pessoa humana permanecem, perfeitamente, válidos para os dias de hoje. Ao menos, em seus traços fundamentais que servem de base para sua reflexão antropológica personalista.

Antropologia Personalista é uma das faces da Antropologia Filosófica que tem como centro e eixo principal e fundamental: a pessoa humana. Note, caro leitor (a) que se trata da pessoa humana, não apenas, do ser humano. Isto porque ser pessoa é visto, pela Antropologia Personalista, como uma “vocação”. Equivale dizer que ser pessoa não é algo inato e já pronto. Mas, é uma conquista, uma construção contínua e continuada ao longo de toda a vida.

Portanto, para a Antropologia Personalista não há, propriamente, um término, um “chegar lá definitivo”. O ser humano, homem ou mulher, está sempre “se fazendo como pessoa”. Isto é, está sempre aprimorando o uso de sua liberdade e sua consciência assumindo, livre e conscientemente, seus atos ou suas opções ou escolhas de vida, com maturidade e responsabilidade.

Deixa de lado, o mundo do impessoal, de “massa” para assumir, gradativamente, a vida da personalização, portanto, a sua vocação a ser pessoa. Assumindo a sua própria pessoa em primeira pessoa (“eu”), afastando-se do mundo impessoal (“diz-‘se’”, do “fala-‘se’”, todos “pensam e agem assim”…). Começa a pensar e agir por sua conta e risco a sua própria existência e não se deixa teleguiar, manipular, massificar. Deixa de ser um ser humano sem rosto e sem rumo, vivendo ao gosto e ao sabor da massa que não pensa nem age por si, mas “alguém ou um grupo” indistintamente pensa pela massa, para iniciar a conduzir-se, autodeterminar-se.

Por que o dinheiro? Escolhi o dinheiro porque penso que é um bom caminho que o ser humano tem a disposição para, desde cedo, aprender a servir-se da liberdade a fim de, pouco a pouco, descobrir os critérios que o encaminham para a vivência de sua vocação: ser pessoa.

Outra razão é justamente porque, hoje, fala-se tanto em Ética, transparência, honestidade… Escreve-se e fala-se também tanto em corrupção, em desonestidade. Com que fundamento ou onde está o cerne da questão?

Outra temática frequente, a perda do sentido da vida, a banalização da vida, sobretudo, da humana, de suicídios… Onde também está a raiz do problema? Não tenho resposta pronta, acabada porque não existe. Mas é possível tentar, pela reflexão, abrir algumas pistas para entender um pouco mais a complexidade e a riqueza que é o ser humano. Mais ainda, quando começa a viver a sua vocação pessoal.

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