Trio uruguaio do Brusque relata primeiras impressões e expectativas
Principais reforços do quadricolor no ataque, Pollero, Ocampo e Tato González anseiam por jogar no Augusto Bauer
Rodrigo Pollero, Matías Ocampo e Agustín González são os principais reforços de um Brusque que sofre na Série B do Campeonato Brasileiro. São apenas 16 gols marcados em 23 jogos, ocupando a zona de rebaixamento desde a sétima rodada.
Ainda que seja injusto esperar que três jogadores, “sozinhos”, salvem um time do rebaixamento, recai sobre o trio uruguaio um inevitável protagonismo na dura missão de permanência na segunda divisão nacional. Porque os três atuam em posições e funções ofensivas, porque os três têm experiência internacional e desempenhos que geram expectativas de dias melhores e mais gols. E o fato de serem primeiros estrangeiros no clube desde a esquecida passagem do sul-coreano Sang-Min Lee em 2008 chama a atenção automaticamente.
E neste contexto de expectativa e ansiedade em torno do Brusque, é com leveza e tranquilidade que os jogadores falam sobre sua chegada ao clube e sobre suas expectativas. Esbanjam paciência para ouvir perguntas de um jornalista brasileiro que se atrapalha demais no espanhol, enquanto compartilham a cuia de mate nas respostas.
Por que Brusque?
Aos 27 anos, o centroavante Rodrigo Pollero é o único que já conseguiu estrear pelo Brusque. Fez a assistência para Rodolfo Potiguar na derrota por 4 a 1 para o Goiás, em 21 de agosto, e atuou também na vitória por 1 a 0 sobre o Sport. Passou os últimos cinco anos na Suíça, transitando entre a primeira e a segunda divisão do país.
Se o Brusque tem, em sua história recente, centroavantes decisivos e imprescindíveis, Pollero terá de mirar o mesmo caminho. Com 15 gols marcados em 30 jogos pelo Bellinzona na última temporada, chega com credencial de que pode ajudar o quadricolor na Série B.
O camisa 99 destaca que um dos motivos para sair da segunda divisão suíça rumo à segunda divisão brasileira foi vir ao Brusque como um dos primeiros estrangeiros do clube em um nível mais alto. Em sua visão, isto mostra o clube querendo dar este passo à frente em seu desenvolvimento.
O quadricolor mostrou uma certeza nas negociações que o fizeram perceber que foi analisado com profundidade. “Isto faz com que o jogador se sinta querido e também me moveu para vir para cá”, explica.
Matías Ocampo já jogou com Pollero no Bellinzona e com González no Nacional. Em 2024, o atacante esteve no Liverpool de Montevidéu, clube pelo qual jogou a fase de grupos da Libertadores. Não apenas isto, o jogador de 22 anos foi campeão uruguaio em 2023, marcando um gol decisivo para a conquista do Clausura, espécie de segundo turno do campeonato nacional. Neste ano, contudo, o Liverpool não tem feito boa temporada.
Mas o que um jogador jovem que era titular na Libertadores procura no Brusque? “é um lindo desafio para mim, vejo apenas assim. É uma linda oportunidade, sabemos que o time está em uma situação difícil, então isso faz você vir, querer vestir a camisa e vir com esta motivação de fora para ajudar o time a ficar um pouco melhor”, explica Ocampo.
“E sabemos que o campeonato do Brasil tem uma grande vitrine, muita gente que vê você, e isto é uma motivação, pelo menos para mim, pessoalmente, é sobre isso. Mostrar meu melhor, poder jogar na equipe e dar este passo tão importante na minha carreira.”
Em Brusque
Agustín González, o Tato, também vem do Liverpool, onde era o camisa 10. Chega para somar qualidade técnica ao meio-campo. Também jogou a Libertadores, mas ficou menos tempo no clube uruguaio do que Ocampo: apenas alguns meses, enquanto o companheiro atuou por lá também em 2023. Pelo quadricolor, já marcou um bonito gol em jogo-treino contra o Joinville, após jogada de Ocampo.
