Francisco e Aurora passaram os últimos trinta dias com os avós. Foram inúmeras atividades enquanto a família se preparava para o maior evento do ano: a festa do nascimento de Jesus.
Era o último domingo do Advento, e as quatro velas da coroa haviam sido acesas.
Na volta da igreja, foram até a praça tomar um sorvete. O dia estava lindo, ensolarado e agradável. Crianças se divertiam no playground, outras brincavam de pega-pega, algumas faziam esculturas na areia e famílias inteiras passeavam. Aquele era um rico momento de vida em comunidade.
Estenderam uma toalha e sentaram à sombra de uma árvore centenária, cujas flores exalavam um leve perfume. Foi quando Aurora perguntou, na objetividade que havia herdado de Omi Catharina:
– Hoje o Pastor falou que o menino Jesus nasceu para nós e que ele é chamado: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Como pode um só menino ter tantos nomes?
O avô Pedro, com sua sabedoria e força espiritual, explicou:
– O Pastor mencionou um trecho da Bíblia no qual Jesus é identificado por diferentes nomes, e cada um define algumas de suas características. A expressão “Maravilhoso” significa que ele é muito especial; “Conselheiro” significa que quando estamos numa situação difícil podemos chamá-lo pois ele nos aconselha; “Deus Poderoso” significa que não existem limites para o seu poder; “Pai Eterno” significa que antes mesmo de ser gerado, Jesus já preexistia e estava na criação de tudo e “Príncipe da Paz” significa que ele tem autoridade para ordenar a verdadeira paz.
Omi acrescentou: – Jesus também é chamado de Emanuel, que significa Deus conosco.
– Que interessante, disse o pequeno Francisco. E o que significam os nossos nomes?
A avó respondeu: – Vocês foram gerados com muito amor, e a família toda esperava ansiosa pelo nascimento de vocês, assim como a humanidade ansiou por Jesus. Quando seus pais souberam que teriam gêmeos, decidiram que a mãe escolheria o nome do menino e o pai da menina. Como Sofia – a mãe de vocês-, adora animais, logo escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, conhecido no mundo inteiro por sua ligação com os animais, concluiu Omi, olhando amorosamente para o netinho.
– E por que a escolha do meu nome? Perguntou Aurora, curiosa.
O avô Pedro tomou a pequena no colo e, fitando-a nos olhos, respondeu:
– Cabia a Gabriel – o pai de vocês -, escolher o teu nome, mas ele estava muito indeciso. O dia começava a amanhecer e um raio de sol iluminava levemente o quarto na hora em que vocês nasceram. Quando ele te tomou nos braços, te olhou primeira vez e tocou teu cabelinho dourado, decidiu: você seria Aurora, aquela que brilha para a vida!
Os quatro estavam abraçados quando, ao longe, começou a tocar uma canção natalina. Aurora rapidamente se pôs de pé, lembrando aos demais:
– Papai e mamãe vão chegar hoje, e nós ainda precisamos enfeitar o pinheirinho!
Puxando os avós pelas mãos e já caminhando em direção à casa, Francisco disse, todo animado: eu quero pendurar as bolinhas coloridas e colocar a estrela na ponta da árvore. O senhor segura a escada, vô?
– E eu quero colocar a barba de velho, o algodãozinho e o pisca-piscas, completou Aurora.
– Combinado! E depois de decorar o pinheirinho, vamos juntos preparar a ceia de Natal, disse Omi.
Pedro e Catharina cruzaram um olhar amoroso, fitaram os netinhos e elevaram o pensamento aos céus, dizendo: – Como é grande o Teu amor. Obrigado, Senhor!
Eis o sentido da vida, caro leitor…
