Um pouco sobre as nossas mulheres: Selma Wagner Renaux
É março outra vez, mês dedicado às mulheres e, ao longo deste mês, esta coluna dedica homenagem a algumas mulheres que fizeram história na comunidade regional e que já não estão entre nós. A primeira homenageada será Selma Wagner. Selma era a filha de Peter Wagner e Fredericke Metzner. Nasceu em Blumenau no dia 08/12/1865 […]
É março outra vez, mês dedicado às mulheres e, ao longo deste mês, esta coluna dedica homenagem a algumas mulheres que fizeram história na comunidade regional e que já não estão entre nós. A primeira homenageada será Selma Wagner.
Selma era a filha de Peter Wagner e Fredericke Metzner. Nasceu em Blumenau no dia 08/12/1865 e foi criada entre os colonos pioneiros do Vale do Itajaí. Foi aprendiz de professora. Selma despertou o interesse de Carlos Renaux que, ao imigrar para o Brasil em 1882, se estabeleceu em Blumenau e caiu num meio de comerciantes bem relacionados, onde se empregou e acabou conhecendo a esposa.
O noivado aconteceu em agosto de 1883 e o casamento foi celebrado no dia 19/02/1884, na Igreja Luterana em Blumenau. Selma trouxe para o casamento bom dote para começar a vida e sólidas raízes na região. No seu tronco familiar, vamos encontrar os Baumgarten, Moellmann, Hoepcke, Altenburg, Brückheimer, Hering, etc., que, casados com membros da família Wagner, renderam a Carlos Renaux boas relações empresariais e políticas. Após o casamento, Selma e Carlos se estabeleceram em Brusque.
A vida em Brusque
Para a jovem esposa, os primeiros anos em Brusque foram iguais aos de tantas outras mulheres casadas que dividiam sua atividade entre o negócio familiar e o domicílio. No início, o casal morava numa casa no Centro, junto ao pequeno comércio que ele administrava. Depois que Carlos Renaux fundou a fábrica de tecidos, o local de trabalho passou a ser separado da casa de moradia. A casa e a venda permaneceram no Centro e fábrica foi instalada 3 km além.
Guiada pelos princípios simples de quem lida com a terra, Selma encontrou no casamento com “um moço da cidade”, ávido de refinamento e de progresso, momentos difíceis. O marido viajava muito (e então Selma era vista controlando as instalações da fábrica) – e no retorno trazia em sua bagagem as influências da burguesia europeia, às quais ela tinha de sujeitar-se.
Por volta de 1900, a família passou a residir num palacete construído no Centro, de três andares, pintado de rosa, terraços de ferro e um gramado circundado por esculturas representando as profissões. Foi a primeira casa em Brusque servida por encanamento, luz elétrica e dependências sanitárias com água corrente. Não era mais uma residência comum. Seguindo o modelo burguês da época, pelo qual os mais bem-sucedidos buscavam possuir bens imóveis em primeiro lugar – o palacete era o signo indispensável de distinção entre os burgueses –, quando aparecer era mais importante do que ser.
O palacete devia ser o símbolo do status alcançado pelos Renaux. Crianças, hóspedes, negócios, tudo se misturava naquela atmosfera. Ali eram recebidas pessoas importantes, desde empresários até políticos influentes. E Selma, além de auxiliar nos empreendimentos, devia garantir a infraestrutura de hospitalidade em casa. Dentro desse ambiente confortável e luxuoso, “trabalho e muito trabalho” é o que Selma tinha pela frente todos os dias.
Os filhos
Como mãe, Selma costumava brincar com os filhos, era amorosa e em tudo irradiava calor. Selma e Carlos tiveram 11 filhos, sendo 3 mulheres: Sophia, Maria, e Selma Carolina, e 8 homens: Max e Oscar (faleceram ainda bebês), Júlio, Carlos Júnior, Paulo, Luis e Guilherme. O quarto filho – Otto – foi o continuador da obra do pai.
O fim
Selma morreu às 18h45 do dia 29/09/1912, com 48 anos de idade, em consequência de leucemia. Em seu túmulo, encontramos a epígrafe que resume sua vida:
“Se a vida foi bela, foi trabalho e preocupação.” (Salmo 90, versículo 10)
Fonte: Maria Luíza Renaux. Livro: O outro lado da história: o papel da mulher no Vale do Itajaí, 1995.