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Veja os carnavais que ficaram marcados na história de Brusque

Nas décadas de 1950 e 1960, o Carnaval em Brusque foi marcado pelos bailes nos clubes, matinês infantis, desfiles de blocos e concursos de Momo e Rainha

Os cinco dias de folia durante o Carnaval já foram muito comemorados em Brusque. A cidade se transformava e os dias que antecediam o período de Quaresma eram muito esperados pela população brusquense.
Segundo a historiadora Luciana Paza Tomasi, que para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Licenciatura e Bacharelado em História da Universidade Regional de Blumenau (Furb), pesquisou a história do Carnaval em Brusque, não é possível precisar a data exata de quando o Carnaval começou a ser comemorado na cidade. “O que podemos dizer é que desde os primeiros tempos, os colonos já realizavam bailes carnavalescos nos tradicionais clubes da cidade”, diz.

De acordo com fragmentos de seu trabalho presentes no livro “Brusque: 150 anos – Tecendo uma História de Coragem”, os primeiros bailes carnavalescos eram promovidos no interior dos clubes de Caça e Tiro e seguiam os moldes dos bailes de máscaras.

Anos após a fundação da cidade, surgiram os primeiros grupos musicais, e na imprensa da época, aparecem notícias da participação de várias bandas nas folias brusquenses. Entre elas, segundo Luciana, destacam-se a Urca Jazz, sob direção dos irmãos Max, Ingo e Valter Rau; a Jazz Band América, de Aldo Krieger e sua família; e a banda Ideal Jazz, dirigida por Victor Gevaerd.

Luciana lembra que, no período durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), destaca-se a ausência de bailes e desfiles de carro na cidade durante o Carnaval. As comemorações retornam, segundo notícias de jornais da época, apenas no fim da década de 1940.

Já na metade do século XX, o Carnaval brusquense volta a se fortalecer. E a rivalidade do Clube Esportivo Paysandú e do Clube Atlético Carlos Renaux ultrapassa os gramados e passa para as comemorações carnavalescas. Os dois clubes se empenhavam ao máximo para atrair os foliões e ser considerado o melhor evento da cidade.

“Podemos destacar a rivalidade das sociedades promotoras dos festejos carnavalescos: Clube Esportivo Paysandú e Sport Clube Brusquense, atual Clube Atlético Carlos Renaux. No Carnaval de rua, os foliões preparavam-se em seus clubes e saiam pela cidade cantando e dançando as marchinhas carnavalescas. O trajeto percorrido nas ruas dava-se até o encontro dos dois clubes na praça central. Essas duas sociedades também realizavam bailes carnavalescos em suas sedes, escolha do Rei Momo, Rainha do Carnaval, concurso de melhor fantasia e apresentação de blocos”.

A historiadora lembra que as famílias se preparavam com meses de antecedência para os intensos dias de folia. “O Carnaval em Brusque era comemorado com bailes noturnos, bailes infantis e concursos diversos. E nas ruas da cidade, na terça-feira gorda, onde festejavam o Reinado de Momo, com desfile de carros alegóricos, apresentação de bandas e escola de samba, a Manera a Voga”.

Os dias de folia

Segundo Luciana, os dois clubes seguiam uma programação. No Clube Atlético Carlos Renaux, sexta-feira era dia de baile social; no sábado, o baile popular; e no domingo, o baile infantil. Na segunda-feira, o baile concentrava-se no Clube Esportivo Paysandú. Já a terça-feira era o dia do grande desfile, que contava com a presença da Rainha do Carnaval e apresentação dos carros alegóricos. À noite, acontecia o último baile social.

Já o Clube Esportivo Paysandú realizava na sexta-feira o baile verde e branco. De acordo com a historiadora, neste evento só era permitida a entrada de pessoas vestidas com as cores do clube. O baile da segunda-feira era restrito aos associados, e na terça-feira, último dia dos festejos, acontecia o baile infantil à tarde.

Como nem todos tinham dinheiro para fazer fantasias e comprar o ingresso dos clubes, o Carnaval também era realizado em localidades longe do Centro para atender as pessoas mais humildes. No baile de Carnaval popular, os locais mais frequentados eram a Sociedade Santos Dumont e o Salão do Catarinense.

Decadência

De acordo com a historiadora, o encantamento dos grandes clubes brusquenses foi enfraquecendo na medida em que a sociedade, em que constituía a elite, foi mudando seus hábitos. “A cidade, por estar naquele momento, se preparando para celebrar seu centenário de fundação, vinha sofrendo uma série de modificações. O enfraquecimento dos clubes promotores dos bailes aconteceu ao mesmo tempo em que a sociedade foi modificando os costumes de brincar o Carnaval. Melhorias na infraestrutura, a proximidade com o litoral e o surgimento de outras sociedades que passaram a competir com os clubes tradicionais, contribuíram para que a folia carnavalesca brusquense entrasse em decadência”, analisa.

Baile de carnaval do Paysandú, nos anos de 1930

 

Blocos se preparavam com meses de antecedência para o desfile
No desfile de terça-feira, carros alegóricos levavam a Rainha do Carnaval