Tributo a Botuverá
Data dos primeiros meses de 1876 a chegada dos pioneiros imigrantes italianos a região de Botuverá. Povo bom, forte e desbravador… Dentre os imigrantes podemos citar sobrenomes como Raimondi, Betinelli, Pedrini, Donini, Rampelotti, Molinari, Gianesini, Bosio, Venzon, Tirloni, Aloni, Morelli, Maestri, Comandolli… Traziam dentro de si a esperança de dias melhores e uma enorme fé em Deus.
Em 09 de junho é comemorada a instalação oficial do Município de Botuverá. Deve-se honra a memória dos pioneiros imigrantes, que se embrenharam pelas entranhas do Vale do Itajaí Mirim e fundaram o povoado que durante muito tempo foi chamado de Porto Franco. Deve-se honra ao imigrante que aqui plantou suas raízes, seja como proprietário, empregado, meeiro ou empreiteiro… que viveu e morreu por amor a sua nova pátria, Brasil.
Segundo o escritor Pedro Luiz Bonomini, para Botuverá emigraram principalmente lombardos de Bergamo, Mântua e Trentinos. Traziam consigo o que tinham, davam o último adeus aos que ficavam…Esperançosos de dias melhores, a maioria dos imigrantes nunca mais voltou para seu torrão natal.
A viagem, dura, demorada, era feita por pequenos navios a vela ou vapor, sem conforto, sem segurança. Chegava-se a levar meses para chegar ao Brasil. Doenças aconteciam e se a morte “batesse a porta” o mar se tornava o túmulo. Durante a longa viagem, amizades se estabeleciam, amores aconteciam e a cantoria era comum como tributo a pátria que os imigrantes deixavam para trás.
Após o desembarque, dirigiam-se as colônias de destino. Em Brusque eram alojados em Barracões de Imigrantes. Depois de autorizados, os pioneiros subiam o Rio Itajaí Mirim de balsas e canoas improvisadas e assim iam ocupando seus lotes e desenvolvendo a região de forma consistente e permanente.
Ao longo de sua história, Botuverá viveu momentos econômicos distintos: a primeira fase, que data de sua fundação até aproximadamente 1940, caracterizou-se pela agricultura de subsistência, exploração de madeira e ouro de lavagem. A segunda fase durou até aproximadamente 1970 e se caracterizou pela agricultura comercial do fumo, sendo que algumas estufas ainda podem ser avistadas pelo interior da cidade, lembrando tempos de trabalho duro na colônia, em que a família toda se reunia para colher as folhas de fumo, fazer “as bonecas”, dependurá-las para secar com auxílio de calor e livre da umidade tão característica na região, para, finalmente, vender a produção, normalmente para a empresa Souza Cruz. A terceira fase, bem recente, caracterizou-se pelo fortalecimento do segmento industrial, especialmente o setor têxtil e de mineração. Mais recente ainda é a instalação de uma fábrica de vodka do tipo premium, que ali produz uma das melhores vodkas do Brasil. Apesar da crescente industrialização, a agricultura ainda persiste e Botuverá está listada entre as cidades mais igualitárias do Brasil.
Somado a isso, Botuverá é região de belezas naturais inigualáveis, um verdadeiro paraíso. Água em abundância, verdes matas preservadas, além do Parque das Grutas que abriga a maior caverna do Sul do Brasil. Com população que não chega a 5.000 habitantes, chama a atenção o respeito que os jovens têm pela sabedoria dos mais antigos. A cidade se caracteriza por cultivar suas tradições e o povo, unido pela forte religiosidade, está a construir um verdadeiro legado para as gerações vindouras, uma história digna de orgulho.
“Ó Dio, cume le grand I Vost Amur”.