Dos primeiros rabiscos à exposição em Paris: conheça a artista guabirubense Vanessa Paz

Graduada em design pela Unifebe, ela revela suas inspirações, explica sua história e conta sobre o convite para expor na França

Dos primeiros rabiscos à exposição em Paris: conheça a artista guabirubense Vanessa Paz

Graduada em design pela Unifebe, ela revela suas inspirações, explica sua história e conta sobre o convite para expor na França

A artista guabirubense Vanessa Paz, de 27 anos, participará do Salão Internacional de Arte Contemporânea 2021 no Carrossel do Louvre, em Paris. Vanessa, ou Van Paz, como assina seus quadros, traz principalmente elementos do Neoexpressionismo e, embora tenha mantido a arte como hobby desde criança, só começou a se dedicar mais intensamente em 2020. O evento na França será realizado em outubro, com datas a serem definidas.

Em uma trajetória que misturou desenho, pintura a óleo, design e publicidade, a jovem artista precisou tomar decisões em meio a dilemas profissionais. Recentemente, tenta se dedicar exclusivamente à arte, com diversas obras, e uma delas chamou a atenção de uma empresa de assessoria. O caminho para a projeção internacional foi quase que por acaso, graças a um sonho e uma pintura lançada no Instagram.

Fazendo questão, ao longo da entrevista, de demonstrar gratidão a conhecidos, amigos, familiares e até a desconhecidos que, de diversas formas, a têm ajudado desde o início, Vanessa comenta a chance de ter o trabalho conhecido no museu mais famoso do mundo. “Surgiu a oportunidade. Vem de não parar, de ter um objetivo, um sonho, uma paixão, e colocar foco e amor nisso. A oportunidade é muito grande para uma pessoa muito ‘pequena’ (risos).”

Da criança à designer

A designer e artista sempre foi apaixonada por desenhar, rabiscando em paredes desde criança. “Gostava muito de desenhar, já fui para a diretoria da escola por estar desenhando durante uma aula de química”, relembra. “Sempre achava que a arte era mais importante do que qualquer coisa para mim.”

A escolha da profissão de designer foi muito baseada na paixão pelo desenho. Vanessa via o design como uma área na qual poderia desenvolver suas habilidades nas artes. Começou a carreira como desenhista de estampas, ainda antes da faculdade. “Fui contratada mais pelos desenhos à mão que eu fazia, e isto facilitava na hora de criar as estampas. Eu poderia cruzar o digital com o desenho à mão.”

No curso de Design da Unifebe, a guabirubense decidiu por trabalhar com publicidade voltada à moda. Trabalhou por oito anos como diretora de arte, mas manteve o desenho como hobby. Na Raffcom, agência de publicidade na qual trabalhou, foi onde passou a exercitar mais seus traços. “Comecei a misturar tudo que eu já tinha desenhado na vida e comecei a criar algo meu.”

Quatro semanas em Londres

Seu estilo próprio foi descoberto completamente por acaso. Ao ver os desenhos, foram amigos e colegas que identificaram um traço próprio, uma identidade em comum. A partir de então, a arte começava a “competir” com o design de maneira mais séria. “Me dei conta disso muito recentemente mesmo. Foi ali em 2019 que comecei, então, a pensar um pouco mais sério sobre arte.”

Vanessa partiu para um intercâmbio de quatro semanas em Londres, ainda em 2019, onde aprimorou sua proficiência no inglês e estudou técnicas de pintura e desenho. As aulas eram bastante livres, de tardes inteiras exercitando o desenho em um estúdio com outros alunos. “Era muito massa, porque a gente acabava trocando informações, e cada um tinha um estilo específico. Alguns não tinham tanta noção, outros tinham um pouco mais. Tentamos aprender muito, abriu minha mente demais. Foi um divisor de águas para mim.”

Voltando de Londres, a guabirubense ficou determinada em encontrar, de vez, uma identidade em seu desenho, algo que seria facilmente reconhecido como sendo seu. A dedicação era grande, e muitas das práticas eram feitas também digitalmente, pelo Photoshop.

Vanessa Paz guabiruba dualidade artista
Dualidade

Isolamento no ateliê

Em 2020, a arte havia ganhado força, mas sem deixar de ser um passatempo. As prioridades tiveram que ser totalmente replanejadas com o surgimento da pandemia de Covid-19. Com os planos para o ano frustrados, a saída foi a arte. “Quis começar a passar as ideias que eu tinha para telas. Eu queria criar uma obra do começo ao fim, sem colagem nem nada digital. Eu queria misturar elementos, trabalhar com formas, pensamentos meus, algo que saísse de mim. E comecei a fazer isto com pintura a óleo.”

