Veja principais propostas de Jorge Boeira ao governo de Santa Catarina
Candidato afirma ser uma alternativa aos políticos de carreira no estado
O quarto candidato ao governo do estado de Santa Catarina a dar entrevista ao grupo O Município – devido à ordem alfabética de nomes utilizados na urna – é Jorge Boeira, do PDT. Ele falou sobre educação, segurança pública, economia, infraestrutura viária e sobre sua primeira candidatura a economia no estado de Santa Catarina.
Ele também critica políticos de carreira e fala que o PDT pode ser uma alternativa aos nomes mais conhecidos para o governo do estado.
Confira a entrevista na íntegra:
Qual sua avaliação da educação no estado e qual proposta para melhorá-la?
Péssima. A proposta é investir nas pessoas, investir nas escolas, investir nos professores. Ter escola em tempo integral, ter escola que abrace e apoie nossas crianças, nossos jovens, nossos adolescentes. Que garanta uma renda cidadã para que os jovens do ensino médio possam permanecer na escola, principalmente aqueles que têm mais dificuldades financeiras. Queremos criar para ele a perspectiva de realizar o sonho de fazer a faculdade, fazendo o curso que ele sonhou um dia. Nosso principal investimento é na educação. Eu sou o resultado da educação. Venho de família simples. Perdi meu pai com 12 anos, minha mãe viúva terminou de criar quatro filhos vendendo pastelzinho e docinho na rodoviária. Eu ajudava minha mãe. Depois, aos 20 anos, virei professor na escola técnica federal de SC, enquanto cursava engenharia mecânica.
Os índices de criminalidade caíram muito em 2021 em SC. Qual seria sua proposta para a segurança pública?
Tá caindo no Brasil inteiro. Caiu no Paraná também. Caiu a média do Brasil. E por que? Não é por conta do governo do estado. Na verdade, o crime organizado se organizou mais. Eles não se matam mais entre eles. E temos mudanças demográficas também. Quem mais morre? O jovem e o negro. E hoje temos menos jovens também. Não é uma ação do governo do estado. É bem verdade que temos uma Polícia Militar que é exemplo pro país, principalmente depois do acesso das mulheres nos batalhões. E uma Polícia Civil, que evidentemente faz o seu trabalho bem feito de investigação e inteligência. Mas o que eu quero com a segurança pública é a proteção do cidadão. Principalmente aqueles que moram em bairros mais periféricos, que ficam à mercê do crime organizado e das milícias. Evidentemente, que nesse primeiro momento temos que ter um efetivo maior, gastar mais em segurança pública. Mas hoje em nossos presídios já tem uma lotação de 30% a mais do que o possível. Nós vamos gastar dinheiro todo fazendo presídio e depois não vai sobrar dinheiro pra fazer escola. Mas se não fizer escola, o dinheiro vai acabar. Então, o caminho para resolver a segurança pública é a educação.
A economia catarinense é destaque. Mas vemos muitas empresas deixarem o estado. Qual proposta para fazer o caminho contrário?
Qualificação profissional. E quando falo qualificação profissional não é mão de obra braçal, os movimentos com as mãos, é com inteligência. É isso que o estado precisa fazer. O empresário catarinense é extremamente criativo. Da porta da fábrica pra dentro, ele já deu a contribuição, e é claro que o estado precisa cumprir o seu papel, que é a redução de custos de logística, que passa por recuperação e novas, pela criação de canais de escoamento. SC está perdendo a condição de um estado pujante porque os governos anteriores, e não só um, têm sido lenientes, frouxos, não têm tido a capacidade de ter agilidade para resolver esses assuntos.
O PDT é mais ligado à esquerda. Mas qual a diferença entre vocês e a “frente de esquerda” e por que esse eleitor deve escolhê-los e não a chapa que tem Décio Lima como candidato?
