Trotes solidários em instituições de ensino superior de Brusque combatem brincadeiras ilegais
Instituições do município apostam em ações sociais para evitar o "trote humilhante"
Instituições do município apostam em ações sociais para evitar o "trote humilhante"
Após várias mortes pelo país e campanhas contra os trotes, a prática foi completamente proibida em 2011 no estado, por meio de um projeto de lei do deputado estadual Marcos Vieira. Desde então, as instituições têm apostado nos “trotes solidários”, que promovem a integração das turmas por meio da solidariedade.
As três instituições de ensino superior de Brusque – Unifebe, Uniasselvi/Assevim e Faculdade São Luiz – realizam estes trotes solidários. No caso da Unifebe, a ação deste semestre é com a Associação de Voluntários de Saúde do Hospital Joana de Gusmão (Avos). A coordenadora de eventos Luana Alves explica que o objetivo da campanha, chamada “Ajudar faz bem”, é arrecadar produtos de higiene pessoal e de limpeza que são doados à Avos.
A Unifebe já realizou este tipo de campanha solidária em parceria com a instituição da Grande Florianópolis em 2015. Na oportunidade, os estudantes doaram cabelo para o hospital infantil que trata pacientes de câncer. Com o sucesso, diz Luana, a ação repete-se neste ano. Os interessados em contribuir devem entregar os produtos até o dia 11 deste mês.
Para Luana, ao realizar este tipo de ação a faculdade canaliza a energia dos universitários em algo positivo e que traz algum benefício, ao contrário do trote tradicional. Ela afirma que a conscientização entre os acadêmicos tem aumentado muito e não há registros dos trotes humilhantes na Unifebe. Quando há alguma brincadeira, é acompanhada de perto por algum professor ou coordenador, explica.
Na Faculdade São Luiz, o trote deste semestre já ocorreu no dia 20. Os acadêmicos do terceiro semestre do curso de Administração realizaram ação solidária com os calouros. Eles arrecadaram alimentos e produtos de limpeza e de higiene pessoal e doaram para o Lar Menino Deus. Tudo foi organizado pelos próprios alunos.
Everton Caetano é um dos universitários que organizaram o trote solidário. “Um dos pilares da Administração é a cidadania e a consciência. Com essa ação, a gente ajuda a comunidade e promovemos a responsabilidade social”, diz.
Ele considera que este tipo de atividade traz algo positivo para a faculdade, alunos e comunidade. “O trote promove engajamento entre os calouros e os veteranos, tudo foi organizado em conjunto”.
Na Uniasselvi/Assevim, a diretora Graziele Beiler diz que os trotes são igualmente proibidos. A instituição também realiza o trote solidário. A coordenador pedagógica Rafaela Furtado Garcia afirma que a adesão dos calouros à campanha é grande. Neste ano, a instituição irá doar donativos para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Segundo ela, cada calouro é convidado a levar 1 quilo de alimento.
Trotes tradicionais ainda acontecem na região
A Furb, onde muitos brusquenses estudam, também proíbe a realização de trote dentro dos seus campi. O pró-reitor de ensino Mauro Scharf explica que a instituição não organiza as ações solidárias, mas cada centro acadêmico é livre para fazer. “Tem alguns cursos que organizam a recepção aos novos alunos com ações que incluem recolhimento de alimentos e doação de sangue, por exemplo”, diz.
Como tem o curso de Medicina, no qual o trote humilhante ainda é comum em algumas regiões do país, a Furb ainda tem reputação de que seus acadêmicos promovem as “atividades”, mesmo contra as normas. Scharf diz que os professores e seguranças estão orientados a reportar qualquer movimentação neste sentido. Ele acrescenta que se o trote acontecer fora dos domínios da universidade, mas envolver aluno da instituição, é passível de punição.
A Furb possui uma comissão de sindicância que investiga e processa alunos e professores que tomem parte nos trotes, em caso de denúncias. De acordo com o pró-reitor, as denúncias têm reduzido, o que, para ele, deve-se à conscientização.