Um a cada quatro médicos não aceita plano de saúde no Brasil
Burocracia, taxas e baixa remuneração são os motivos para o desinteresse dos profissionais
Burocracia, taxas e baixa remuneração são os motivos para o desinteresse dos profissionais
Estudo elaborado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostra que 25% dos médicos brasileiros não aceitavam plano de saúde em 2015. O número nacional também se reflete em Brusque, de acordo com a regional do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc).
O presidente regional do Simesc, Laércio Cadore, explica que hoje a região conta com cerca de 180 médicos, sendo que cerca de 130 são integrantes da Unimed, a maior operadora do município. O percentual fica em torno de 75%, semelhante ao cenário nacional.
Os motivos que levam um em cada quatro médicos a não aceitar os planos de saúde são diversos, porém, o principal é econômico. Cadore explica que o valor médio de uma consulta particular é de R$ 300. Enquanto isso, a tabela dos planos de saúde pagam entre R$ 70 e R$ 130.
O presidente da Associação Brusquense de Medicina (ABM), Denys Deucher, tem opinião no mesmo sentido. “O desinteresse inicial provavelmente é financeiro, pelos baixos valores pagos pelas consultas e as altas taxas de impostos”, afirma.
Além de ter de pagar por consulta, os médicos também devem seguir uma série de burocracias e pagar taxas às operadoras. O presidente regional do Simesc diz que, além disso, existe uma limitação por parte dos planos de saúde. Não lhes interessa ter uma grande quantidade de médicos competindo pelos pacientes.
Ele afirma que a Unimed é a operadora mais forte no município, e também a que melhor remunera os profissionais. Ela é uma cooperativa, assim, os médicos são donos do negócio e tem mais voz, diz Cadore.
Dois lados
Se por um lado o médico que adere ao plano tem de pagar taxas e abrir mão de um valor maior, por outro o plano lhe garante clientela e visibilidade. Cadore diz que o profissional que acaba de chegar à cidade não é conhecido e, provavelmente, terá dificuldade de conseguir pacientes.
O plano de saúde trata de divulgar os nomes deles pela cidade. “A população fica sabendo que você existe, então facilita o acesso ao consultório”, afirma. “Melhor ficar trabalhando continuamente por menos do que de vez em quando por mais”, avalia.
Valor das consultas
Sem o plano de saúde, os médicos são livres para cobrar o quanto quiserem e atenderem quantos pacientes desejarem. O diretor geral do Procon de Brusque, Dantes Krieger Filho, diz que não existe um valor referencial para as consultas, por isso, o valor de R$ 300, em média, não pode ser contestado.
De acordo com ele, o Procon não recebeu nenhuma reclamação de pacientes que se sentiram lesados em consultas médicas.