Três homens vão a júri por tentativa de homicídio no albergue municipal, em Brusque
Segundo a sentença, motivação do crime foi o fato da vítima ser homossexual
Segundo a sentença, motivação do crime foi o fato da vítima ser homossexual
Três homens serão julgados pelo tribunal do júri por terem esfaqueado André Perini no albergue municipal, em Brusque. André foi encontrado morto na praia de Cabeçudas, em Itajaí, na tarde desta segunda-feira, 11.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Itajaí, o corpo já apresentava rigidez cadavérica, foi retirado do mar e colocado na areia nas proximidades do posto guarda-vidas número três.
André era natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul e tinha 51 anos.
O crime ocorreu em 4 de outubro de 2020. Tanto a vítima quanto os agressores eram moradores do local. A sentença estipula que eles serão julgados por tentativa de homicídio, em data ainda a ser marcada. Para a Justiça, a motivação do crime foi o fato da vítima ser homossexual.
De acordo com o relatório do processo, Altair Roncáglio Júnior, conhecido como Júnior; Jozias Orlandi, chamado de Cabelo, e Rafael Borges Pereira, que tinha o apelido de Pequeno, eram moradores de rua, assim como a vítima, que terá o nome preservado.
Tudo começou quando, na manhã do dia 4, um dos acusados iniciou uma discussão com a vítima, pois acreditava que ele teria abusado sexualmente de crianças, chamando-o de pedófilo, assim como ter, supostamente, feito propostas sexuais a outros moradores do albergue.
Após o ínicio da briga, todos foram para a parte de trás do albergue, onde a briga começou. Os três homens agrediram o outro com socos e chutes.
No relatório da sentença, cogita-se a possibilidade de que tenha sido introduzido um objeto no ânus da vítima, o que foi apontado como inconclusivo no laudo pericial, que nem descartou nem confirmou a hipótese.
Após os socos, um dos homens esfaqueou a vítima nas mãos, no rosto e no pescoço. Acreditando que ele já estava morto, jogaram-lhe ribanceira abaixo, ainda na parte de trás do albergue, que fica em um morro na subida que dá acesso ao Samae, no Centro de Brusque.
Porém, um dos moradores do albergue deu falta da vítima, e o avistou caído no chão. Um funcionário do albergue acionou o socorro para resgatá-lo, ainda com vida. Ele foi internado na UTI por vários dias, e acabou sobrevivendo.
O juiz Edemar Leopoldo Schlösser, da Vara Criminal de Brusque, negou aos acusados o direito de recorrerem em liberdade e, com isso, eles devem continuar presos na UPA.
Na sentença, o magistrado faz referência ao fato do crime ter motivação homofóbica.
“Anota-se que o crime foi cometido por motivo fútil, totalmente desprezível, uma vez que a tentativa de morte foi planejada e executada devido ao fato da vítima ser homossexual e estar fazendo propostas aos demais para manterem relações consigo, além de o fato de eles pensarem que ele era “pedófilo” e teria abusado de crianças”, diz.
Na investigação da Polícia Civil, também é mencionado que o principal fato apontado para o crime teriam sido as propostas de relacionamento sexual feitas pela vítima aos outros moradores. Em interrogatório, no entanto, a vítima sempre negou tê-las feito.
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