As pinturas a óleo foram uma novidade para amigos e família, mas levavam, naturalmente, muito mais tempo. A partir de então, Vanessa começa a visitar o Neoexpressionismo, movimento artístico do fim dos anos 70 e início dos anos 80.

“É algo mais ‘tô sentindo agora, vou pintar agora’, então é uma pintura mais rápida. Busco elementos da minha mente. Pensamentos, sentimentos. São memórias, histórias, lembranças.” Outra fonte de inspiração de Vanessa Paz está na natureza, aliando elementos lúdicos e místicos, que fazem parte do que a artista chama de sua “criança interior.”

A princípio, ela tentou adaptar este estilo ao que as pessoas próximas vinham gostando. No entanto, percebeu que seria melhor continuar utilizando como referência seus próprios sentimentos, sem outras interferências. “Foi ali que as coisas começaram a ficar um pouco mais loucas, digamos.”

Completamente apaixonada pela pintura, várias obras foram produzidas. O fato de gostar de expressar os próprios sentimentos também surpreendia à própria artista, que sempre se considerou bastante fechada.

“A arte está me ajudando a me abrir mais”, relata. “Sei que estou passando algo puro, verdadeiro e sem maldade para que as pessoas possam ver e sentir. Mesmo que as pessoas não entendam nada (risos) porque é Neoexpressionismo, então acaba sendo muito pessoal do artista”, completa. Para ajudar os outros a sentir e apreciar as obras, Vanessa trabalha com psicologia das cores.

Referências

A guabirubense define seu trabalho com uma mescla de Neoexpressionismo, cores e inspiração na natureza e na espiritualidade. “Basicamente, são várias partes minhas em uma tela”. Ela afirma também que, na busca por uma identidade sempre própria, evita tomar referências fixas, mas elenca Jean-Michael Basquiat, um dos maiores expoentes do Neoexpressionismo, e Vincent Van Gogh como inspirações.

“Mesmo que não haja nada de Van Gogh nas minhas obras (risos), mas ele dizia que o sentimento tem que ser captado em uma pincelada. O Neoexpressionismo é um pouco disso, mas muito mais bagunçado.”

Vanessa Paz guabiruba (4) fada dos sonhos artista
A Fada dos Sonhos

O convite

Sua rotina, por um período de 2020, se resumiu em trabalhar 8 horas diárias na Raffcom, e usar, de forma espontânea, praticamente todo seu tempo livre em seu ateliê, pintando. Após receber uma proposta para se tornar diretora de criação, o que era um de seus sonhos, Vanessa se viu num dilema e, enfim, a arte prevaleceu sobre o design e a publicidade, há somente um mês.

O convite para expor no Carrossel do Louvre foi considerado uma virada. A pintora relata que havia acordado de um sonho sobre um quadro seu que ainda não havia sido criado. E, prontamente, foi trabalhar no ateliê. O quadro, batizado de Fada dos Sonhos, foi pintado. Vanessa teve a ideia de fazer uma postagem paga exibindo a obra no Instagram. Acabou chamando a atenção da assessora e curadora Lisandra Miguel, da Vivemos Artes, renomada empresa do ramo artístico.

Empolgada com todas as possibilidades apresentadas em uma reunião por telefone, incluindo o convite para a exposição na França, a guabirubense relata que, mesmo sempre sendo otimista, custou a acreditar no que estava acontecendo. Até verificou a empresa por diversas vezes na internet, até se dar conta de que era real.

As duas telas que irão a Paris serão reveladas na primeira mostra da guabirubense, em 23 e 24 de janeiro. No dia do evento na França, a Vivemos Artes lançará internacionalmente um livro comemorando 20 anos desde sua fundação, e Vanessa deverá ter uma página dedicada a seu trabalho.

Primeira mostra

Com a ajuda de diversos colegas e amigos, Vanessa também se prepara para sua primeira mostra, que será realizada em 23 e 24 de janeiro no estúdio de fotografia do Set Company, na rua General Osório, 255, bairro Guarani, Brusque. Estarão expostas cerca de 30 de suas obras, além de projetos novos que a artista pretende apresentar. O lançamento da exposição, num evento fechado na noite da véspera, reunirá convidados que poderão conhecer de perto as duas obras da artista que irão a Paris em outubro.

O Carrossel do Louvre

O Carrossel do Louvre é um shopping subterrâneo localizado próximo à Praça do Carrossel e ao Museu do Louvre, em Paris. Contém uma das várias entradas ao museu.

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Dualidade

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