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Tradição natalina: conheça grupos de Terno de Reis de Brusque e Guabiruba

Cultura religiosa é em alusão aos três reis magos

O Terno de Reis é uma tradição religiosa católica que acontece no período de Natal. Geralmente, pequenos grupos visitam casas pela cidade, cantam e fazem orações com as famílias. O ato é em alusão à história bíblica dos três reis magos, que visitaram e presentearam o recém-nascido menino Jesus. A tradição tem justamente o objetivo de celebrar a adoração dos reis magos ao nascimento de Jesus.

De acordo com a história bíblica, Gaspar, Melchior e Baltazar iniciaram a trajetória para encontrar Jesus no dia 25 de dezembro. Guiados pelas estrelas, eles chegaram ao encontro do recém-nascido em 6 de janeiro, data marcada como o Dia de Reis. Os reis magos presentearam o menino com ouro, incenso e mirra. As datas eram incertas e foram fixadas, posteriormente, pela Igreja Católica.

Em Brusque, há grupos que cultivam a cultura religiosa em todo Natal. Alguns deles visitam as casas nos dias que antecedem à noite de Natal. Desde 2008, o grupo de Terno de Reis Anjo da Guarda, da comunidade Sagrado Coração de Jesus, no bairro Guarani, está ativo. As famílias marcam com o grupo antecipadamente, os participantes montam um cronograma e começam a visitar as casas entre os dias 19 e 23 de dezembro.

O Terno de Reis realizado pelo grupo da comunidade do Guarani, entretanto, é um pouco diferente em relação às tradicionais Folias de Reis que acontecem no Brasil, conforme explica Cristiane Caroline da Silva, que participa do grupo há 13 anos. Na ocasião, eles iniciam cantando uma música na rua, antes de entrar na casa da família. Depois que entram na residência, contam a história bíblica de Jesus, desde a anunciação até o nascimento.

Em seguida, fazem uma oração, leem a bíblia e cantam um trecho da música Oração pela família, de padre Zezinho, seguido pelo Hino de Reis. Depois, confraternizam com a família. Após a despedida, cantam deixando a residência e seguem até que não consigam mais vê-la. “Temos como missão anunciar o nascimento do menino Jesus, espalhando a paz, amor e alegria entre as famílias da nossa cidade”, diz Cristiane.

Arquivo pessoal

O início do grupo

A história do grupo de Terno de Reis Anjo da Guarda, que começou a ser escrita há mais de uma década, teve início quando Cristiane, o pai e o irmão dela, juntamente com outra família, começaram a tocar instrumentos, inicialmente como uma brincadeira, e decidiram fazer parte da tradição.

“Só tinha eu no violão, não tinha mais nenhum instrumento, e não cantamos músicas de Terno de Reis naquele ano, cantamos músicas de Natal. Éramos sete ou oito pessoas e não tínhamos carro. Então, fomos em cima de uma tobata e visitamos cinco casas. A partir disso, tivemos vontade de continuar”, relembra.

Com o passar dos anos, o grupo foi crescendo e conta, atualmente, com 15 pessoas, que cultivam a tradição até os dias atuais. Por causa da pandemia, no ano passado apenas três famílias receberam as visitas e, para não haver riscos, as canções e orações aconteceram fora das residências, em frente ao portão, sem contato com as famílias.

“No começo, pegávamos de 15 a 18 casas, mas só tocávamos e íamos embora. Não tínhamos momentos com a família. Então, achamos necessário ter esse contato e reduzimos a quantidade de casas a serem visitadas para seis ou sete, no máximo, para conseguirmos aproveitar bastante a família que está conosco”, esclarece.

O grupo visita casas em Brusque, Guabiruba e Botuverá, e já chegaram a visitar, até mesmo, residências no Barracão, em Gaspar. Para se organizar, fazem uma lista com antecedência e selecionam as casas e bairros, montando uma rota. Além de cantarem nas residências, o grupo canta na igreja também no sábado e domingo que geralmente antecedem o Dia de Reis.

Tradição em Guabiruba

Em Brusque, outros grupos também cultivam a tradição todos os anos, geralmente organizados por bairros, como é o caso de moradores do Santa Luzia e Santa Terezinha. Em Guabiruba também não é diferente. Um tradicional grupo da cidade é o Camelos de Belém.

Atualmente, eles não visitam mais as casas. Porém, cantam todos os anos na época de Natal no PelznickelPlatz. O grupo começou como uma brincadeira, há 30 anos. Na época, participavam amigos, familiares e conhecidos. Eles visitam as casas em datas próximas ao Dia de Reis.

Francisco Schaefer, o Chico, que é membro do grupo guabirubense, explica que naquela época não tinham tantos grupos de Terno de Reis na cidade. Eles visitavam as casas, faziam um canto de chegada, dois dentro da residência e um de despedida.

Terno de Reis no PelzenickelPlatz

O tempo passou e uma das últimas apresentações no modelo antigo de visita em casas aconteceu em 2013, quando o grupo recebeu um convite para cantar PelznickelPlatz. Desde então, pararam de frequentar as residências.

“Deixamos de sair de noite para frequentas as casas. Se tornou muito ‘pesado’ [visitar as casas]. Então, deixamos as casas de lado e continuamos, até hoje, no PelznickelPlatz fazendo nossa parte de Terno de Reis”, diz Valdomiro Kormann, também membro do grupo.

Atualmente, o grupo é formado por Antonio Kraeft, o Toninho; Francisco Schaefer, o Chico; Ivan Elias Fischer; Valdomiro Kormann; José Erthal; e José Carlos Erthal, o Kalão. O grupo, que já é antigo, espera que a juventude continue a tradição nos anos que estão por vir.

“Ficamos contentes em estar neste grupo há tantos anos. Nosso Terno de Reis é muito simples, não tem nada demais, mas vemos pelo povo que eles querem nos ouvir cantar. Então, ficamos contentes. Tomara que a tradição dure mais tempo e futuramente tenhamos mais gente que cantasse no Terno de Reis”, afirma Antonio Kraeft.

No PelznickelPlatz, o grupo Camelos de Belém já se apresentou nos dias 10 e 12 de dezembro. Eles ainda terão outras participações, que acontecem nos dias 17 e 18, das 22h às 23h, e no dia 19, das 20h às 21h. O evento conta também com outras atrações nestes dias, como a participação do coral Cristo Rei e da orquestra municipal.

Assista ao vídeo:


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