Tradicional teatro de estudantes da escola Dom João Becker encanta comunidade
Peça foi encenada pelos alunos de duas turmas de terceirão nesta quarta-feira
- Por Marcos Borges
- 28/03/2018
- 14:44
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Peça foi encenada pelos alunos de duas turmas de terceirão nesta quarta-feira
Passavam poucos minutos das 8h. Apesar de cedo, o alvoroço no pátio da Escola de Educação Básica Dom João Becker era grande. Rostos jovens deixavam transparecer o entusiasmo pelo que estava por vir. Na plateia, gente mais velha – pais e mães – seguravam celulares. Todos estavam ali, na quarta-feira, 28, para o teatro da Paixão de Cristo, encenado pelos terceiros anos do Ensino Médio.
Cerca de 60 estudantes de dois terceirões encenaram a história da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. O teatro é uma tradição na escola há mais de dez anos. Promovido por várias disciplinas, o projeto é capitaneado pelo professor de História e Filosofia João Ricardo, o JR.
Por um mês e meio, os alunos decoraram as falas e ensaiaram para o grande dia. O processo para a realização do teatro tem cunho fundamentalmente pedagógico, apesar de envolver religião.
JR explica que o teatro é proposto no primeiro dia de aula. Os alunos recebem a tarefa de estudar sobre a história dos povos da era de Jesus e escolher o personagem que mais lhe agradem. Depois, a distribuição de papéis é feita.
Foi assim que Fernando Knihs resolveu interpretar Jesus. Bastante envolvido com a Igreja Católica, ele diz que é uma honra ter assumido o papel principal. “Eu sempre gostei de teatro”, confidencia.
A emoção também moveu Érica Minatti Cesari, que interpretou Maria, a mãe de Jesus. Ela diz que é emocionante participar das cenas e ter noção do que aconteceu naquela época e do sofrimento de Jesus.
“Faz lembrar o porquê da Páscoa, as pessoas nem sempre sabem do que se trata”, afirma a aluna. Os parentes de Fernando e Érica estavam “infiltrados” no meio da plateia, formada por professores, alunos e comunidade escolar.
De duração curta e num espaço pequeno, o teatro foi acompanhado atentamente. Uma senhora não segurou as lágrimas ao ver o empenho dos alunos na encenação, no momento em que Jesus foi crucificado. A trilha sonora épica ajudou a criar o clima para a comoção.
Legado
JR é conhecido na escola. Ao falar com os alunos, têm sua atenção. Até hoje é lembrado pelos estudantes e pelo teatro – realizado há 17 anos.
“A Páscoa tem o sentido de reflexão, de amor, compreensão, hoje vemos muita agressividade, essa peça traz esse compreendimento de humanidade”, diz o professor.
O padre Paulo Stippe Schmitt, do Seminário de Azambuja, mesmo já formado na vida sacerdotal, foi ao Dom João Becker especialmente para assistir ao teatro. Ele participou da encenação em 2009 e, provavelmente – pois a memória não ajuda -, interpretou o sacerdote Anás.
Para o padre Paulo, o teatro é interessante do ponto de vista cultural e educacional, além de ser religioso.