Tradição brusquense de buscar imóveis em praias de Porto Belo e Itapema perdura há anos
Setor imobiliário foi fortalecido, com casas e apartamentos sendo cada vez mais valorizados em função da procura
Setor imobiliário foi fortalecido, com casas e apartamentos sendo cada vez mais valorizados em função da procura
Brusquenses e guabirubenses possuem um hábito que já se tornou tradição e surgiu há mais de 40 anos: a busca por casas e apartamentos em praias próximas da região, como Perequê, em Porto Belo, e Meia-Praia, em Itapema. A curta distância entre o vale e os municípios litorâneos motivou famílias a comprarem, construírem e alugarem imóveis, em um investimento para o lazer e para a renda.
Aos 74 anos, Isolde Petruschky vendeu a casa que construiu há 36 anos, no Perequê. O motivo foi a recente morte do marido. A filha possui um apartamento em Meia-Praia, e o filho, em Balneário Camboriú. “Agora ia ser difícil, melhor eu ir com os filhos para os apartamentos deles. Antes, eles é que vinham comigo. Na época, quando construímos era só mato, em um loteamento. Estivemos entre os primeiros [a construir no local].”
Foram feitas diversas reformas nos 36 anos. A antiga casa de madeira manteve a mesma estrutura, mas passou por várias transformações. O local passou a ser tomado por casas construídas por brusquenses, guabirubenses e neotrentinos. Sequências de casas em uma mesma rua de Porto Belo eram de famílias destas cidades.
“Acabei conhecendo meus vizinhos só lá. Minha irmã teve casa, mas mais próximo da praia. A vizinhança era muito boa. Na verdade, tenho até pena de vender. Mas foi bom enquanto durou. Vendi bem, à vista, num terreno de 490 metros quadrados”, explica. Nestes 36 anos, só nos últimos dois Isolde passou a alugar a casa, apenas para conhecidos.
Rozélis Maestri, de 53 anos, têm uma casa também no Perequê, comprada há 13 anos por R$ 80 mil. Foi um dos primeiros imóveis da rua. A escolha pelo local foi muito mais em função da filha, pois sua preferência era Meia-Praia, em Itapema.
“Minha filha escolheu por ser um lugar mais calmo, mas hoje já tem muita gente lá. Nossa rua tem muita gente conhecida, de Brusque, Guabiruba, Blumenau, Itajaí e Pomerode. Temos os telefones uns dos outros, em questão de segurança é ótimo. Tem alguns moradores fixos também. Se acontece alguma emergência, podemos contar com a vizinhança. Mas antes dos moradores fixos, houve furtos em veraneio. Passamos um tempo sem ir para lá, acabamos desanimando”, relata.
Alugar durante a temporada de verão não é uma opção, já que a família costuma frequentar muito o imóvel, principalmente no fim do ano, passando o Natal e o Réveillon em Porto Belo. Apesar disto, se reconhece que a casa é um investimento também financeiro. Em situações emergenciais, é possível se aproveitar deste patrimônio. “Atualmente minha filha até queria que trocássemos por um apartamento, mas preferimos a casa, pela liberdade e por não precisar pagar condomínio.”
Mercado, investimentos e tendências
O sócio-contador da Phacz Empreendimentos, Beno Buttchevits, reconhece que pessoas da região costumam buscar as praias próximas, com diferentes acessos, levando menos tempo de viagem. A empresa constrói prédios em Meia-Praia e no Perequê. A preferência tem sido pelo apartamento de dois quartos, por pessoas que buscam o retorno financeiro.
Buttchevits acredita ainda que o investimento no litoral pode ser mais certeiro porque a economia dos municípios não depende apenas de suas próprias potências, ou seja, há mais alternativas para evitar perdas e desvalorizações do que em cidades mais dependentes de sua economia interna.
“É uma região muito mais rentável que Brusque. Metade do público usa os imóveis para investimentos, e outra metade para veranear. O investimento é muito em questão do aluguel. A locação de um imóvel que vale entre R$ 400 mil e R$ 500 mil pode render locações de R$ 2 mil, R$ 2,5 mil por mês. Em Brusque, isto é muito mais difícil de se conseguir.”
Um dos lançamentos da construtora no Perequê passou por situações de grupos de famílias amigas procurarem apartamentos no mesmo edifício. “Existe muito de famílias e amigos da região quererem ficar próximos. Alguém compra, recomenda para um amigo, e este amigo busca a compra também. O brusquense gosta de estar com as pessoas próximas em período de fim de ano e festas. Então eles buscam estes locais para curtirem com pessoas conhecidas.”
O gerente comercial da Imobiliária Zucco, Charlles Zucco, afirma que o mercado imobiliário litorâneo na região não passou por grandes crises, ao contrário de boa parte da economia. A predominância de pessoas de Brusque e região, em sua visão, tem sido diminuída porque municípios como Porto Belo, Itapema, Penha e Navegantes estão sendo mais visados por clientes de outros estados e até outros países. De qualquer forma, a tradição continua.
“Penha, Navegantes e Balneário Piçarras têm tido um preço muito atrativo comparando com Balneário Camboriú e Itapema, por exemplo. É uma região que tem crescido. Locação de temporada é algo muito procurado pelo público também. Em Penha, trabalhamos o ano inteiro, porque além da praia há o parque Beto Carrero World, clientes pagando R$ 1 mil no final de semana por um apartamento de dois dormitórios”, afirma.
A tendência do mercado, segundo Zucco, são os apartamentos de home clubs, um segmento que passou a surgir nos últimos 10 anos. São condomínios com estruturas completas de lazer, e diversas torres, em padrões altos e intermediários. “É um valor agregado ao apartamento, estrutura de resort. Uma sequência de dias chuvosos, por exemplo, em que não é possível ir à praia, as pessoas podem aproveitar toda a estrutura existente no próprio condomínio. São apartamentos de dois ou três dormitórios.”