Trabalhadores do setor têxtil deliberam em assembleia o “estado de greve”

Negociação coletiva para o período 2018/2019 está em andamento entre Sintrafite e Sifitec

Trabalhadores do setor têxtil deliberam em assembleia o “estado de greve”

Negociação coletiva para o período 2018/2019 está em andamento entre Sintrafite e Sifitec

Os trabalhadores vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque (Sintrafite) aderiram ao estrado de greve após assembleia realizada no domingo, 20. A entidade não descarta possibilidade de paralisação, devido à falta de consenso na negociação coletiva referente aos anos de 2018 e 2019. Na assembleia, os empregados das empresas dos setores rejeitaram as contrapropostas.

A assembleia foi uma das maiores dos últimos anos, e foi realizada do lado de fora do sindicato, fechando a rua Tiradentes, no Centro. Segundo Anibal Boettger, presidente do Sintrafite, estavam presentes cerca de 1.250 pessoas, sendo que muitos não assinaram presença.

Na assembleia, não se chegou a um acordo em torno das propostas apresentadas pelo sindicato patronal, o Sindicato da Fiação e Tecelagem de Brusque (Sifitec), que oferece um reajuste de 3,5%, piso salarial de R$ 1.350 e adicional noturno de 25% para as novas contratações.

“Os trabalhadores estão indignados e demonstram insatisfação”, afirma o presidente. Boettger diz que os funcionários do setor não rejeitam todas as propostas apresentadas pelo Sifitec: concordam com o piso salarial de R$ 1.350 e defendem a manutenção e renovação das cláusulas da convenção coletiva.

Porém, quanto ao adicional noturno, os empregados insistem que seja de 30% para os funcionários contratados a partir de maio deste ano, e que o reajuste na folha de pagamento de 5%, como já está sendo aplicado por empresas que não são filiadas ao sindicato patronal.

Já notificado sobre a deliberação do estado de greve e quanto à rejeição das propostas, o presidente do Sifitec, Marcus Schlösser, afirma que, com a contraproposta oferecida, “já estamos trabalhando no nosso limite”.

Adicional noturno
O ponto crucial das negociações é o valor do adicional noturno pago aos trabalhadores que fazem o terceiro turno. O adicional convencionado nas empresas de Brusque é de 38%. “Historicamente, foi estabelecido nessa porcentagem, mas se tornou inviável”, afirma o presidente do Sifitec.

“O setor têxtil está sendo surpreendido diariamente com a alta do dólar, do petróleo, que influencia diretamente na nossa produção, dos produtos químicos, bem como da fibra sintética, além do algodão, que tem uma alta acumulada de 40% acima da inflação”, afirma Schlösser.

O presidente do Sifitec diz que o limite com o qual as empresas podem trabalhar já foi oferecido aos trabalhadores, e que as reivindicações definidas em assembleia estão sendo verificadas pelo sindicato.

“Não é de hoje que nossos concorrentes diretos praticam um adicional noturno de 20 ou 25%. Em 38% em Brusque, o terceiro turno se tornou impraticável, mas é um turno vital para a indústria têxtil”, explica. “Nossa intenção não é tirar direitos, essa mudança deve se aplicar a novos contratados, e também recuperar a sustentabilidade competitiva de Brusque e região.”

Schlösser acredita que paralisações no setor não devem ocorrer, visto que as negociações se estendem até o prazo do dia 10 de junho e que conversas entre os sindicatos são realizadas semanalmente para tentar alcançar comum acordo.

Paralisações
O presidente do Sintrafite, Anibal Boettger, acredita que um acordo coletivo não está longe de ser firmado. “Mas tudo vai depender do sindicato patronal responder até a próxima assembleia”, pontua.

A possibilidade de uma greve generalizada no setor não é descartada, porém, o sindicato orientou os trabalhadores a adotarem um estado de greve enquanto as negociações estiverem em andamento.

“Dependendo da contraproposta do sindicato patronal, vamos colocar novamente em apreciação para os trabalhadores. Acredito que exista a possibilidade de ocorrerem casos pontuais de paralisação em empresas onde os ânimos estão mais exaltados. Não uma greve geral, mas uma paralisação por empresa”, afirma Boettger.

Uma próxima assembleia será realizada pelo sindicato nesta quinta-feira, 24, para discutir se a paralisação e o estado de greve serão mantidos pelos trabalhadores, ou se será apresentada uma nova contraproposta por parte das empresas.

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