Sob hipótese alguma vou dizer pro eleitor não votar em Décio Lima. O eleitor é livre e ele fará a escolha. Mas o PDT na verdade traz um perfil diferente dos outros candidatos. Todos os outros ou são políticos de carreira ou seguem carreira pública. Eu não, sou por engenheiro mecânico, venho do chão de fábrica, minha vida é discutir com os trabalhadores, minha vida é desenvolvendo produto como todo catarinense. Não sou diferente da história de nenhum catarinense. Sou um cidadão que tem experiência na vida pública, fui durante quatro mandatos de deputado federal, e tenho experiência na vida profissional.
Qual o maior problema do estado e qual sua proposta para resolvê-lo?
Os maiores problemas são esses já citados: educação, logística, e os problemas de proteção à saúde das pessoas, mas esse acho que é o mais fácil de resolver. Mas sobre cada um, primeiro temos que recuperar nossa malha viária. Na empresa, a gente quando não faz manutenção preventiva, paga cinco vezes mais que a preventiva. E qual nosso problema? O estado não fez e hoje vai de R$ 7 a R$ 8 bilhões para recuperar as estradas. Na educação, nós já conversamos bastante, é o investimento pesado. E a saúde, é o tema da fila das cirurgias e exames, que temos que investir nisso. Mas de onde vou tirar o dinheiro? Do Duodécimo. Hoje, 21,88% da receita vai pros poderes: R$ 2,1 bilhões vai para o Tribunal de Justiça; R$ 1 bilhão vai para a Assembleia Legislativa; R$ 900 milhões para o Ministério Público; R$ 500 milhões para a Udesc; e R$ 370 milhões para o Tribunal de Contas do Estado. É preciso um governo forte para rediscutir esses valores. E eu sou ele. Rediscutindo, consigo R$ 1 bilhão, e é daí que sai o dinheiro.
O Plano 1000 aprovou obras em toda Santa Catarina. Pretende continuar com ele?
Não tenho dúvida que vou dar continuidade. A pior obra é a obra parada, é a obra pela metade. Vamos dar continuidade em todas as obras que foram assumidas com a sociedade catarinense.
A licitação para a duplicação da rodovia Ivo Silveira (SC-108), no trecho que liga os municípios de Brusque e Gaspar, foi autorizada em junho. Se eleito, o senhor se compromete em seguir com os trâmites para a execução da obra?
Mais uma vez, volto a insistir. A pior obra é a obra parada. O Vale do Itajaí é uma das nossas molas mestras do desenvolvimento de SC, então, esse é um compromisso meu. Toda obra iniciada, será continuada. E isso não pode ser uma ação de governo, porque esse governo está usando recursos que são resultado de impostos que nós catarinenses pagamos. Então não é uma obra de governo, mas de estado.
O Centro de Inovação de Brusque foi lançado com a promessa de ser concluído em 2018. Estamos em 2022 e até agora a obra não foi finalizada. A entrega desta obra estará entre suas prioridades, se eleito?
Volto a insistir, não vou terceirizar minhas responsabilidades quanto a educação, saúde e infraestrutura. O responsável por cada obra será o governador. Esse sim é mais um compromisso meu, pode cobrar diretamente a mim.
Há anos, os alunos da Escola de Ensino Médio João Boos, de Guabiruba, têm que conviver com uma estrutura precária durante as aulas. Se eleito, os alunos, pais e professores podem ter a esperança de que a obra cumprirá os prazos e que será possível, num futuro próximo, ter aulas dentro das condições mínimas de segurança no local?
Não só o caso de Guabiruba, mas de Itajaí, de Tubarão também, que a obra está quase finalizada, mas não tem recursos para móveis, para computadores. Estamos falando de valor agregado. A grande arrecadação das grandes cidades vem da tecnologia da informação. Não adianta a gente vender uma tonelada de soja a 400 dólares enquanto vende um programa a 10 mil dólares, sem peso nenhum. Nós precisamos de inteligência, precisamos desses centros de inovação.
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