Um quase nada dos Golden Globes
Ainda estou com sono. É o jet lag das premiações
cinematográficas, que teimam em acontecer tarde da noite, sempre aos domingos.
Talvez esta seja uma das razões do ódio generalizado às segundas-feiras: depois
de esperar até as duas da manhã para saber qual foi o filme escolhido como o
melhor de 2012 pela Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood,
só mesmo acordando de mau humor, sentindo os pelos alaranjados do Garfield
crescer em nossa pele.
Se bem que valeu a pena. Sempre vale a pena quando as coisas
fogem do óbvio. Todo mundo estava preparado para uma chuva de prêmios para
Lincoln, do Spielberg. Mas os jornalistas estrangeiros resolveram premiar Ben Affleck
e seu Argo, fazendo todo mundo comentar que o Oscar bobeou. E tudo ficou
mais interessante, sobrando inclusive para a premiação da Academia, no final do
próximo mês.
Claro que nem tudo foi surpresa: Amor ganhou melhor filme
estrangeiro (não vou nem contar que achei o filme chatíssimo, não só
deprimente, como parece ser uma das intenções da obra, mas também arrastado e
irritante. Não tem jeito, sou uma viciada no ritmo hollywoodiano…) e Daniel
Day-Lewis ganhou como melhor ator em drama. Les Misérables também levou sua
cesta de prêmios, facilitada, é claro, pela divisão em categorias que o coloca
junto às comédias.
Quem também deve estar feliz até agora é Lena Dunham, já que
não só ganhou como melhor atriz em série de comédia como ainda a sua série, Girls, foi a
vencedora na categoria. É bem difícil entender o hype. A série não é horrível,
obviamente. Mas não merece o tanto de elogios – e agora prêmios – que tem
recebido desde seus primeiros episódios. Homeland, que ganhou na categoria
drama, teve mais comentários positivos. Hora de colocar na lista para futuras
maratonas.
Tenho a leve impressão de que o ponto alto da noite foi o
discurso de Jodie Foster. Elogiadíssimo. Causou choros emocionados por toda a plateia
(cheia de excelentes atores, é bom lembrar) ao receber o prêmio Cecil B.
DeMille. Confesso que não consegui me concentrar e prestar atenção em todo o
discurso. Não que tenha sido enfadonho, mas foi levemente interminável. Ana
Maria Bahiana, no Twitter, disse que não se corta discurso desse prêmio
especial. Nem sempre a educação dá bons resultados.
As reações ao discurso, hoje, parecem ser do tipo que ela
queria evitar: em uma conversa sobre privacidade nos dias que correm, todo
mundo só queria saber se ela saiu do armário, sutilmente ou não. Para quem tem
interesse no causo, aqui tem o link com transcrição do discurso. Em inglês.
Ou você pode ver via YouTube, também no original.
Eu ainda prefiro a alegria espontânea da não atriz Adele.
Ela é uma bonitinha, mesmo.
E também temos uns bonitinhos…