Única opção pública para Educação de Jovens e Adultos em Brusque não é adaptada
As salas do Ceja ficam no segundo andar de um prédio que não tem elevador. Segundo diretores do Ceja e SDR uma sala no térreo será alugada nos próximos dias
Para quem não teve oportunidade ou não conseguiu concluir os estudos no ensino fundamental e no ensino médio, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma opção.
Thomas Rosembach tem 23 anos e estudou até a 8ª série. Em 2007 sofreu um acidente e passou a depender da cadeira de rodas para se locomover. Aposentado por invalidez, ele recebe um salário de, aproximadamente, R$ 700 e conta que tem procurado emprego, mas as empresas exigem a conclusão do ensino médio. A única opção gratuita, o Centro de Educação para Jovens e Adultos (Ceja) de Brusque, fica no centro, mas atende no segundo andar de um prédio que não tem elevador.
Ele conta que há três anos tenta uma vaga e não consegue:
– Nunca retornam, eu ligo de novo e dizem que não abriu turma. Passa o tempo, eles esquecem, eu ligo de novo e assim vai.
A solução que deram a ele é que um amigo o ajude a subir as escadas. Ele já fez cursos pela internet e quer cursar o ensino médio para fazer um curso de manutenção de computadores. A maioria dos lugares que frequenta têm acessibilidade ou os que não têm alegam estar providenciando.
– Acho que as pessoas pensam que o cadeirante é menos capaz. A única coisa que não consigo fazer é subir escadas. O que falta mesmo é oportunidade – salienta Thomas.
Respostas
Segundo Paulo Sergio Pereira, diretor-geral do Ceja de Brusque, o prédio é ocupado pela instituição desde 1997 por falta de disponibilidade de outros locais. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional – SDR queria mudar de local, mas uma pesquisa com os alunos revelou que eles preferem que o Ceja continue no centro, pela proximidade com o terminal urbano.
De acordo com o gerente de Educação da SDR, Moacir Merízio, poucas pessoas cadeirantes procuraram pelo Ceja até agora, pelo fato de saberem que o local não é adaptado ou pela falta de demanda. Ele salienta que foi cogitada a hipótese de mudar o Ceja para uma escola no bairro Cedrinho, mas que pela localização não ser centralizada, a escola perderia muitos alunos.
– A ideia é continuar ali. Outro local no centro não temos para alugar. E se a demanda começar a acontecer vamos alugar uma sala no térreo. É a única saída – declara Merízio.
O diretor do Ceja confirma que a procura é pequena, e que em 2012 um aluno cadeirante solicitou uma vaga, mas não chegou a iniciar os estudos. Ele afirma, ainda, que a reivindicação de instalação de um elevador no prédio é antiga e que na renovação do contrato de locação, que está prestes a ser assinada, foi solicitada uma sala no térreo para o atendimento a deficientes físicos e visuais. Pereira não informou quando o novo contrato será assinado.
O Ceja não atende a nenhum aluno deficiente no momento, mas o diretor ressalta que é possível e que a Secretaria de Estado de Educação também disponibiliza aulas para deficientes visuais e a contratação de professores específicos. “Já houve casos de, se o aluno se mostrar interessado, o Ceja ceder o material, o professor dar atividades à distância e uma vez por semana ir à casa do aluno.”