Um Conto de Natal em Quatro Capítulos
Aurora saltitava de alegria enquanto exclamava:
– É música de Natal, escutem os sininhos! Puxava os avós, dizendo:
– Rápido Francisco, o desfile já está começando!!!.
Ela gostava de tomar a frente das situações, era sapeca e ágil. O irmão gêmeo, Francisco, era mais tímido e costumava acompanhar a irmã nas brincadeiras.
Abrindo espaço no meio da multidão, eles se posicionaram sob um alpendre, ao lado da porta principal da Confeitaria da Dona Trude. Aurora e Francisco sentaram no meio fio da calçada e Omi Catharina e o avô Pedro permaneceram em pé. A música estava cada vez mais próxima, e logo os primeiros personagens começaram a aparecer na esquina. O desfile era rico em adornos, com crianças e adultos de todas as idades se misturando entre o colorido de purpurinas e luzes.
A banda de sinos abria o desfile. Crianças tocavam músicas natalinas. As pequenas bailarinas dançavam ao som da canção “Natal das Crianças”.
Na sequência, um verdadeiro batalhão de simpáticas Mamães-Noel trajando vestidos de cores variadas vinham distribuindo doces e sorrisos a adultos e crianças.
Era puro encantamento. Francisco olhava admirado para os bonecos que lembravam enormes bolachas natalinas.
Então, a Cantata de Natal passou anunciando a próxima atração que já se aproximava: o Presépio Vivo.
Logo em seguida, vinha São Nicolau acompanhado das Christkindl.
– Por que essas mocinhas vestidas de branco tem um véu no rosto, Vô? Elas estão parecendo uma noiva, disse Francisco.
O avô respondeu: – Conta a lenda que Nicolau havia se casado com várias mulheres, e sempre solicitava que elas entregassem presentes às crianças pobres. Por isso hoje elas aparecem vestidas de noiva e o acompanham distribuindo presentes. São chamadas de Christkindl – que significa bondade.
Algumas crianças e adultos olhavam assustados para a atração seguinte que já se aproximava: era a vez do Pelzinickel, figura monstruosa, um assombroso Papai Noel do mato. Aurora – sempre tão corajosa, pediu colo e se agarrou forte no pescoço da avó, dizendo:
– Omi, quem são esses bichos feios? Estou com medo!
Enlaçando a neta num abraço protetor, a avó explicou:
– É o Pelznickel, minha querida. Um personagem da tradição germânica, que lembra um monstro chifrudo que vem do mato.
Os Pelzinickel foram se aproximando. Alguns vinham em grupos e tinham nas mãos chicotes, correntes ou varas. Pelo corpo, traziam adereços como sinos e chupetas infantis. Um deles, medonho, coberto de barba de velho e com algumas chupetas penduradas no chifre aproximou-se das crianças e perguntou:
– Você são malcriados com o papai e com a mamãe? Se forem, eu vou levá-los junto para o mato.
Francisco se agarrou às pernas do avô, mas foi corajoso e respondeu:
– Somos bem-comportados.
Aurora estava com os olhos arregalados, agarrada ao pescoço da avó, mas não chorou.
O Pelzinickel, então disse:
– Muito bem, crianças. Sejam obedientes, respeitosas, ajudem o próximo e sejam tementes a Deus. Deu um tchau e então se afastou….
Fechando o desfile, vieram mais dois Papai-Noel jogando balas: um com casaco esverdeado e de peles, lembrando o papai Noel europeu, e outro com a atual roupa vermelha…
OBS:
Se você perdeu a primeira parte deste conto – publicada na edição do dia 4 deste mês no Jornal Município dia-a-Dia -, acesse o blog http://municipiomais.com.br/um-conto-de-natal-em-quatro-capitulos/ e acompanhe o conto na íntegra.