As primeiras impressões sobre a cidade são bastante positivas. González está acostumado ao ambiente de municípios menores, e gostou do pouco que viu de Brusque. “Rodrigo, Matías e eu estivemos na Suíça, que é um país pequeno, e as cidades são pequenas. Estive andando um pouco pelo Centro, e a verdade é que gostei muito. É uma cidade tranquila, calorosa, e isto ajuda o jogador a se sentir bem”, afirma.
Pollero tem a mesma opinião, destacando a tranquilidade brusquense. “Não conseguimos conhecer muito a cidade. Gosto muito da tranquilidade, nisso é muito parecida com o Uruguai, então me deixa confortável.”
Pelo que o centroavante relata da recepção do Brusque, a adaptação ao quadricolor não será um problema. Já começa a se sentir em casa.
“A recepção foi muito boa, muito calorosa, por parte de todos os companheiros, da equipe técnica, dos dirigentes, os funcionários, a rouparia. E após ultrapassar a barreira do idioma, que limita um pouco a partilha com os companheiros, vão passando os dias, seguimos conhecendo todos, vamos conversando mais um pouco e nos incluindo cada vez mais.”
Sem casa
Perguntado se as condições de estrutura do Brusque são muito aquém do que já presenciou em sua carreira, Ocampo afirma que não há problemas neste sentido. Seu anseio é o mesmo de todos os torcedores, jogadores, membros da comissão técnica e diretoria: jogar no Augusto Bauer. É a única ressalva que o atleta faz no momento.
“Não estamos podendo aproveitar este campo, neste estádio, que é onde sempre treinamos. No dia em que pudermos jogar neste estádio, vamos ter força, porque treinamos todo dia aqui. [O clube] está bem, gosto, está organizado. Temos tudo, na verdade. Não tenho nenhuma queixa desde que cheguei”, explica.
“A grama sintética, para mim, é diferente, mas é uma boa grama, com as instalações, é um estádio muito bonito. Sabemos que [o Brusque] é um clube que está em crescimento”, completa Tato González.
Ansiedade pela estreia
Ocampo e González ainda não puderam estrear pelo Brusque. Ocampo chegou a viajar a Goiânia, na expectativa de jogar contra o Goiás em 21 de agosto. Contudo, só foi publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF na sexta-feira, 23. A expectativa era, então, de jogar contra o Sport na última terça-feira, 27.
Contudo, às vésperas da partida, a CBF notificou o Brusque sobre o fato de Ocampo não ter cumprido uma suspensão por conta de um cartão vermelho. Após expulsão num jogo da Copa do Uruguai, em fevereiro, a suspensão automática ainda não havia sido cumprida. No Uruguai, só precisaria ser cumprida na mesma competição, mas o Liverpool já havia sido eliminado. Era necessário, então, adiar a estreia mais uma vez.
Agora, só um imprevisto muito grande tira Ocampo do jogo contra o Operário-PR, nesta segunda-feira, 2. “Me preparei física e mentalmente para este jogo [contra o Goiás], porque minhas expectativa era poder jogar. Mas outra vez a situação não estava pronta com os papéis. Tenho que estar tranquilo mentalmente, que vai chegar meu momento. Para que, quando a oportunidade chegar, eu possa aproveitá-la da melhor maneira.”
Para González, o caminho é um pouco mais longo. Até o fechamento desta matéria, na quinta-feira, 29, seu nome não consta no BID, e o clube ainda terá de se certificar que não haverá imprevistos como a suspensão que Ocampo tinha a cumprir por um cartão recebido há seis meses.
“Estamos um pouco ansiosos para estrear, na verdade. Mas no momento não tenho a documentação pronta. Sempre se quer estar em campo, ajudar os companheiros. E estamos animados, muito contentes com o grupo”, conclui o meia.
Pollero e Ocampo foram apresentados oficialmente em coletiva de imprensa realizada em 7 de agosto. Tato González foi anunciado em 18 de agosto, com coletiva de apresentação realizada nesta quinta-feira, 29, ao lado dos outros reforços da janela de inverno: Gabriel Pinheiro, Gabriel Lima, Jhan Torres e Lorran.
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Platz foi a choperia mais popular de Brusque por anos: