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Unifebe na história: conheça a trajetória da instituição que comemora 50 anos em 2023

Criada oficialmente em 15 de janeiro de 1973, instituição deu aos brusquenses a oportunidade de cursar o ensino superior sem sair da cidade

Uma história repleta de desafios e conquistas. Assim pode ser definido os primeiros 50 anos da Fundação Educacional de Brusque (Febe), mantenedora do Centro Universitário de Brusque (Unifebe). Criada oficialmente em 15 de janeiro de 1973, a instituição deu aos jovens a oportunidade de cursarem o ensino superior sem precisar sair da cidade, iniciando, assim, uma transformação na educação da região.

Seu início oficial foi em 1973, mas a movimentação em prol do ensino superior na cidade começou na década de 1960, alinhada ao movimento que acontecia em todo o estado com o objetivo de trazer o ensino superior para o interior de Santa Catarina. Antes da Febe, os jovens de Brusque precisavam ir para os grandes centros para cursar uma graduação.

“Esse é um movimento que leva alguns anos. Acontece a criação de outras instituições e a nossa Unifebe é criada em 1973. Esse é o culminar. Antes disso, há toda uma articulação das lideranças comunitárias, iniciativa privada e poder público que se alinham para termos a nossa própria instituição de ensino superior na cidade”, destaca a reitora da Unifebe, Rosemari Glatz.

O grande líder desse movimento em Brusque e região foi o padre Orlando Maria Murphy, da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Desde 1933, a congregação oferecia em Brusque o curso de Filosofia destinado aos seminaristas, entretanto, havia o risco do Seminário Filosófico, que funcionava em Brusque, ser transferido para Curitiba. Com a possibilidade de ter na cidade uma instituição de educação superior, a congregação foi uma das apoiadoras da causa, com o objetivo de anexar o curso seminarístico de Filosofia à instituição. 

Padre Orlando Maria Murphy foi o fundador da Febe e presidiu a instituição de 1973 a 1985 | Foto: Unifebe/Arquivo

Com o passar dos anos, o projeto do ensino superior em Brusque foi se tornando realidade, tendo o padre Orlando como seu fundador. “Ele foi um homem extremamente visionário, com excelente formação, um olhar de futuro, uma preocupação com o social, com o compreender da importância e da força que temos, que se promove pela educação superior”, ressalta Rosemari.

Padre Orlando ficou a frente da Febe e da Escola Superior de Estudos Sociais (Eses) – criada para abrigar o primeiro curso da instituição – durante 12 anos. Ele faleceu em fevereiro de 1985, deixando um grande legado não apenas para a Unifebe, mas para toda a cidade, que ainda se recorda dele com muito carinho e admiração.

O primeiro curso

A intenção da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus era ter o curso de Filosofia na Febe, mas como o Brasil vivia o período do regime militar, não era possível. A solução encontrada foi criar o curso de Estudos Sociais com Habilitação em Segundo Grau em Moral e Civismo, com o predomínio das disciplinas de cunho filosófico. O primeiro vestibular foi um grande sucesso. A primeira turma teve início com 73 alunos matriculados.

“A primeira turma já nasce bem forte, com homens e mulheres divididos em duas turmas: uma matutina e outra noturna. Isso traz um significado muito grande porque tem a mistura dos religiosos que vão frequentar os cursos e os leigos. Nesta primeira turma, vamos ter alunos que estão saindo do seminário junto com outras pessoas da comunidade, a exemplo de várias mulheres. Tivemos uma grande participação feminina nesse processo”, recorda a reitora.

Primeira turma do curso de Estudos Sociais com Habilitação em Segundo Grau em Moral e Civismo durante confraternização na década de 1970 | Foto: Unifebe/Arquivo

Maria da Glória Almeida foi uma das alunas da primeira turma do curso de Estudos Sociais da Febe. Ela já tinha o magistério e atuava como professora, mas queria progredir na carreira. Para isso, precisava cursar uma graduação. A criação da Febe foi a oportunidade para melhorar de vida. “Veio a favorecer muito os leigos, principalmente aqueles que já eram professores e queriam completar seu plano de carreira com a faculdade, sem precisar ir para Blumenau ou Florianópolis, poderíamos fazer a faculdade na nossa própria cidade”, diz.

Ela lembra que as aulas aconteciam no Colégio São Luiz e que o curso era bastante exigente. “Foram momentos de grande aprendizado. Era um curso muito forte porque estudávamos com futuros padres e nossos professores, a maioria, eram sacerdotes já com seus doutorados”.

