União em dose tripla: conheça história das trigêmeas brusquenses que completam 85 anos

Irmãs conversam por telefone todos os dias

União em dose tripla: conheça história das trigêmeas brusquenses que completam 85 anos

Irmãs conversam por telefone todos os dias

Josefina, Maria e Eulina nasceram, nesta ordem, no dia 25 de fevereiro de 1938. No sábado, 25, as trigêmeas brusquenses completaram 85 anos. Com muita história guardada na memória, elas não esquecem da união na infância, que seguiu durante os anos e continua atualmente.

Quando completaram 80 anos, em 2018, uma festa com familiares e amigos juntou cerca de 100 pessoas. “Neste ano, em 2023, cada uma festejou na sua casa no sábado, pois todas têm muitas amizades. Domingo, festejamos juntas”, conta Josefina Visconti Frena, a Fina.

Josefina, por exemplo, acordou cedo para fazer os preparativos da festa. As trigêmeas gostam muito de cozinhar, e isso não é segredo para ninguém. “No sábado, levantei às 4h30 e fiz três fornadas de pão. Fiz de trigo, de fubá, pensei que não daria [para todos] e fiz mais”, diz.

Trigêmeas
Trigêmeas comemoraram aniversário juntas no domingo. Foto: Arquivo pessoal

Primeira entre as irmãs a nascer, Josefina veio ao mundo com apenas 600 gramas. A expectativa de vida nos primeiros dias após o nascimento não era alta, e o batismo foi marcado dois dias depois do registro das irmãs no cartório.

“Meu pai chegou em casa e disse para minha mãe que já havia arrumado padrinho. Minha mãe ficou abismada. Tínhamos um peso muito inferior”, conta Josefina. Ela relata que o padre que a batizou não acreditava que ela chegaria em casa com vida.

As outras duas irmãs, Maria e Eulina, nasceram com 900 g e 1,1 quilo, respectivamente. O peso fugia do ideal para o nascimento de uma criança. Segundo elas, o fato de nascer no mês de fevereiro, durante o verão, foi importante para garantir que sobreviveriam.

Os serviços e compromissos da vida adulta começaram muito cedo na vida das três irmãs. Ainda crianças, elas começaram a trabalhar. Entre os empregos que tiveram na juventude, um deles foi na fábrica da Buettner.

Assim como nos dias atuais, em que os pais de gêmeos optam por vestir os filhos com as mesmas roupas, Josefina, Maria e Eulina também usavam as mesmas vestes na infância. “Até cinco anos, nos vestíamos iguais”, diz Eulina. “O pessoal confundia”, completa Josefina.

Eulina, Maria e Josefina quando crianças. Foto: Arquivo pessoal

“Depois, na fábrica, botávamos a roupa uma da outra, pois era igual. O pessoal dizia ‘tu és a fulana’, mas não, ‘a fulana’ era a minha irmã (sic)”, relembra a irmã caçula do trio, Eulina Visconti de Souza.

O trabalho desde cedo tornou a infância delas muito diferente do que é a das crianças de hoje em dia. O apego entre as irmãs era muito forte. Sendo assim, quando uma ia trabalhar, a outra chorava de saudades.

Trio de irmãs com 10 anos, durante primeira comunhão. Foto: Arquivo pessoal

“Nós éramos muito apegadas”, reforça Maria Visconti Popper, que trabalhou como empregada doméstica. “Quando éramos meninas, a Maria foi trabalhar de empregada. Eu chorava muito e perguntavam o que eu tinha. Só tinha saudades”, diz Josefina.

Os anos se passaram, elas cresceram e se casaram. Josefina e Maria são viúvas. As duas tiveram quatro e cinco filhos, respectivamente. Dois dos cinco filhos de Maria faleceram ainda prematuros. Já Eulina teve nove filhos, e dois também faleceram.

Para cuidar dos filhos, elas nunca compraram fraldas. Sempre usaram panos. Naquela época, as famílias no geral eram pobres. Até haviam pessoas ricas na cidade, mas era uma pequena minoria.

Eulina relembra com carinho do filho Cláuzio de Souza, o Caio. Ele era deficiente, mas isso não impedia que fosse muito inteligente. Criativo, Caio pegava as edições do jornal O Município e fazia cestas e cachepôs artesanais.

“Ele podia ser advogado. Ele conhecia de tudo e lidava muito com computador. Ele morreu com 53 anos. Que tristeza… Dentro de uma semana, ele ficou doente e faleceu”, relata Eulina.

Vindas de uma família de 11 irmãos, sendo seis homens e cinco mulheres, a união sempre esteve presente na casa delas. Com o passar dos anos, a família cresceu ainda mais, com a chegada dos filhos e netos.

Irmãs durante entrevista ao jornal O Município. Foto: Wendel Rudolfo/O Município

Não é todo dia que elas vão na casa uma da outra, mas a ligação por telefone sempre acontece. “Por telefone, é quase todo dia”, afirma Eulina. “Sentimos falta quando não telefonamos”, completa Josefina.

Os assuntos tratados por telefone são vários. As trigêmeas ligam entre si para falar da família, de receitas de remédios e outros assuntos discutidos na ligação. Passadas oito décadas e meia de vida, a amizade entre as irmãs segue presente.

Confira mais fotos:

Arquivo pessoal
Wendel Rudolfo/O Município
Arquivo pessoal

*Colaborou João Henrique Krieger


– Assista agora:
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