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Trabalho informal cresce quase 13% em três anos em Santa Catarina

Crescimento pode ser explicado pelo aumento do desemprego neste período

Em três anos, o trabalho informal em Santa Catarina cresceu 12,7%, enquanto que no mesmo período, a desocupação cresceu 152% no estado. Os dados foram divulgados pelo levantamento Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O crescimento do trabalho informal, que é sem vínculos registrados na carteira de trabalho, pode ser explicado, justamente, pelo aumento do desemprego nos últimos anos.

Com o período de crise econômica, muitas empresas precisaram reduzir seu quadro de funcionários para poder ganhar fôlego e se manterem vivas no mercado. Com isso, muitas pessoas que atuavam há anos com carteira assinada, precisaram encontrar outras formas de renda e, para muitos, a informalidade foi o caminho.

Grasiele Bononomi, 40 anos, trabalhou por 15 anos com carteira assinada em uma tecelagem de Brusque. Com a crise, ela foi demitida e, enquanto recebia o seguro desemprego, começou a fazer alguns bicos como diarista. Porém, o que era para ser somente uma forma de ganhar a vida temporariamente, se transformou no novo emprego da moradora do bairro Dom Joaquim.

Grasiele trabalha todos os dias e com a renda que ganha como autônoma, consegue manter a casa. Como já está há mais de um ano na função, conseguiu conquistar clientes fixos, o que garante uma boa renda. “Não penso em voltar a trabalhar com carteira assinada, prefiro assim. Está melhor”, diz.

Quem também foi demitido com a crise e viu na informalidade uma maneira de continuar trabalhando foi Juliano Motta, 24 anos, morador do bairro Cedrinho. Dos 16 aos 22 anos ele trabalhou com carteira assinada e, há dois anos, passou a ser autônomo. “Fui demitido e na época vi que tinha vaga para trabalhar de talhador em uma empresa como autônomo e decidi arriscar”

De acordo com ele, o trabalho informal tem muitas vantagens e, por isso, ele pretende continuar como autônomo. “Está bem melhor assim, o que eu ganho como autônomo eu não ganharia nunca com a carteira assinada. Eu não parei nenhum dia desde que comecei assim, trabalho todo dia”, diz.

Por outro lado, também tem aqueles que optam pela informalidade. É o caso da moradora do Primeiro de Maio, Amanda da Rosa Cota, 28 anos. Por nove anos, ela trabalhou com carteira assinada em uma metalúrgica de Brusque, porém, há três anos decidiu sair do emprego para trabalhar com a mãe e a irmã com customização de peças.

Amanda destaca que consegue se manter com a renda do trabalho autônomo, entretanto, já pensa em voltar para a formalidade, já que tem muitos dias que o movimento é fraco e isso acaba impactando nos ganhos.

Trabalho informal puxa alta salarial
Ainda de acordo com o Pnad Contínua, foi o trabalho formal o responsável por puxar a retomada dos salários no estado. De acordo com a pesquisa, o auge do salário médio em Santa Catarina aconteceu no 4º trimestre de 2014, quando chegou a R$ 2.340. Já o pior salário veio no segundo trimestre de 2016, quando caiu para R$ 2.079. Desde então, há uma recuperação, mas que ainda não chegou ao patamar de 2014.

Apesar de ser o responsável pelo aumento do salário médio do catarinense, o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-SC), José Álvaro Cardoso, destaca que a informalidade é bastante negativa para o país. “Isso é muito ruim. O Brasil vinha num período de formalização do trabalho até 2014. O desemprego caía e aumentava o número de empregos com carteira assinada”, diz.

Para ele, o aumento da renda mensal do catarinense com a informalidade acontece sobre uma base rebaixada. “Estamos vindo de uma recessão em 2015, 2016, foi algo ruim e o emprego afundou, e essa melhoria se dá numa base baixa, num cenário de deterioração das condições de trabalho”.