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Comércio em Santa Catarina mostra início de recuperação após fechar mais de 5,4 mil lojas em 2016

Queda foi a maior dos últimos 15 anos; números apontam ventos melhores este ano

O comércio catarinense amargou o pior resultado dos últimos 15 anos em 2016. Além da forte queda nas vendas (-5,1%), Santa Catarina fechou 5.440 estabelecimentos comerciais, 3.701 no primeiro semestre e 1.739 no segundo semestre. O número é um pouco menor do que o observado em 2015, ano em que 5.621 lojas fecharam as portas.

Somando os últimos dois anos, a retração econômica já provocou o fechamento de mais de 11 mil lojas em Santa Catarina, refletindo na taxa de desemprego em um estado considerado referência em geração de postos de trabalho. O saldo líquido entre admissões e desligamentos de trabalhadores com carteira assinada ficou negativo: 1.737 em 2016 e 9.830 em 2015, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.

“A forte restrição ao crédito no ano passado, a deterioração da qualidade do emprego e a queda da renda real impactaram diretamente no volume de vendas. Contribuíram para a retração do consumo a instabilidade política que permeou grande parte do ano passado e a inflação, prejudicando especialmente o segmento de supermercado, já que a escalada no preço dos alimentos pesou no bolso das famílias”, pontua o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova.


Impactos por setor

Os segmentos mais dependentes das compras a prazo foram os mais afetados. Com exceção dos hiper e supermercados (-7,3%), que sofreram com a alta dos preços já no atacado, os demais foram atingidos pelo encarecimento do crédito tanto para consumidores quanto para os empresários.

Entre os setores, o ano foi difícil para a venda de livros, jornais, revistas e papelarias (-16,6%), o pior resultado entre os avaliados. Em seguida aparecem equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-14,1%) e eletrodomésticos (-12,7%). Os melhores desempenhos foram registrados nos outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,4%); móveis (3,5%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1%); e Tecidos, vestuário e calçados (-0,9%).


Ventos melhores em 2017

Apesar do baque no setor, os números apontam para um cenário mais favorável em 2017. Segundo o economista, a desaceleração da inflação desde o mês de agosto, a queda dos juros em outubro e a retomada da confiança jogam a favor do consumo e podem trazer um alento para os empresários nos próximos meses.

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) aponta que a alta tímida por dois meses consecutivos, em relação ao ano anterior, ajudou a amortecer o tombo do varejo catarinense em 1,3 p.p na passagem de um mês para o outro: dezembro teve variação positiva de 0,8% nas vendas e receita de 6,6%; novembro já havia registrado avanço de 4,2% e 11,6%, respectivamente. Este desempenho sinaliza uma perspectiva de melhora no cenário econômico e tendência de recuperação nas vendas.

Santa Catarina também foi menos afetada que mercados consolidados como São Paulo (30.653 mil lojas) e Rio de Janeiro (11.1 mil) e está à frente dos dois estados vizinhos, Paraná (8309 mil) e Rio Grande do Sul (7735).

No país, embora muitas lojas tenham fechado as portas, o setor mostra desaceleração na queda do número de estabelecimentos: 67,6 mil de janeiro a junho de 2016 e 41,1 mil no segundo semestre. O número também foi inferior ao observado na segunda metade de 2015, quando a perda foi de 74,1 mil lojas. No total, o ano de 2015 perdeu 101,9 mil lojas.