José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Uma mãe que chora

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Uma mãe que chora

José Francisco dos Santos

Em 19 de setembro de 1846, em La Salette, na França, duas crianças, Maximino e Mélanie, avistaram uma bela Senhora, sentada numa pedra, que chorava copiosamente. Ao aproximarem-se dela, ela se apresentou como a Virgem Maria, que chorava pelos males da humanidade, pelos desvios morais, pelo descaso, pelo esquecimento do sagrado. Com a humanidade afundada na decadência, a Senhora profetiza males terríveis que haveriam de vir, que se abateriam sobre a família e a sociedade: “os líderes políticos terão a Inteligência obscurecida, os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus.

Toda ordem e toda justiça serão calcados aos pés. Não se verá outra coisa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e sem amor pela família. […] Os governantes civis terão todos um mesmo objetivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo e a toda espécie de vícios. […] Os maus estenderão toda sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente. […] Os justos sofrerão muito…”

Difícil não reconhecer, nessas palavras, nossos dias atuais. Naquele período do século XIX estavam nascendo e se fortalecendo as filosofias destrutivas, que penetraram nas entranhas da cultura mundial nas décadas que se seguiram, deixando a cultura inteira carregada de materialismo, de ateísmo, de niilismo. Não só os valores e as instituições religiosas foram questionados, mas a própria racionalidade e a tradição intelectual legada pelos grandes gênios do passado. Essa tendência já tinha aparecido no final da Idade Média, durante o chamado “renascimento”, um neopaganismo, que se opunha ao pensamento judaico-cristão, que construiu a Europa após as invasões bárbaras.

Maquiavel já preconizava uma política totalmente afastada da religião e dos valores morais, e o pensamento moderno foi desenvolvendo a ideia nefasta de que é o ser humano, com sua capacidade racional, que estabelece a ordem do universo. Daí foi um passo para que a construção virasse desconstrução, e o pensamento descambou para a negação de qualquer sentido. Vivemos as consequências nefastas dessa mentalidade, com a propagação da propaganda mentirosa, do materialismo raso, da exaltação do crime e da fraude, do endeusamento dos crápulas, da corrupção que se instala na alma desde a mais tenra idade, através da “arte”, da deseducação, do desleixo.

O que podemos fazer? É preciso seguir as recomendações da mulher chorosa de La Salette. Precisamos de um renascimento das nossas convicções morais, das virtudes. Precisamos de uma conversão intelectual, espiritual, moral, estética, que nos faça perceber os terríveis males dessa cultura decadente, que já nos parece normal, e firmar nossa convicção nos valores tal cultura quer fazer desaparecer. Se começarmos a pensar que as coisas estão normais, é sinal de que a nossa identidade já está dissolvida. Que Deus nos livre desse fosso.

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