Vereador de Blumenau é investigado por agredir a esposa
Debora Adriano Cardoso afirma que o agora ex-marido descumpriu medida protetiva concedida pela Justiça
O vereador blumenauense Jovino Cardoso Neto (PROS) está sendo investigado pela Polícia Civil por agredir a esposa, Debora Adriano Cardoso. Ela registrou um boletim de ocorrência contra o agora ex-marido no dia 26 de fevereiro e, dois dias depois, conseguiu uma medida protetiva judicial que o obriga a guardar distância de 100 metros dela.
No dia seguinte, sexta-feira passada, 1º, Debora chamou a Polícia Militar até a casa dela, no bairro Escola Agrícola. Jovino teria estacionado o carro em frente à residência e deixado a filha no local, que entrou no imóvel e teve uma discussão com a mãe.
Jovino também estaria desobedecendo a ordem de não fazer contato com a ex-esposa, enviando mensagens de WhatsApp e telefonando.
A reportagem de O Município Blumenau conversou com Debora na manhã desta quinta-feira, 7. Ela falou sobre quase 30 anos de um casamento tenso, “de pressão”, e com outros episódios de agressões.
Segundo ela, a gota d’água foi no dia 3 de fevereiro, data em que o casal completaria 29 anos de casados. Jovino voltava do sítio acompanhado de dois dos três filhos. Ele teria telefonado para questionar sobre o almoço da família quando Debora respondeu que não cozinharia em seu aniversário de casamento.
Minutos depois, Jovino chegou em casa nervoso. Segundo os filhos, estaria assim desde o dia anterior. O vereador trouxe frango assado e pães para o almoço. Foi quando Debora questionou se a data não o lembrava de nada. Jovino teria respondido:
“Vinte e nove anos de prisão”.
O casal então começou a discutir e Debora insinuou que o marido era infiel.
“Ele pegou a coxa de galinha e jogou contra o meu peito. O meu menino levantou berrando e eu voltei para a cozinha. Ele foi atrás de mim e disse: ‘Eu quero prova’. Ele chamou muitos palavrões e levantou a mão para me bater”, acusa.
Segundo Debora, o filho de 10 anos ainda tentou proteger a mãe e acabou sofrendo um arranhão do pai. Depois, o vereador teria segurado a mulher pelo pescoço e pelo braço com força.
Jovino teria dito que, se a mulher não comprovasse a infidelidade até 18h daquele dia, seria mandada embora de casa. Naquela noite, Debora dormiu na casa de uma cunhada, que faria uma cirurgia no litoral.
Medo de denunciar
Debora afirma que Jovino sempre foi agressivo, informação confirmada pelo filho Felipe, de 28 anos. Em 2002, um episódio de violência terminou com um boletim de ocorrência registrado. Porém, ainda não havia Lei Maria da Penha. A relação violenta permaneceu nos anos seguintes, com episódios de agressões verbais e físicas.
“Fiquei em silêncio devido a minha crença e à vida pública dele, e pelos filhos também. Então me calei, sempre fiquei quieta”, lamentou Debora nesta quinta.
Entre o dia 3, data da última agressão, e o dia 26 de fevereiro, quando Debora finalmente registrou boletim de ocorrência contra o marido, Jovino teria retornado à residência do casal diversas vezes para retirar pertences.
No dia 28, o juiz Frederico Andrade Siegel concedeu a medida protetiva. Além de manter distância mínima de 100 metros, Jovino foi obrigado a deixar o lar da família e frequentar por seis meses o programa de atendimento da Secretaria Municipal de Assistência Social a homens envolvidos em violência doméstica.
Jovino e Debora têm três filhos, dois deles menores de 18 anos. Segundo o mais velho, o pai estaria influenciando os filhos menores para ficar com a guarda deles.
“Ele está fazendo alienação parental com os filhos, colocando os menores contra a mãe e o mais velho. Ele está nos usando de alvo para ficar com a guarda”, afirmou Felipe à reportagem.
Felipe e Debora afirmam ter medo de Jovino porque ele teria comprado uma arma de fogo recentemente. A mulher diz que não está dormindo ou se alimentando direito devido ao temor de que algo aconteça a ela ou aos filhos.
Investigação
O caso está sob a responsabilidade da delegada Juliana de Souza Tridapalli. Ela confirmou a investigação à reportagem, disse que ainda não foram ouvidas testemunhas e que o caso está sob segredo de Justiça.
Contraponto
O vereador Jovino Cardoso atendeu um telefonema da reportagem de O Município Blumenau na manhã desta quinta-feira, 7. Ele disse desconhecer as acusações e que precisaria buscar informações primeiro.
Cerca de 30 minutos depois, às 11h10, em nova tentativa, o assessor de Jovino, Josias Camargo, atendeu o telefone celular e informou que o parlamentar estaria em uma reunião e retornaria às 11h30.
Às 11h40, a reportagem fez novo contato. O assessor informou que o parlamentar ligaria em 10 minutos. A situação se repetiu às 11h50. O contato ainda não ocorreu.