Usuários acima do peso têm dificuldades em passar por catracas de ônibus em Brusque
Empresa recomenda que passageiros solicitem a abertura da porta traseira ao motorista
Pessoas acima do peso têm dificuldades em passar pela catraca dos ônibus de transporte coletivo de Brusque e também pela catraca do Terminal Urbano. Além dos hematomas na barriga, o que mais incomoda os usuários é o constrangimento.
As irmãs Rita de Cássia Bertolini Hemmer, 130 quilos, e Joice Bertolini, 125 quilos, utilizam diariamente as linhas do bairro Poço Fundo até o terminal e do terminal até o Guarani. Elas enfrentam o problema: o desconforto em passar pela catraca, e quando não entram, a vergonha em entrar pela porta de trás.
Joice conta que dependendo do motorista, ele até abre a porte de trás, mas antes disso é preciso entrar, pagar e rodar a catraca. Ela já chegou a ficar pressa na roleta. “O ônibus tava lotado. Eu queria morrer. Fiquei com a minha barriga toda vermelha. É muito constrangimento”, diz.
Ela afirma que deveriam fazer as catracas com mais espaço, por que pessoas acima de 100 quilos sofrem constantemente ao usar o transporte. “Há muita gente obesa”.
Rita de Cássia deixou de utilizar o ônibus para ir ao trabalho devido ao constrangimento que passava todas as manhãs. Hoje, seu marido a leva e ela apenas volta com o transporte. “Fica todo mundo me olhando, rindo na minha cara. Eu escuto muitas coisas também. Eu pago a passagem como todos os outros e tenho o direito de usar confortavelmente, mas isso não acontece”.
Rita de Cássia conta que pede ao motorista que abra a porta de trás, e que na maioria das vezes isso é feito, o que segundo ela, não evita piadas de outros usuários. A mulher já ficou pressa também na catraca do terminal, e após pedir com insistência o funcionário a deixou passar pelo espaço que passam, entre outros usuários, os cadeirantes. “Eu cheguei a ficar roxa. Foi uma vergonha em dobro. Deveria ter um padrão de catracas mais grandes. Espaço até tem, as catracas que são pequenas”.
Orientação é repassada aos motoristas
O diretor do Nosso Brusque, Artur Klann, afirma que nunca havia recebido reclamações referentes a este assunto. Ele conta que em casos em que o usuário não tem condição de passar pela catraca, os motoristas são orientados a deixar o passageiro entrar pela porta que tem o elevador e oferece acessibilidade. Nos ônibus em que não tem o elevador, os motoristas devem abrir a porta traseira.
É preciso que o usuário entre pela porta da frente, apresente o cartão ou o dinheiro (é necessário este controle para a fiscalização), e comunique ao motorista que precisa entrar pela porta de trás. O próprio motorista irá girar a roleta. “É preciso que tenha bom senso e uma correta comunicação. Orientamos que façam isso, mas não podemos garantir que todos se comportarão desta forma. Mas conversaremos com os motoristas para reforçar essa postura”, garante Klann.
O diretor do Nosso Brusque ainda diz que a empresa está à disposição destes usuários e que o ideal é que a reclamação ou sugestão seja feita na empresa, para que possam buscar uma solução. Ele afirma que não tem conhecimento na região de empresas que tenham catracas maiores ou com mecanismos que facilitem o acesso de pessoas acima do peso. No entanto, ressalta que o Nosso Brusque está aberto a estas melhorias. Segundo Klann, o elevador e a abertura da porta traseira seriam as opções para solucionar o entrave neste momento. “Buscamos resgatar e atrair o nosso passageiro e estamos atentos a fazer as melhorias necessárias para que possa utilizar melhor o transporte”.