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Um em cada quatro estudantes de Guabiruba possui alguma alteração visual, diz estudo

Baixa visão e necessidade de óculos são os problemas mais encontrados entre crianças e adolescentes

Cerca de uma em cada quatro crianças e adolescentes, nas escolas de Guabiruba, apresentou alguma alteração visual e tem necessidade de avaliação pelo oftalmologista. O resultado é do projeto Visão na Escola, realizado pela médica oftalmologista Maiara Dalcegio Favretto.

Mais de três mil estudantes, entre cinco e 18 anos, foram avaliadas. Deste total, 2.599 preencheram critérios de inclusão no estudo, e 24,2% delas possuía alguma alteração na visão.

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Segundo Maiara, a grande maioria das crianças tinha baixa visão e necessitava de óculos. “Muitas delas tinham queixas que conseguem enxergar, mas tem cansaço, ou não consegue ler mais do que meia hora, ou que não consegue estudar ou se concentrar”, explica.

Outros problemas identificados pelo projeto foram alergias oculares e inflamações em regiões dos cílios (blefarite). No geral, Maiara encontrou diversas situações que poderiam ser resolvidas, caso uma avaliação de um oftalmologista fosse feita.

“Aqueles alunos que já estavam com oito anos de idade e ainda não sabiam ler, ou outros que eram considerados hiperativos, porque não conseguiam se concentrar, ou malandros, porque não conseguiam estudar. Na verdade eles tinham grau, só faltava o óculos”, destaca.

Com a autorização da Secretaria de Educação do município, o projeto entrou em contato com todas as escolas do município e apenas uma preferiu não receber a iniciativa, por falta de espaço. Ou seja, no total 18 unidades foram atingidas, em um período de um ano.

Uma equipe treinada fez as visitas e realizou exames de acuidade visual nos alunos. Também foram dadas orientações sobre os cuidados da saúde visual, voltadas aos alunos, professores e pais.

Para realizar o projeto, foram usados recursos privados da Clínica Íris Medicina Especializada, sem gastos para as escolas ou para a prefeitura.

Prevenção é o objetivo

“A gente, como oftalmologista, se sente corresponsável pela saúde visual da cidade. A infância é a melhor época que o profissional consegue atuar para prevenir uma sequela para a vida adulta”, conta Maiara.

Segundo a médica, o principal período para o desenvolvimento da visão é até os sete anos de idade. As alterações que não são corrigidas até essa idade podem se tornar irreversíveis.

“Às vezes um simples óculos resolveria. Chegavam no consultório muitas crianças de dez ou 11 anos, que não sabiam que um olho não enxergava, ou que estavam com baixa visão, e não tinha mais o que fazer”, explica.

De acordo com Maiara, os resultados são importantes para a construção de uma estatística nacional. “Comparamos com outros estudos no Brasil e a nossa estatística é uma das maiores. A gente avalia o quão importante é ter uma avaliação oftalmológica na infância”, conta.

Alcance nacional

Na quinta-feira, 4, Maiara apresentou o projeto Visão na Escola no 10º Congresso da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, em São Paulo. “Ficamos muito gratos pelo convite. Fizemos porque sabíamos que era importante fazer, e quando recebemos reconhecimento isso gera um estímulo”, diz.

O congresso reúne todas as áreas da oftalmologia e conta com a presenta de especialistas renomados de todo o país.

Para a médica, estar em um evento nacional contribui com sugestões de colegas, a fim de aprimorar as técnicas aplicadas na região. “É legal saber que a gente não está sozinho e que existem vários outros projetos pelo mundo afora. Alguns semelhantes, ou diferentes, é legal os oftalmologistas se unirem por uma mesma causa. Todos crescem quando a gente compartilha”, relata.

Próximo passo

As visitas terminaram em 2017 e a estruturação do estudo ocorreu no ano seguinte. Agora, uma segunda etapa está a caminho: buscar cada uma das crianças com alteração visual, e comparar o ‘antes e depois’ delas.

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O maior objetivo é conscientizar a população, o poder público até os próprios oftalmologistas. “Criança que enxerga mal normalmente não reclama que enxerga mal. Pois quem sempre enxergou assim, não sabe o que é enxergar normalmente”, conta a oftalmologista.

“Por isso a segunda etapa é conscientizar os pais a fazerem exames de rotina nos filhos, mesmo que não há uma queixa”, finaliza.