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Grupo de teatro elabora peça sobre Fanny, personagem histórica de Brusque

Atrizes e atores fizeram extensa pesquisa de campo para retratar a vida de Francisca dos Anjos

O Trama Grupo de Teatro está montando uma peça sobre Francisca dos Anjos, a Fanny, personagem histórica brusquense no século XXI, conhecida por largar uma vida de luxo que levava ao lado do marido em uma reserva indígena de Ibirama para viver em Brusque como dona de uma casa de prostituição no bairro Santa Terezinha.

De acordo com a atriz e jornalista Talita Garcia, integrante do grupo, a estimativa é de que o espetáculo estreie no aniversário do município, em 4 de agosto, no teatro do Centro Empresarial Social e Cultural de Brusque (Cescb).

A ideia para a peça “Fanny, a rainha da cidade” surgiu em meados de 2017, durante as apresentações do espetáculo “Ao som dos teares”. “Uma senhora, que havia assistido a peça três vezes, começou a conversar com a gente sobre outras histórias, e a Fanny foi lembrada”, explica Talita. O planejamento foi iniciado no fim do ano passado e, no começo de 2018, os estudos sobre a vida da personagem começaram a ser aplicados em cena.

O grupo fez um levantamento histórico que inclui mais de dez textos, entre livros, capítulos, entrevistas e artigos. Também foram feitas entrevistas com pessoas que conheceram Fanny e com autores que estudaram sua vida. Será visitada uma reserva indígena entre os municípios de José Boiteux e Rio Negrinho, originária daquela de Ibirama onde a homenageada iniciou sua história.

Juntando o material bibliográfico com as entrevistas, haverá um misto de história e imaginário popular sobre Fanny. “Há muitos traços de comédia na peça, mas existem cenas que não são engraçadas. Com o texto no estágio que está, fica difícil dar este tipo de definição”, explica Talita.

Por meio dos primeiros ensaios e dos materiais consultados, o processo de elaboração de cenas ficou mais facilitada. A partir de então, Talita Garcia e Everton Girardi começaram a escrever a obra, com colaboração de todo o grupo. “Acredito que o texto esteja cerca de 80% concluído. Estamos entrando em uma fase de estudo do texto dramatúrgico, distribuição das personagens e a montagem em si.”

A peça tem direção de Girardi, que também interpretará personagens, enquanto a direção de cena é de Luciano Mafra. Serão 12 ou 13 personagens interpretados pelos nove atores do grupo, entre os reais e os fictícios, como clientes da casa de moças de Fanny.

Atualmente, o grupo conta apenas com seus próprios recursos para a montagem do espetáculo, mas Talita explica que existe a intenção de inscrever o trabalho no Fundo Municipal de Apoio à Cultura, caso seja lançado a tempo.

Além disso, o grupo aguarda um maior progresso na elaboração da peça para procurar parcerias com a iniciativa privada, como feito em outras ocasiões. Os ensaios são realizados no Centro de Treinamento Sorjai. “Questões de figurino, trilha sonora e iluminação precisam ser resolvidas ainda, estão em processo.”, explica.

Quem é Fanny
Francisca dos Anjos de Lima e Silva, a Fanny, foi casada com Eduardo de Lima e Silva Hoerham – sobrinho-neto de Duque de Caxias – e tinha uma vida de luxo em um posto indígena de Ibirama. Insatisfeita, prezou por sua liberdade e seu direito de escolha, e deixou para trás o marido e os quatro filhos para viver em Brusque.

Sofrendo com a influência e a perseguição do ex-marido, Fanny abriu uma casa de prostituição no bairro Santa Terezinha, nas proximidades de onde hoje está o supermercado Archer. Apesar do ofício que escolheu, ela, com a classe que tinha, acabou por transformar seu estabelecimento em um local respeitado, de etiqueta e boas maneiras. Fanny faleceu aos 94 anos, em julho de 1994.