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Testemunha de acidente aéreo conta como era o trabalho do piloto de Brusque em Garuva

Rolf Rothbarth relata como foi o resgate de José Artur Pinto Guimarães, após queda de avião nesta quinta-feira, 23

Rolf Rothbarth, ex-presidente da Associação Agrícola de Garuva, foi uma das primeiras pessoas a chegar no local do acidente que matou José Artur Pinto Guimarães, 57 anos, morador do Jardim Maluche, na manhã desta quinta-feira, 23, após a queda de um avião agrícola, de pequeno porte, em Garuva, no Norte de Santa Catarina. O piloto, que era o único ocupante da aeronave, nasceu em Porto Alegre (RS) e morava em Brusque há muitos anos.

Ele conheceu Guimarães há dois anos, quando ele começou a fazer as pulverizações na região. O morador de Garuva foi chamado pelo dono da plantação para auxiliar no resgate, por volta das 7h30. “O Zeca [como era conhecido na região] tava pulverizando para o meu amigo, que me ligou desesperado e disse que o avião sumiu, caiu no mato e que outros vizinhos tinham escutado um estrondo”, relata Rothbarth, em entrevista ao Município Dia a Dia.

Rothbarth, que mora na cidade, conta que saiu imediatamente para o local da queda do avião e conversou com o ajudante de pista de Guimarães, que já estava preocupado com a demora do colega. “Ele me disse que o primeiro voo durou entre 25 a 28 minutos, e este já passava de uma hora e não tinha retornado. Foi quando eu falei que o avião caiu”, lembra.

Guimarães chegou em Garuva no começo da tarde de quarta-feira, 22, para pulverizar três plantações em três voos. Por volta das 6h30 iniciou o primeiro com sucesso. A queda da aeronave aconteceu na segunda volta da primeira aplicação, segundo Rothbarth, por volta das 7h15. Essa era a segunda safra que ele prestava serviço para os agricultores do município.

O morador conta que depois que saiu da pista, ele se embrenhou na mata e logo em seguida já localizou o piloto. Na ocasião, os helicópteros Arcanjo 0-3, do Corpo de Bombeiros de Blumenau, e o Águia, da Polícia Militar de Joinville, já estavam no local. “Todo mundo foi pra mata. Ficamos muito abalados. Os familiares do dono da plantação, os funcionários. Quando chegamos vimos que ele estava vivo, mas ele gemia muito, então o meu amigo chegou a dizer ‘força Zé, que vai dar tudo certo'”, relata.

Rothbarth diz que o amigo era muito experiente, competente e uma pessoa querida na região. Ele diz que não há como precisar a causa do acidente, mas ele acredita que Guimarães passou mal. “Se fosse para arriscar eu diria que ele passou mal, porque o avião caiu descontrolado, estava desestabilizado, completamente desestabilizado. Se o Zeca tivesse bem ele levaria o avião”. Segundo informações das pessoas que chegaram logo após a queda, quando o avião caiu no chão, estava funcionando ainda, e acelerou duas vezes antes de apagar.

O acidente

Em Garuva, Guimarães trabalhava para a Serviços Aero Agrícolas (Seragri), de Luiz Alves. Ele pilotava uma aeronave modelo Tango PT WBO e foi contratado para fazer a pulverização de bananais para três agricultores na manhã de ontem. O avião caiu por volta das 7h15, em local de difícil acesso, em região montanhosa conhecida como Monte Crista.

A vítima foi resgatada com vida, mas morreu cerca de 50 minutos depois da queda. Ele teve uma parada cardiorrespiratória devido à gravidade dos ferimentos. Conforme informações de uma amiga da família, às 6h09 Guimarães enviou uma WhatsApp para a esposa com uma foto do pôr do sol. Foi o último contato deles.

O piloto já havia sofrido um acidente de avião há alguns anos, quando quebrou o cotovelo, e por isso ficou um tempo sem voar. No entanto, segundo informações de familiares e amigos, ele possui mais de 30 anos de experiência na área.
O corpo de Guimarães chegou a Brusque por volta das 23 horas de ontem. O velório está sendo realizado na capela mortuária do Centro. O enterro será no Parque da Saudade. No entanto, o horário não havia sido definido até o fechamento desta edição.

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