Chave de ouro, conhece a expressão? Foi assim o último sábado da exposição BQ80 – quando Brusque foi a capital do rock no Sul, no Espaço Cultural Graf.

A conversa foi com uma testemunha ocular e agente da nossa História, Luiz Thunderbird, líder do Devotos DNSA, primeira banda a vir para Brusque pela parceria Contracorrente / Amarelo Vinte.

Para complementar a conversa.. que tal uma entrevista com ele?

Quais as suas lembranças sobre os shows e o “cena” de Brusque, dos anos 80?

A segunda metade dos anos 80 ofereceu uma chance do jovem montar uma banda, com circuito de rock pelo país, rádios que veiculavam demo tapes, jornais alternativos que divulgavam seus trabalhos. Brusque fez parte desse circuito com o jornal Contracorrente e o bar Amarelo Vinte. Era inevitável o surgimento de bandas locais que acompanhassem esse movimento. Foi tudo mágico, mas não foi mágica. Foi interesse, trabalho, dedicação e interesse em integrar uma cidade (na época) pequena à efervescência que rolava no Brasil. Minha banda, Devotos DNSA tocou algumas vezes em Brusque. Sempre foi especial, ainda mais pra quem não sabia do clima cultural da cidade. Eu dizia que seria positivamente surpreendente e nunca errava!

Comparando o cenário geral do rock dos anos 80 e o atual, o rock errou?

Ainda bem que o Rock errou. “Certinho” não é adjetivo pra esse estilo. Mas as bandas que se tornaram grandes, a partir dos anos 80, se acomodaram muito. Algumas realmente envelheceram mal. O Rock nunca morreu. Ele pode estar mais abaixo da linha do sucesso, mas ele está por aí. Tem que procurar, como a gente fazia nos anos 80.

Depois dos anos 80, passamos por duas revoluções na cena musical: a MTV brasileira e a internet. Como é ser “insider” nessas duas revoluções?

O surgimento da MTV foi importantíssimo pra cultura musical no Brasil. Eu fiz, orgulhosamente, parte disso. Lembro que, na metade dos anos 2000, a emissora desistiu da música. Essa fase durou até 2011, quando recrutaram novos VJs que soubessem falar de música, eu inclusive. Era uma cobrança da audiência e do mercado publicitário, que cresceu assistindo aquela MTV que falava de música. Pena que durou só mais 3 anos.

fotos: Luís Brusque

Com o surgimento do Youtube, a audiência tinha uma opção mais cômoda de assistir conteúdo, na hora que quisesse, onde quisesse. Claro que as primeiras tentativas de se falar de música na rede foram infrutíferas. O sucesso eram os vídeos polêmicos, às vezes banais, que chamavam a atenção por suas bizarrices. Eu resolvi arriscar e produzi o Music Thunder Vision. Falo de música, do jeito que eu quero, sobre o que eu quero, sem interferências editoriais. Mais ou menos como no início da MTV. E deu muito certo! Nossa audiência é maior que certas emissoras abertas em visualizações e aceitação do conteúdo. Eu apresento um podcast há 5 anos na Central 3, o Thunder Radio Show. A mesma liberdade editorial, a mesma facilidade pro ouvinte. Tudo muito a favor!

Afinal, a internet ajudou ou atrapalhou a divulgação do trabalho das bandas?

Acho que ajudou muito! Claro que, na internet, as pessoas terão que se esforçar para encontrar aquilo que procuram. Mas isso é bom! Liberdade é sempre bom!

Seja nosso curador: que bandas atuais você recomenda?

R.: Recomendo bandas que já vi em shows, festivais, passaram pelo meu podcast: BIKE, The Baggios, Mustache & os Apaches, My Magical Glowing Lens, O Terno, Las Diferencias (de Buenos Aires), e uma banda novíssima de São Paulo: Devotos de Nossa Senhora Aparecida (tem uns 32 anos, apenas).

 

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