João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Trump

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Trump

João José Leal

Acostumado a falar em frente aos holofotes dos meios de comunicação, Donald Trump soube fazer um discurso demagógico, com promessas de uma nova era de ouro, capaz de convencer os desempregados e esquecidos da rica sociedade americana. E, mais, soube massagear o ego de boa parte de um povo, em grande parte ainda conservador e racista, que não admite partilhar o território da nação com outras gentes, encaradas como ameaça à sociedade de bem estar construída pelo trabalho de tantos emigrantes vindos de muitas terras distantes.

Estava eu equivocado, ao pensar que as suas propostas, perigosas ameaças, não passavam de discurso demagógico para ganhar a eleição. Porém, o pior aconteceu. Trump, não só ganhou a eleição, estranha vitória com menos voto popular do que sua opositora, mas está colocando em prática ações que podem desestabilizar perigosamente o complicado quadro da política internacional e causar um desastre na economia mundial globalizada. Mal sentou na cadeira presidencial, imaginou-se num trono de reino medieval, para extravasar suas ideias reacionárias, autoritárias e retrógradas.

Num gesto de pura encenação midiática, a pretexto de criar empregos para o trabalhador americano e de fortalecer da indústria de seu país, assinou decreto para retirar os Estados Unidos do Tratado dos Países do Pacífico. Avesso aos avanços da ordem econômica mundial, fundada no livre comércio, na cooperação entre as nações e na solução pacifica dos conflitos, revelou uma postura claramente imperial para renegar compromissos assumidos por seu país, com outras nações. Estranha Ironia da história, é um grande capitalista, governante da nação mais poderosa e de economia mais liberal, a declarar guerra à globalização.

Trump, infelizmente, também não estava brincando quando afirmou que ia mandar construir um muro na fronteira com o México. Em frente às câmeras, lá estava o presidente-apresentador de TV, cabelo espiga de milho penteado para a testa e sustentado no laquê, a mostrar a assinatura do decreto de construção desse muro da vergonha, da discriminação econômica e da intolerância política. Se isso vier a acontecer, com as cercas já existentes, serão 3 mil quilômetros de um muro que pode custar cerca de 40 bilhões de dólares, obra faraônica para separar americanos em pobres e ricos. Engana seus eleitores ao dizer que o México pagará a conta de tamanha loucura de concreto armado.

É triste ver o silêncio dos governantes das pobres e dependentes nações latinoamericanas, que não tiveram coragem para protestar contra tamanha afronta à dignidade de seus povos. No mínimo, poderiam citar o papa Francisco e dizer que, “quem constrói muros, em vez de pontes, não é cristão”.

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