Um ano de Marmitagate: mãe e irmão de organizadora do projeto também são investigados em Blumenau
Quebra de sigilo bancário identificou que familiares também estariam envolvidos em esquema que movimentou doações do Brasil inteiro
Um ano de Marmitagate se passou, o escândalo do suposto projeto social realizado por uma moradora de Blumenau que movimentou milhares de pessoas nas redes sociais, e enfim houve movimentação na investigação.
Maria Eduarda Poleza Rosa, ou Duda Poleza, que tinha 19 anos na época, é a principal investigada e dona do perfil que solicitava as doações, mas familiares dela agora também estão no radar da polícia.
Atualmente, duas delegacias diferentes atuam na investigação do caso que tem proporção nacional. Uma delas é 1ª Delegacia Regional de Blumenau, com o delegado Isomar Amorim, e outra é a Delegacia de Corrupção (Decor), com André Beckman. Beckman esclareceu apenas que a Decor trabalha em parceria com relação às questões financeiras do crime em investigação.
Ele explicou ainda que a Polícia Civil não pediu a prisão de ninguém por ausência dos requisitos legais. Em princípio, o ato ilícito parou de ser praticado assim que o caso veio a tona. Sobre os possíveis crimes praticados, a Polícia Civil ainda não chegou à conclusão final. “Estamos aguardando a finalização de algumas diligências (em sigilo) para apontar quais são os envolvidos”.
Desde então, as principais ações ocorreram nos pedidos de informação das delegacias, que, de acordo com outras fontes da Polícia Civil, incluíram quebra de sigilo bancário, justamente para observar as movimentações realizadas com o dinheiro doado por pessoas de todo o Brasil. Com estas informações em mãos, chegou-se a conclusão que o irmão e a mãe de Duda Poleza, além de outros familiares, serão inclusos na investigação.
Além da investigação ser complexa e envolver muitos detalhes, ocorreu uma troca geral nas delegacias entre os anos de 2022 e 2023 devido à mudança de cenário político e administrativo, e isso, em geral, ocasiona a interrupção de investigações até que os titulares dos casos consigam tomar conhecimento de tudo.
Um ano de Marmitagate: o Caso das Marmitas
O caso ganhou visibilidade quando diversas pessoas que fizeram doações e outras que seguiram o projeto, começaram a desconfiar da veracidade da ação após um grupo de pesquisa autônomo publicar uma espécie de “dossiê” sobre o caso.
A desconfiança começou pela quantidade de fios (expressão usada no Twitter para contar histórias em uma sequência de postagens) que engajaram nos perfis das duas coordenadoras do projeto, Duda Poleza e sua suposta amiga, Taynara Motta. A Polícia Civil conseguiu a confissão de Duda de que Taynara não existe e foi criação dela.
Ambas publicaram prints de conversas que tiveram milhares de reações e divulgaram ainda mais o projeto. Em um dos casos um rapaz pede fotos nuas em troca de doação, já em outro uma pessoa oferece uma suposta carne vencida para que seja utilizada nas marmitas.
Estupro fake
Num caso mais antigo e grave, Taynara, o perfil falso criado por Duda, contou sobre uma experiência de estupro que teria sofrido. Em todas as publicações o perfil do projeto é divulgado, juntamente com uma chave pix para doações.
A suspeita de golpe se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter. Diversos perfis conhecidos comentaram sobre a questão, denominando o caso como “Marmitagate”. Até o perfil do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que atua fortemente na doação de alimentos nas periferias do Brasil, citou a polêmica.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e acompanhado pelo Ministério Público de Santa Catarina.
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