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Um Conto de Natal em quatro capítulos

Francisco e Aurora acordaram ansiosos, chegou o dia da tão esperada visita ao asilo.  Eles queriam presentear os velhinhos com os doces de Natal que haviam preparado com tanto carinho.

– Vamos, crianças! Chamou o avô Pedro.

– Tragam a sacola de doces com cuidado, completou Omi Catharina.

A família tinha por hábito visitar asilos no tempo do Advento.

Na semana que antecedeu a visita, haviam reunido as crianças da vizinhança e feito várias latas de docinhos de Natal.

Foi uma grande aventura: misturar, amassar, esticar, cortar os doces com as forminhas de motivos natalinos, assar, passar a cobertura branquinha de claras e açúcar e finalmente decorar com confeitos coloridos (Weinachstskuchen, como dizia Omi).

Que delícia!

Chegando ao asilo, abraçaram os idosos e distribuíram sorrisos e doces. Depois, sentaram-se junto a eles numa grande roda…era o momento da contação de histórias! Johann, um senhor de mais de 90 anos, cabelos grisalhos e bastante lúcido para sua idade, passou a narrar a sua história de Natal.

Quando eu era criança, meus pais falavam de uma lenda que se passara na Europa. Contavam que naquele lugar havia um homem muito rico, mas que vivia sozinho pois ninguém gostava dele. Ele se chamava Nicolas e era conhecido por ser malvado, bravo, egoísta, uma pessoa que não ajudava ninguém. Tinha uma empresa próspera, e um sócio, chamado José. No entanto, seu sócio teve um infarto e morreu subitamente. Então José começou a aparecer diariamente nos sonhos de Nicolas, dizendo sempre a mesma coisa: – Eu fui um homem egoísta. E de repente eu parti, sem ter tempo de me arrepender. Mas você está vivo e ainda pode mudar a sua vida e o destino das pessoas que estão próximas a você.

            José dizia: – Nicolas, ainda é tempo de melhorar. Você precisa ajudar as pessoas. Se esforce para colocar um sorriso no rosto todos os dias, seja amável e não diga palavras rudes. Mude o seu comportamento e faça a vida valer a pena!

O mundo vivia tempos difíceis, havia muita fome, faltava trabalho e as pessoas passavam necessidade.

Depois de sonhar várias vezes com José, Nicolas entendeu a mensagem e decidiu mudar: limpou as janelas, plantou flores, derrubou a cerca da casa e passou a cumprimentar a todos.

Ao invés de enxotar as pessoas, começou a dar pão para quem lhe pedia comida.

Naquele Natal, ele chamou seus vizinhos e juntos enfeitaram um pinheirinho com papeis, frutas, flores e barba de velho colhida no mato.

  A árvore ficou linda, colorida, cheia de vida!

Era o retrato do amor incondicional que une nações e gerações.

 

Como era inverno e o frio era intenso, Nicolas vestia seu casaco verde acinzentado com detalhes em pele, fechado por um cinturão.Para proteger a pele sensível do rosto, usava a barba branca sempre comprida.

As botas pretas estavam gastas, mas agasalhavam seus velhos pés e, para comemorar o nascimento do Menino Jesus, Nicolas preparou uma grande quantidade de sopa de batatas. Dividiu o pão e serviu sopa para todos os que tinham fome.

Depois, chamou as crianças e presenteou cada uma delas com doces.

Agora ele era um homem feliz!

E, a partir daquele tempo, passou a fazer isso todos os Natais.

Outras pessoas copiaram a ideia, que se espalhou pelo mundo. E assim nasceu a lenda do Papai Noel…