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Varíola dos macacos: com um caso suspeito, Secretaria de Saúde de Brusque está em alerta

Primeiros sintomas aparecem em cinco dias e incluem febre, dores pelo corpo e fraqueza

Brusque já registrou dois casos suspeitos de varíola dos macacos, sendo que um já foi descartado após o exame feito pelo Lacen. O segundo paciente aguarda o resultado do teste, mas apresenta quadro clínico estável. Os sintomas dele iniciaram em 18 de julho.

As pessoas que procuram o serviço de saúde em Brusque e apresentam lesões na pele passam por uma triagem com os enfermeiros e médicos. Eles realizam a avaliação do paciente e consideram todas as hipóteses como sífilis, herpes, varicela e varíola.

Se forem descartados todos os diagnósticos, os médicos estudam o caso como suspeita de varíola. Para realizar o exame, os profissionais realizam a coleta de amostras de sangue e material vesicular, ou seja, secreção da bolha, além da crosta da lesão. O conteúdo é acondicionado em uma caixa e encaminhado para análise no Lacen em Florianópolis, seguindo todas as orientações da Nota Alerta da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive).

Sintomas da doença

Ariane Fischer, diretora da Vigilância em Saúde, esclarece que os sintomas iniciais são a febre, dor de cabeça, nas costas, no corpo, fraqueza e a presença de linfonodos – as ínguas. Eles aparecem em até cinco dias.

Depois o paciente passa pelo período de erupção cutânea, entre um a três dias após o início da febre. Ele é caracterizado pelo surgimento de bolhas, que geralmente iniciam no rosto e se espalham para as demais partes do corpo. Segundo a diretora, em 95% dos casos as áreas mais afetadas são o rosto, seguido pelas palmas das mãos e sola dos pés, em 75% dos casos.

Como ocorre a transmissão

Causada pelo vírus Monkeypox (MPX), a varíola dos macacos é transmitida principalmente pelo contato direto ou indireto com sangue, fluídos corporais, lesões de pele ou membranas mucosas de animais infectados.

Já a transmissão entre humanos ocorre, geralmente, por meio de contato com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos contaminados, mas estudos indicam que este último seria o meio de transmissão menos eficaz.

Há também a transmissão do vírus via gotículas respiratórias, que requer contato próximo entre o infectado e outras pessoas. Nesta hipótese os trabalhadores da saúde, membros da família e contatos próximos são as pessoas com maior risco de infecção.

De acordo com a nota de alerta da Dive, “a transmissão entre parceiros sexuais parece ser o modo provável de transmissão do presente surto, e o risco é maior devido ao contato íntimo com lesões cutâneas infecciosas durante o ato sexual”. No entanto, os casos devem passar por estudos adicionais.

O órgão não descarta a transmissão vertical ou durante contato próximo no pós-parto. A doença tem período de transmissão que só se encerra quando as crostas das lesões do paciente infectado desaparecem.

A Dive ainda alerta que a MPX é uma zoonose e que animais infectados podem transmitir o Monkeypox vírus para as pessoas, bem como pessoas infectadas podem transmitir para os animais por meio do contato como acariciar, abraçar, beijar, lamber e compartilhar áreas para dormir. “Animais de companhia devem ser monitorados e isolados junto com os casos suspeitos e confirmados”, destaca o órgão.

Orientações e prevenção

Com a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) em que define que varíola dos macacos configura emergência de saúde pública de interesse internacional, Ariane destaca que Brusque segue todas as orientações da Dive. “Estamos em alerta e vigilantes para tomada de decisão de acordo com as suspeitas”, salienta.

A diretora enfatiza que as pessoas devem se preocupar com a higiene, utilizando álcool em gel nas mãos e máscaras, visto que a transmissão também ocorre por gotículas respiratórias. Ela também recomenda distância ao avistar uma pessoa com lesões no rosto ou nas mãos.

“Caso tenha contato com algum positivo, a pessoa deverá observar o aparecimento de alguma lesão. Caso apareça, deverá se isolar e procurar um serviço de saúde”, pontua.

Os casos suspeitos devem iniciar o isolamento e as medidas de precauções baseadas na transmissão até o descarte do caso ou, em casos positivos, a resolução completa das lesões.

Também é recomendado não fazer contato com os animais, como os de estimação, domésticos e selvagens, para evitar a propagação do vírus. “É importante que qualquer erupção cutânea, na medida do possível, seja coberta, ou seja, mangas compridas, calças compridas, além de serem utilizadas luvas e uma máscara ou respirador bem ajustados ao cuidar de seus animais”, aconselha.

A Dive utiliza a recomendação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) que sugere a desinfecção de superfícies contaminadas com 0,5% de hipoclorito de sódio. Objetos utilizados pelo paciente como toalhas, lençóis e utensílios domésticos devem ser lavados com água quente e detergente.

As mãos devem ser limpas regularmente com água e sabão e posteriormente utilização de álcool 70%. Também é recomendado o uso de preservativo por pelo menos 12 semanas após a cura da doença, uma vez que foi encontrado vírus viável sem secreções genitais por até este período.

Compra de vacinas

O Brasil articula com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a aquisição da vacina contra a doença. Conforme o Ministério da Saúde, as negociações são feitas de forma global com o fabricante para ampliar o acesso ao imunizante para os países onde há casos confirmados da doença.

Por meio de nota, a pasta ressaltou que a vacinação em massa não é preconizada pela OMS em países não endêmicos para a enfermidade, como é o caso do Brasil. A recomendação, até o momento, é que sejam imunizadas pessoas que tiveram contato com casos suspeitos e profissionais de saúde com alto risco ocupacional diante da exposição ao vírus.