Terno de Reis de Guabiruba encanta e emociona há 26 anos
Grupo formado no início da década de 90, é composto por irmãos, primos e amigos do Imigrantes
Com o objetivo de levar um pouco mais de alegria e amor à comunidade, o grupo de Terno de Reis do bairro Imigrantes, de Guabiruba, desde o início da década de 1990 visita famílias e realiza apresentações de cantos. Constituído por sete pessoas, entre irmãos, primos e amigos, atualmente eles são o único grupo em atividade no município.
O idealizador e um dos responsáveis pelo Terno de Reis, Francisco Schaefer, afirma que o grupo “surgiu por acaso”. Na época, seus irmãos e primos começaram a visitar esporadicamente algumas famílias do Imigrantes na semana do dia 6 de janeiro – quando é comemorado o Dia de Reis -, para tocar e cantar músicas de Terno de Reis e sertanejas mais antigas. “Iniciou como uma brincadeira. Alguém da casa era avisado que iríamos. Então chegávamos, entravámos e cumprimentávamos as pessoas com muito respeito. Tinha um canto de entrada, feito antes de entrar na casa, dois dentro da casa e um de despedida”, conta.
Schaefer diz que o grupo sempre era muito bem recebido, e que algumas famílias chegavam a preparar alimentos para eles. No decorrer dos anos os integrantes começaram a visitar também pessoas do Aymoré, São Pedro e Guabiruba Sul. Em média, seis residências recebiam o grupo por cerca até uma hora e meia. Com isso, o repertório também mudou, e os guabirubenses que tocavam violão, gaita de boca e cavaquinho, passaram a cantar muitas das músicas da Família Dias, de Blumenau – referência em canções de Terno de Reis.
Apresentações
Até 2013 a prática se repetiu, embora eventualmente o grupo ficasse de um ou dois anos sem visitar as famílias. Deste ano em diante, os integrantes do Terno de Reis pararam com o ritual e começaram a se apresentar apenas na Pelznickelplatz, na rua Nicolau Schaefer. No local eles cantam no período natalino e inovaram com novos instrumentos musicais, como com o pandeiro, clarinete e acordeão. Atualmente o grupo, composto por Antônio Kraeft, o Toninho; Ingo Schaefer, Ivan Fischer, Valdemiro Kormann, José Erthal, o Zeca (pai); Carlos José Erthal (filho) e Francisco Schaefer, chega a tocar para até 2 mil pessoas.
“O público tem gostado e queremos levar isso adiante e preparar cada vez mais músicas para alegrar as famílias. Pra nós esse é um momento de união e confraternização, onde fazemos um pouquinho do que a gente sabe”, destaca o idealizador do Terno de Reis do Imigrantes. Para o próximo ano a intenção é começar os ensaios mais cedo. “Queremos continuar essa tradição e fazer cada vez melhor”.
Kormann toca violão desde 1995 e canta no Terno de Reis. Ele afirma que em Guabiruba essa tradição foi sendo introduzida aos poucos e que hoje as pessoas têm interesse em conhecer o grupo. “Vejo que o Terno de Reis traz um novo espírito para o Natal e faz com que mantenhamos viva essa tradição”.
Para José Erthal, que participava do grupo desde o início, mas que apenas agora está cantando e tocando, fazer parte do grupo é recordar da sua infância e alegrar as famílias. “Conheço desde criança e é muito bonito. Essa festa de ir nas casas é uma alegria, deixa o Natal bem vivo e completa este momento especial”.
Saiba mais
- Trazido ao Brasil no início de sua colonização por açorianos e portugueses, a manifestação cultural religiosa faz alusão ao nascimento de Jesus e a visita dos reis magos ao presépio em Belém.
- O Terno de Reis, ou Folia de Reis, é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil nos primórdios da formação da identidade cultural. Ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.
- Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos Santos Reis e ao nascimento de Cristo. As manifestações estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos.
- Característico do Terno de Reis está algumas músicas, que não mudam: a canção de chegada, onde o líder pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.