Tiradentes, herói nacional
Sábado passado, 21, feriado nacional, só poucos lembraram de Tiradentes, que sonhou com a liberdade e pagou com a própria vida o preço de lutar pela independência política brasileira, Na verdade, José Joaquim da Silva Xavier, nosso herói nacional, participou de um movimento político integrado por militares, padres, poetas e até um magistrado, revoltados com […]
Sábado passado, 21, feriado nacional, só poucos lembraram de Tiradentes, que sonhou com a liberdade e pagou com a própria vida o preço de lutar pela independência política brasileira, Na verdade, José Joaquim da Silva Xavier, nosso herói nacional, participou de um movimento político integrado por militares, padres, poetas e até um magistrado, revoltados com a cobrança abusiva de ouro das minas de Vila Rica para sustentar a decadência econômica de Portugal. Inspirados nas ideias políticofilosóficas proclamadas pelos revolucionários franceses e pelos líderes da independência norteamericana, os inconfidentes defendiam a nossa independência política em face do domínio português.
Os historiadores divergem quanto à figura e a importância de Tiradentes no movimento emancipacionista. Alguns chegam a afirmar que um outro condenado comum teria sido enforcado em seu lugar. Exilado, mais tarde teria voltado ao Brasil, como fizeram os demais inconfidentes. Como se vê, nem nosso herói nacional escapa da imaginação fértil dos conspiradores da história.
O certo é que Tiradentes não figurava entre as principais lideranças da Inconfidência. Era bom orador, comunicava-se facilmente com o povo e essa popularidade interessava às lideranças da Inconfidência. Mesmo sendo um militar que não passou de um simples alferes, um arranca-dentes sem muito sucesso profissional, Tiradentes era útil à causa dos inconfidentes e, com certeza, teve participação ativa e importante no movimento.
Se Tiradentes não foi o principal líder, é certo que, durante o processo criminal, assumiu toda a responsabilidade pela conjuração. E, assim, foi o único condenado à “morte natural na forca”. Os demais tiveram suas penas comutadas para degredo na África. Tem sido sempre assim. Os intelectuais, detentores do monopólio do conhecimento, comandam e recebem a glória pelas rebeliões vitoriosas. Os mais humildes sempre estão na linha de frente das batalhas para encarar a espada, o fuzil e até a corda fatal no pescoço. Sempre são eles a dar o sangue e a vida por uma causa revolucionária popular.
Durante um século, Tiradentes ficou esquecido. Na proclamação da república, seu nome foi resgatado para simbolizar o herói nacional que morreu pela liberdade política do povo brasileiro. Passaram-se mais 100 anos. Então, foi aprovada a Lei Federal 4.897/66, que “declara Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Nação Brasileira”. Ali, está dito, proclamado e até glorificado, oficialmente, que Tiradentes é “o nosso maior compatriota de todos os tempos”.
Numa nação sem autênticas e legítimas lideranças, penso que Tiradentes deve, sim, ser lembrado como o nosso grande herói.