Unidas pela maternidade
Elas se conheceram do dia do nascimento dos filhos e desde então trocam experiências diariamente
Elas se consultaram na mesma clínica, com o mesmo médico, Fernando Sanches, em Blumenau. Hoje, as duas moram em Brusque e são mães de gêmeos. Mas entre as várias coincidências do destino, o que as uniu foi o dia do nascimento dos filhos.
Tatiane fez o tratamento durante um ano e meio para engravidar. Após a primeira fertilização, ela soube que esperava trigêmeos, mas infelizmente perdeu um dos bebês. Com isso, a gestação ficou mais complicada, a placenta baixou e Tatiane precisou de muito repouso.
Enquanto isso, Jeniffer fez três fertilizações, duas em Joinville, mas que não deram certo, e a última em Blumenau. Ela teve uma gestação tranquila e não precisou fazer repouso. Por ser muito magra, ao fim da gestação a mãe brinca que só tinha barriga. “Eu estava quase caindo para frente”, conta, rindo. Na reta final, ela ficou em casa, pois era difícil se mexer normalmente devido ao tamanho da barriga.
Para Tatiane, conseguir ser mãe na primeira tentativa da fertilização foi incrível. “Era o que planejávamos há muito tempo. Foi maravilhoso sem sombra de dúvida”, afirma. No primeiro ultrassom, o médico disse que ela carregava apenas um bebê, mas a quantidade de crianças foi aumentando conforme cada exame. Quando descobriram os três, ela e o esposo Vagner Dallabrida, 40, tiveram um susto.
“Começa a bater a preocupação da educação, cuidar. Sai tudo da zona de conforto”, revela.
Até o nascimento, os pais não souberam se teriam meninos, meninas ou um casal. Tatiane fez uma promessa para Santa Paulina, que se o tratamento desse certo e as crianças viessem com saúde, ela não precisaria saber o sexo. Ela lembra que ficou conhecida no hospital como a ‘mãe que não sabia o sexo’.
Jeniffer estava tão ansiosa para saber se havia engravidado que fez exatamente o contrário do que o médico pediu: um exame de farmácia. Ela fez o teste no dia que ela e o esposo completavam 10 anos de casados. Ela lembra que ninguém identificava o risquinho característico do exame, mas garante que viu o resultado positivo. Ao contrário da amiga, ela preferiu fazer o exame para descobrir o sexo do bebê.
A mãe recorda que também foi um susto descobrir os gêmeos. Ela teve um sangramento e precisou fazer ultrassom para verificar se estava tudo bem. Foi ali que descobriram que esperavam dois bebês. Jeniffer e o esposo Giuliano Barni, 40, precisaram refazer os planos para ter os filhos. Além disso, a mãe já sabia que a gestação de gêmeos requer mais cuidado e que talvez seria necessário uma UTI neonatal. Por esse motivo, ela e o esposo procuraram um hospital e um médico especialista em gestação gemelar.
A amiga Tatiane e o esposo tiveram a mesma ideia. Inclusive o médico que ela se consultava em Brusque sugeriu que procurasse um outro profissional, pois a gestação era de risco e o município não tinha UTI neonatal.
Jeniffer sabia que os meninos poderiam nascer a qualquer momento e como outubro é época de Oktoberfest, ela decidiu morar em Blumenau 15 dias antes do parto para não correr o risco de ficar presa no trânsito. O esposo ia e voltava todos os dias, pois ele trabalha em Brusque.
No dia 4 de outubro, com 36 semanas, o médico disse para ela que os meninos estavam quase vindo. Para prolongar um pouco mais a gestação, Jeniffer ficou internada até o dia 6, quando o médico decidiu fazer a cesárea.
No dia 6 de outubro, com 34 semanas de gestação, Tatiane estava indo para uma consulta de rotina em Blumenau quando começou a sentir muita dor. Ao chegar no consultório o médico descobriu que as gêmeas já estavam prontas para virem ao mundo.
Tatiane tinha o mesmo medo da amiga. Com dois meses de antecedência a mala dela e das meninas já estava pronta. Ela afirma que teve sorte do nascimento ocorrer no mesmo dia da consulta.
Sempre juntas
Os gêmeos das duas amigas nasceram com apenas algumas horas de diferença. Primeiro foram as univitelinas Lis Martina e Olívia Maria Dallabrida, que chegaram ao mundo, por volta das 7h. Quatro horas depois vieram os bivitelinos Pedro e Bruno Pereira Barni.
O médico até comentou com Tatiane que outra mãe de Brusque havia dado à luz aos filhos gêmeos na mesma manhã. Ela procurou por Jeniffer no Instagram e ali as duas começaram a conversar.
Desde então todos os dias as mães trocam experiências, compartilham os acontecimentos do cotidiano, pedem dicas, etc. O batizado das crianças foi feito na igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Trento, e no mesmo dia Jeniffer desejava batizar os meninos nesta igreja. Como a família do esposo de Tatiane é da cidade, as duas organizaram tudo para realizarem o batismo juntas no dia 23 de dezembro.
Elas até organizaram as datas dos aniversários para que eles pudessem comemorar juntos: as meninas fizeram no sábado e os meninos no domingo. Hoje, os gêmeos estão com um ano e meio. A cada 15 dias, elas se encontram para tomar café e conversar.
Para Jeniffer ser mãe é mais do que ela sempre sonhou, ainda mais que são dois filhos. “Eu sei que se eu quisesse ter o segundo seria uma dificuldade imensa, passar por tudo isso novamente. Então é muito mais do que a gente podia imaginar. Não tem como se imaginar com um só. É um desafio diário, é exaustivo, cansa para caramba, mas quando a gente vê eles sorrindo é a coisa mais gostosa do mundo”, confessa.
Já Tatiane acredita que ser mãe é algo mágico. “Eu sempre digo que Deus abençoou a gente duas vezes porque mandou essas meninas maravilhosas. Tem as dificuldades, não vou dizer que não tem, só que compensa tudo”, conta.
As mães ainda incentivam outras mulheres que estão passando por algo semelhante a continuar tentando. “Não desistam, esse é o teu sonho e ninguém vai fazer ele por você”, finaliza Jeniffer.
Você está lendo: Unidas pela maternidade
– Introdução
– Surpresa no dia do parto
– Gêmeos em dobro
– O ABC da psicóloga
– As três Marias de São João Batista
– Gerações de gêmeas
– Vencendo a morte
– Rua dos cinco gêmeos
– Superação após perda
– Os meninos da casa