Um beijo, um abraço e bons exemplos para as nossas crianças
No dia 12 de outubro comemoramos o dia das nossas crianças. É provável que muitas famílias foram às compras para presentear seus filhos, afilhados, sobrinhos, netos, e por aí vai. Compramos e presenteamos, muitas vezes sem saber por quê. Simplesmente “seguimos a manada”. Mais uma vez tentamos compensar nossa “pouca qualidade” na educação familiar com […]
No dia 12 de outubro comemoramos o dia das nossas crianças. É provável que muitas famílias foram às compras para presentear seus filhos, afilhados, sobrinhos, netos, e por aí vai. Compramos e presenteamos, muitas vezes sem saber por quê. Simplesmente “seguimos a manada”. Mais uma vez tentamos compensar nossa “pouca qualidade” na educação familiar com presentes supérfluos, descartáveis e, às vezes, inúteis. Dinheiro jogado fora e oportunidade perdida. Mais teria valido um abraço e um beijo carinhoso, e um sincero “eu te amo, minha criança”.
A data dedicada às crianças é comemorada em diferentes países, e cada país escolhe a data e os tipos de celebração para lembrar de seus pequenos. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), convencionou o dia 20 de novembro para se comemorar o dia, pois foi nesse dia que, em 1959, foi oficializada a Declaração dos Direitos da Criança, que estabeleceu uma série de direitos válidos a todas as crianças do mundo, tais como alimentação, amor e educação.
No Brasil, o decreto nº 4.867/1924 definiu o 12 de outubro como o “dia das crianças”, mas a data não “pegou” logo. Passados mais de trinta anos é que o dia das crianças começou a se consolidar, como resultado de uma campanha bem-sucedida de marketing da indústria de brinquedos Estrela. A campanha publicitária atraiu a atenção de outros empresários ligados à indústria de brinquedos, e continuamente novas campanhas foram lançadas com o objetivo de alavancar as vendas. Aos poucos, a data se consolidou no mercado, e o dia 12 de outubro passou a integrar o calendário de datas comemorativas comerciais.
Infelizmente, a data se consolidou no Brasil por razões muito diferentes das constantes da Declaração dos Direitos da Criança.
Quando a Declaração dos Direitos da Criança fez 30 anos, a ONU aprovou a Convenção sobre os Direitos da Criança, um conjunto de normas que visa a proteção das crianças. Dado à importância desta convenção, em 1990 ela se tornou uma lei internacional e alguns pontos merecem destaque, como, por exemplo: adultos e governos devem trabalhar em conjunto para que as crianças gozem dos seus direitos; as crianças têm direito a descobrir coisas e expressar o que pensam através da fala, da escrita, da expressão artística, respeitados os direitos dos outros; as crianças têm direito à liberdade de pensamento e a prática da religião, sendo competência dos pais ajudar a criança a compreender o que está certo e o que está errado; e que cabe aos pais educar seus filhos e fazer o que é melhor para eles. É um conjunto de direitos que vêm atrelados aos deveres impostos às próprias crianças, mas, especialmente, aos pais, aos responsáveis, às famílias e complementarmente ao poder público.
Atualmente é comum o pai e a mãe trabalharem, e naturalmente a família passa menos tempo junta. Os filhos ficam parte do dia na escola onde recebem educação formal, mas a obrigação primária continua sendo da família. É uma missão que, embora possa ser compartilhada, é indelegável. É no seio da família que se formam e se consolidam os valores fundamentais da sociedade, apesar de alguns pais desejarem “delegar” a sua própria responsabilidade à escola, ao poder público ou – na pior das hipóteses –, deixam que “as ruas” cumpram esse papel, e aí perdem seus filhos de vez.
O que nossas crianças precisam é da força, da união, do amor e do bom exemplo da família, muito mais do que de presentes que logo são deixados de lado. Precisam de limites, de um “não” quando necessário, e de motivação. À família, cabe a consciência de que nem sempre “estar junto” é sinônimo de qualidade.