Durante muitos anos, aulas da Febe aconteceram no Colégio São Luiz | Foto: Arquivo Appal

Quem também marcou seu nome na história da Febe como integrante da primeira turma foi o padre Nélio Roberto Schwanke, diretor do Hospital Azambuja. Ele recorda que o ensino superior na cidade começou bastante tímido, mas com o passar dos anos foi se desenvolvendo e crescendo junto com a cidade. “Era um curso muito exigente, mas foi bom. Aprendemos muito. Não tinha muito chorinho, não”.

Para ele, as aulas do padre Orlando Murphy eram um dos destaques do curso naquele início. “Nunca vi ele entrar na sala com um livro na mão. Padre Orlando marcou pela prática, pela inteligência e pela esperteza dele”, diz.

Maria da Glória também não esquece do que aprendeu nas aulas do fundador da Febe. “O padre Orlando nos deixou muita saudade. Era um professor que vinha para a sala de aula sem nada na mão, não tinha nada escrito, tinha tudo na cabeça, era um gênio, diferente dos outros professores que vinham com sua aula pronta, mas padre Orlando não. Ele vinha e dava aquela aula maravilhosa, que ninguém piscava, que ninguém falava e lembro até hoje de seus ensinamentos”.

Mais cursos

À medida que os anos passavam, a Febe foi se desenvolvendo. Em 1975, a instituição lançou seu segundo curso: Ciências, Licenciatura de Primeiro Grau. Em 1987, já sob o comando de padre Pedro Canísio Rauber, o curso de Filosofia é, finalmente, implantado na Febe.

Foi também neste mesmo ano que a Febe firmou convênio com a Furb e começou a funcionar como uma extensão da instituição de Blumenau. Os cursos de Administração e Pedagogia foram os primeiros a serem oferecidos por este modelo a partir de 1987. Já em 1991, sob o comando do padre João Hülse, iniciaram as aulas dos cursos de Direito e Ciências Contábeis, também em parceria com a Furb.

Novos rumos

Em 1998, a Febe iniciou um período de transformações. Após 25 anos sob o comando da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, a instituição passou a ser dirigida pela professora Maria de Lourdes Busnardo Tridapalli, a Udi, que integrava o quadro de docentes da Febe desde seu início.

Bernadete de Oliveira Fischer, que foi professora da instituição por mais de 30 anos, lembra que naquela época, a Febe passava por um momento delicado, já que havia a proposta de ser integrada pela Furb. “Éramos uma instituição menor, com cursos cedidos pela Furb. Participamos de uma reunião onde foi feita esta proposta e nos mantivemos contra porque não queríamos perder a nossa instituição de ensino superior, queríamos honrar aquela determinação do padre Orlando. Para nós era questão de honra manter a Febe viva e então houve o desejo de uma leiga ser a diretora”, conta.

Por cinco votos a dois, a professora Udi foi eleita e, a partir de então, a instituição seguiu novos rumos. Bernadete lembra que logo depois da eleição, os cursos de Direito, Administração, Pedagogia e Ciências Contábeis, que eram cedidos pela Furb, tornaram-se próprios da Febe.

Foi nesta mesma época também que surgiu a necessidade de construir um novo campus para a instituição. De 1973 a 1987, as aulas da Febe eram realizadas no Colégio São Luiz. Em 1987, foi inaugurada a primeira sede da instituição, local onde hoje está o antigo anfiteatro, mas com o rápido crescimento, a estrutura logo ficou pequena e a prioridade seria encontrar um novo lugar para a faculdade de Brusque.

Após muita procura e negociações, ficou definido um terreno no bairro Santa Terezinha como o local ideal para a construção do campus, inaugurado em março de 2001. “Adquirimos o terreno onde hoje é o campus da instituição. Em tempo recorde foi construído o prédio e mudamos. A partir daí a instituição só cresceu”, destaca Bernadete.

Transformação em centro universitário aconteceu em 2003 | Foto: Robson Souza/Unifebe

Outra grande mudança sofrida pela instituição foi a transformação em centro universitário, em Unifebe, em 2003. “Nós montamos o projeto e depois de um longo caminho foi criado o Centro Universitário de Brusque, a nossa Unifebe. Nós tínhamos só as áreas das licenciaturas, ciências jurídicas e gestão empresarial e passamos a ter cursos na área da computação e hoje essa maravilha de instituição também na área das engenharias, da saúde”, ressalta.

Para a reitora Rosemari Glatz, todas as fases vividas pela instituição ao longo desses 50 anos contribuíram para a Unifebe se tornar referência no ensino superior de Santa Catarina hoje. “Esta foi uma experiência que deu muito certo. Se consolidou no seu tempo, e hoje passados 50 anos, nós ainda estamos pautados naquele princípio do nosso fundador, padre Orlando, que dizia que ‘a educação é o investimento mais rentável que um povo realiza'”.