Uso de estimulantes sexuais entre os jovens é comum em Brusque

Segundo especialista, medicamentos como o viagra podem causar dependência psicológica

Comum entre homens a partir dos 45 anos de idade, o uso de estimulantes sexuais também se estende aos jovens de 20 a 30 anos. Entretanto, diferente dos mais velhos – que geralmente utilizam o medicamento para tratar problemas de ereção -, os jovens buscam a substância para melhorar o desempenho e para obter segurança durante as relações.

Em Brusque, das cinco farmácias pesquisadas pela reportagem, três afirmam que a venda de estimulantes sexuais para a faixa etária de 20 a 30 anos é recorrente. Na farmácia Dorita, no bairro Santa Rita, a procura pelo produto entre os jovens aumentou no último ano. Segundo o farmacêutico Daniel Petry Júnior, de 8 a 12 caixas de citrato de sildenafila (viagra genérico) são comercializadas por semana.

“Temos estranhado essa procura dos jovens. Eles geralmente compram na quinta e na sexta-feira. Muitas vezes compram para irem às festas e melhorarem o desempenho ou para fazerem sexo com mais pessoas”, explica o farmacêutico.

Embora, na Dorita, a maioria dos jovens não costume justificar a compra, Júnior diz os farmacêuticos orientam os clientes quanto ao uso abusivo do medicamento. Sobretudo, para que a substância não se torne fundamental para o desempenho do jovem.

“A maioria dos jovens não precisa usar. E não faz mal utilizar apenas esporadicamente para que o nível de estresse ou nervosismo não atrapalhe. Mas o uso contínuo pode causar dependência”, diz.

Assim como na Dorita, na farmácia São Luiz, localizada no bairro São Luiz, a venda para homens entre 20 e 30 também é comum. No estabelecimento, de acordo com a farmacêutica Denise Maria Speiorin, são comercializados de 30 a 40 comprimidos de estimulantes sexuais por semana. O mais vendido, afirma a farmacêutica, é o viagra genérico.

“Tenho 20 anos de profissão e, durante esse tempo, vi poucos jovens que buscaram o medicamento porque precisavam para um tratamento. Já teve, mas foram poucos. A maioria é para ter um desempenho melhor. E geralmente um amigo vai incentivando o outro a usar e todos acabam indo na onda”, explica.

Na Farmagnus, no bairro Águas Claras, a média de venda de estimulantes sexuais para os jovens é de cinco caixas por semana. O atendente do estabelecimento, Dian Carlos Pereira, diz que os homens costumam comprar para o fim de semana.

“Quando a gente pergunta, a maioria dá alguma desculpa dizendo que é para o pai ou para o tio. Tem jovens de 18 anos que levam três caixinhas”, afirma o atendente. “Quando eles compram nós sempre tentamos passar alguma orientação, mas geralmente eles dizem que já sabem como funciona o medicamento e o que pode causar”, completa.

Dependência psicológica

O uso dos estimulantes sexuais, segundo o urologista Humberto Teruo Eto, pode gerar dependência psicológica. Em relação a outras doenças, ele afirma que apenas é prejudicial a quem utiliza medicamentos para o coração, já que os estimulantes aceleram os batimentos cardíacos.

“Normalmente os pacientes que usam é mais por insegurança, às vezes causada pelo início de um novo relacionamento. Outros usam para experimentar algo novo”, afirma. “Geralmente o uso não causa outros problemas de saúde, mas tem toda a dependência psicológica. O jovem pode acabar achando que toda vez que tiver alguma relação sexual terá de usar o estimulante”, completa Eto.